José Namboretti
O manifestante talvez queira repudiar a mesmice que se arrasta desde a independência do país da metrópole portuguesa. À época, vários intelectuais reclamavam da falta de oportunidades. Que tal se a província fosse independente, um país separado do reino português? Ótimo alguém tivesse dito. E com muitos pesares a província se desmembrara. Entretanto quando isto aconteceu esqueceram-se de gozar a independência, distribuindo os benefícios a to dos. Talvez os novos dirigentes do novo país gostassem de continuar com os mesmos regimentos da metrópole, afinal a colheita de tributos dessa vez beneficiaria o cidadão local.
A independência aconteceu, mas alguém se esqueceu de alertá-los que o país agora podia seguir com novas modalidades. Talvez os novos governantes gostassem de receber sem retribuírem por aquilo que recebiam. Esqueceram das promessas. Continuaram a viverem como província ultramarina até hoje. As universidades públicas continuam servindo a elite. A saúde pública continua daquele jeito, sem médicos, sem equipamentos adequados.
Talvez os movimentos que se mobilizam para ocuparem as praças públicas de forma pacífica sejam para chamar atenção. Alertarem de que o paciente não aguenta mais viver anestesiado, afinal ninguém merece viver a base de remédios.
Quando se olha notícias sobre a colheita dos impostos percebe-se o quanto de dinheiro foi recolhido: trilhões. Isso todos sabemos. O que pouco se divulga e se sabe é o destino de todo esse montante. O grito de repúdio fica entalado na garganta de cada um dos pagantes dos impostos para perceber a ausência de benefícios em troca da contribuição tributária.
Diante desse descaso das autoridades o povo vai às ruas para pacificamente soltar o grito que por muitos anos ficou entalado na garganta de todos. Assim, a força do povo se converte em força do vento. Ele é capaz de mudar o percurso sem aviso, sempre que alguém tentar erguer muro de contenção.
O governo demonstra sua fraqueza ao tentar erguer muro de contenção através de apresentação de projetos expeditos. Crédito nenhum pode haver nesse momento. O governo não se inicia hoje, ele já existia muito antes e como ninguém se mobilizava proposta nenhuma havia. Agora não me venham com choraminhices para apresentação de projetos salvadores de mandato.
Não há como segurar a força do vento! Quando o povo quiser, forçará as mudanças drástica que disponibilize a ciência e tecnologia à serviço do cidadão pagante dos impostos. O governo abrirá as universidades públicas para todos, sem artifícios. Os hospitais contarão com toda a infraestrutura necessária para atender os pacientes.
Talvez os tempos estejam próximos. Ao invés de correrem para apresentarem propostas expeditas, correrão para deixarem o governo, por não conseguirem governar.
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Obs.: O presente artigo de José Namboretti, foi enviado por nosso amigo Geraldo Davambe