José Antônio Karacek
É mania no Brasil, políticos colocarem no papel, intenções e consideram isso como resolvido o problema. Colocam alguns milhões em programa de prevenção e preparação de desastres e pronto, acham que o problema está solucionado. Este dinheiro, na maioria das vezes, desaparece ou é desviado para outros fins, deixando a população despreparadas e desprevenidas dos próximos desastres.
Alias, outra mania no Brasil é não aprender com os desastres. As chuvas acontecem todo ano, na mesma época, são imprevisíveis. E todos os anos é a mesma coisa: enchentes, deslizamentos, desabrigados, mortes. Essas tragédias são anunciadas, mas a surdez do poder público nada faz.
Ninguém planeja e fiscaliza para uma possível prevenção das mortes, pelo menos. Planejar, fiscalizar e prevenir são tarefas básicas e fundamentas que todo governo deveria cobrar das autoridades responsáveis.
As autoridades precisam, com urgência, adotar uma postura mais séria, fiscalizando e proibindo edificações em áreas de risco, deixando de lado o populismo que impede a retirada das construções de encostas e lugares que todos os anos alagam. Mas não. Preferem fazer política com o sofrimento dos outros, falando em investimentos milionários diante de câmeras de televisão, mas quando as chuvas param, tudo fica como está. O dinheiro que foi liberado para ajudar os atingidos, não aparece (ou some), os governos continuam no conforto de seus gabinetes e a população se vira como pode aguardando o próximo ano, a próxima tragédia.
Dinheiro, também, não reconstrói vidas que se foram com águas e lamas, mas pelo menos minimizaria o sofrimento de quem perdeu tudo do pouco que tinha.
PS: O texto acima parece atual, mas foi escrito em janeiro do ano passado. Parece atual, porque todo ano é a mesma coisa e ninguém toma providências. Todo ano, depois das inundações vêm os discursos e promessas de solução dos problemas. Promessas essas que a própria enxurrada leva, e o povo, especialmente aqueles das encostas e morros paulistas, cariocas e mineiros, continuarão com este problema, pois são com desgraças assim, que os mandatários aproveitam das verbas disponibilizadas para a solução do problema para enriquecerem ainda mais. Parece até replay…