SERÁ?
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Massucatti Neto
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Tivemos nos últimos meses uma série de manifestações, as quais tiveram seu estopim acesso pela tentativa dos governos municipais de aumentarem a passagem, depois disso vários foram os motes para comoção social. Em Brasília uma memorável imagem que ficará nos anais da história, milhares de pessoas tomaram o Senado, milhares foram as ruas em São Paulo, Rio, Minas e outras cidades e para alegria do povo e felicidade geral da nação a passagem abaixou…Vitoria afinal! Dirão vocês, mas não a luta, a luta não acabou, outros motivos tivemos para a mobilização. A melhoria do sistema de saúde, a melhoria do ensino público, melhoria da segurança pública e por vai, tanto que nossa presidente em um ato de coragem veio a público e propôs mudanças, imaginem vocês, um plebiscito para serem feitas as mudanças no sistema políticos brasileiro, quanta coragem! Nossos representantes ouviram as vozes das ruas e se empenharam em votar leis a décadas emperradas nas engrenagens da burocracia e dos interesses escusos, os gastos públicos foram escancarados para o conhecimento geral e as contas dos deputados e senadores foram racionadas para apenas gastos frugais essenciais, como diria Panglos esse é o melhor dos mundos possíveis. Melhor mas irreal.
A presidente Dilma após ouvir o povo veio a público e em alto e bom tom defendeu um “plebiscito que autorize o funcionamento de um processo constituinte específico para fazer uma ampla e profunda reforma política, que amplie a participação popular e amplie os horizontes da cidadania”. Oras mas isso não foi sempre a propaganda do Partido da Excelentíssima Dilma, ou era só propaganda? Os nossos representantes mais ilustres das casas mais importantes do nosso governo, se envolveram em escândalos com uso de aviões em assuntos particulares, e o pior acharam normal! Manifestantes foram rechaçados violentamente durante os jogos da copa das confederações, pois apesar de nos chamarmos de nação soberana ou dobramos nossos joelhos ante as exigências externas ou a copa não é nossa, mas o gasto sim. O que mudou? Para que serviram essas manifestações, para nada?
Aliás, serviram para que vândalos roubassem e destruíssem o patrimônio alheio e público enquanto o estado se mantinha margem do problema com medo da repercussão, com medo dos comentários de ancoras de jornais sensacionalistas, com medo dos representantes dos direitos humanos, apenas depois do caos deflagrado, apenas depois dos danos, dos prejuízos ele se mexeu, ficando o cidadão a mercê da turba e entregue à própria sorte. Alguns dirão, como ouvi, que foi uma manifestação espontânea das massas, do povo, comentaristas de jornais vespertinos usando de um ufanismo vazio e nitidamente comercial, poderão dizer que o povo cansou, que o povo veio as ruas para mudar, os caras pintadas de ontem se encontram com caras pintadas de hoje para mudar o Brasil, e mudaram em vinte centavos.
Tivemos sim a chance de realmente mudar o Brasil, tivesse a sociedade consciência da sua força, tivesse o povo real ideia do seu poder, mas como sempre nos contentamos com pouco, vinte centavos. O movimento passe livre, que em seus princípios se diz autônomo, apartidário e horizontal, entre outras coisas, que luta a anos pelo direito de ir e vir livre do cidadão teve a chance de fazer mais, de forçar o governo, mobilizar outros movimentos, mas se contentou com vinte centavos.
Hoje vejo que está tudo como antes, cento e dezoito milhões gastos com a visita de um representantes religioso, isso porque nós dizemos uma nação laica, no Rio apenas onde o ilustre Francisco vai passar foi maquiado, o resto é, como dizer, resto. Pergunto: onde estão os caras pintadas, é pecado reclamar só porque é o Papa?
Esse movimento entrará para a história como a manifestação dos vinte centavos, que levou do nada a lugar nenhum. Pois vocês acham que esses vinte centavos, essa “vitória”, vai sair de graça? Da com a direita e tira com a esquerda, isso vai sair caro para o povo, bem caro, aliás já saiu, pois vimos que no gancho dessa marcha pelos vinténs movimentos mobilizados por empresários se aproveitaram para lucrar, vide a paralisação dos caminhoneiros.
Dizem que a voz do povo é a voz de Deus, será?
