Massucatti Neto
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Ou é o Deus do me dá sua graça, ou é o Deus do me perdoa, algumas vezes é o Deus do cumpra-se sua vontade e em vários momentos o do faça justiça. É o Deus meu pai, meu criador, meu guia e em vários momentos de aflição o Deus do me acuda ou do me proteja.
Para os hindus é o Deus que se tornou vários deuses, para os judeus é o Deus da promessa da terra prometida, para os muçulmanos é o Deus da guerra santa, para os cristãos é o Deus que se dividiu em três, para os espiritas é o Deus da evolução, para os budistas é o Deus do desapego e para os ateus é o Deus que não existe.
Desde que o homem tomou consciência sobre si mesmo, a partir do momento que ele se identificou como individuo começaram as perguntas: “Quem sou, para onde vou e da onde vim?”, desse ponto para tentar dar uma explicação divina as coisas que via na natureza foi um pequeno passo, então surgiram os Deuses do trovão e do raio, os deuses dos ventos e da chuva e assim para cada coisa e fenômeno da natureza havia uma divindade. Porém o homem era a criatura mais inteligente, criadora e modificadora do meio à sua volta, portanto ele não foi criado do mesmo material das criaturas, sendo assim deveria haver um Deus superior a todas as coisas naturais e sobrenaturais que o criou e obviamente esse Deus deveria ter a imagem e semelhança do homem.
Tendo o homem um talento natural para criar inimigos seria natural que Deus tendo sua imagem e semelhança tivesse um antagonista, assim surgiram os demônios dos quais apenas Deus poderia proteger os homens de sua malevolência. Mas Deus era supremo e tinha uma agenda cheia, não teria como ouvir todos os seres humanos e é claro que nem todos teriam a capacidade de entender seus desígnios, para tanto alguns iluminados surgiram, foram os primeiros sacerdotes e profetas, eram eles que intercediam e pediam a proteção de Deus, eles entendiam os sinais e ouviam as palavras de Deus.
Mas como querer que Deus atendesse os vários pedidos do homem de graça, se tudo no mundo tem uma contrapartida? Primeiro foi decidido que o homem o adorasse sobre todas as coisas, depois ficou claro aos sacerdotes e profetas que ele se agradava que fossem dados seus melhores animais em holocausto.
Assim o homem aproximou-se de Deus. E assim o homem caçou o homem em nome de Deus, e assim o homem julgou o homem em nome de Deus, e assim o homem matou o homem em nome de Deus, foi quando Deus cansado de ver a morte em seu nome mandou alguém. Esse alguém disse pouco e tão sabiamente, que se todos os compêndios e tratados sobre ele escrito fossem queimados, bastava que se salvasse apenas um trecho de suas palavras que a humanidade seria melhor: “amar a Deus sobre todas as coisas e o seu próximo como a si mesmo…”
Mas o homem não podia admitir que tudo que ele estudou, criou e teorizou sobre a natureza divina se resumisse a simplesmente isso, então ele substancializou, dividiu na unidade e em um ato supremo militarizou suas palavras. E em um novo ciclo ele caçou o homem, julgou o homem e matou o homem. Deus bem que tentou mandar outros, mas o homem é astuto e caçou seus mensageiros, matando alguns e outros calando mas de todos a mensagem deturpando.
Para o homem não bastava apenas intermediar a vontade de Deus então ele começou a questionar Deus, então de criatura ele passou a se julgar criador e se julgando supremo decidiu que tudo ao seu redor ele criava independente de Deus, outros acreditavam que de vida em vida alcançariam Deus, já outros acreditavam que se tornariam Deus, haviam também aqueles que acreditavam que seguindo os dogmas iriam direto para o lado direito de Deus.
É logico que com o tempo e a modernização o homem descobriu que Deus, se devidamente pago e alimentado com fanatismo, podia dar casa, carro, dinheiro, saúde e até o parceiro certo para quem acreditasse e se entregasse, assim Deus virou cartão de credito divino, capaz de tudo conseguir. E as orações, pedidos e suplicas eram gritadas a Deus, pois era claro que Deus ouviria quem mais alto clamasse, muros que deveriam servir como exemplo da arrogância humana são serviço de correio divino, onde bilhetes são enviados a Deus.
Eu não sei realmente o que Deus quer, pois cada frase, cada dogma, cada mensagem tem sempre a visão humana, todos estão certos, todos tem razão. Ou será que todos estão errados? Mas uma coisa eu sei, Deus não quer o homem traindo o homem, Deus não quer o homem matando o homem, principalmente em seu nome.