Lino Tavares
Não dá para supor – em sã consciência – que algum governante deixe de pagar bons salários a seus quadros de funcionários apenas pelo sádico prazer de ver seus servidores mal pagos. Não que todos os que detêm as rédeas do poder sejam bonzinhos, mas porque remunerar bem a quem presta serviços públicos representa uma forma de dinamizar a qualidade dos serviços prestados, o que, em última análise, resulta em dividendos políticos para quem está no poder, com vistas à reeleição a um segundo mandato ou à passagem do cargo a um sucessor do mesmo partido.
Nessa queda de braço entre o governo Tarso Genro e o Magistério, em que o estado reluta para não pagar o piso salarial nacional aos professores e estes “fincam pé” na consecução desse objetivo, aflora aquela velha discussão que gira em torno de dois verbos da segunda conjugação: querer e poder. A priori, o tesouro estadual não está munido de recursos suficientes para atender, na plenitude, essa justa reivindicação do Magistério, da mesma forma como o governo federal não dispõe de dinheiro para repor as perdas salariais sofridas pelo funcionalismo nas três últimas décadas.
Mas essa incapacidade de pagar bem aos que prestam serviços à coletividade não isenta os governantes, qualquer que seja o nível de poder (federal, estadual ou municipal), da responsabilidade por essa defasagem salarial que se reflete hoje na má qualidade dos serviços públicos. Afinal, são eles que, no afã de se perpetuarem no poder a qualquer custo, criam esses “cabides de emprego”, em forma de ministérios inócuos e órgãos afins, que nada mais são do que dutos canalizadores do dinheiro público, destinado ao pagamento de elevados salários a companheiros de campanha comissionados, que, inúteis nas entrelinhas do poder, não passam de verdadeiros “flanelinahs” da coisa pública.
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Lino Tavares é jornalista diplomado, colunista na mídia gaúcha e catarinense, integrante da equipe de comentaristas do Portal Terceiro Tempo da Rede Bandeirantes de Televisão, além de poeta e compositor
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