Aprender a ler, dizem, é mais fácil do que aprender a escrever. Isso porque a informação, os signos, estão ali prontos. Tudo o que você precisa fazer é decodificar o que está no papel – ou no iPad, iPhone, iQualquercoisa, do jeito que a tecnologia anda nunca saberemos. Juntar as palavras é encontrar um significado que é comum no dicionário para todas as pessoas. Texas Hold’em é uma modalidade de se jogar o poker. Carteado é um tipo de jogo cujo objeto são cartas. Havaí é uma ilha no Oceano Pacífico. E assim sucessivamente. Em outras palavras, há uma receita básica para se ler – e essa receita é ensinada nas escolas.
Todavia, não há propriamente uma receita para ser um escritor. Nas escolas ensinam como juntar palavras para criar um significado objetivo. No Ensino Médio, exaustivamente ensina-se a dissertar. Mas não há como ensinar a criação literária.
A criação literária se faz de duas formas: inspiração e expiração. Não, não falo do movimento respiratório realizado por seu diafragma. Falo do processo criativo que todo escritor tem de passar para colocar caracteres no papel.
A inspiração é o momento no qual o texto ganha sua matéria-prima. Não está tudo lá de forma ordenada como nos é ensinado na infância naquela receitinha que falamos acima. Primeiro aparece a ideia. Depois, a ideia cria pontes entre seus elementos constitutivos. Nada está ordenado. Por exemplo, um texto jornalístico sobre um jogo de futebol. A criação dele se dá primeiramente em nossa mente criativa – é só depois, quando ele é escrito, que o jogo de futebol se materializa na mente de possíveis leitores .
Quanto à expiração, ela é justamente essa materialização que disse. A expiração é o momento que o escritor tem de pensar: como meu texto/mensagem será recebido? Quem será o meu leitor? Qual objetivo quero atingir com este texto? Em outras palavras, a expiração acaba por ser os ajustes que temos de fazer à ideia inicial de nossa mente para que ela chegue como queremos à mente alheia.
Escrever é isso: passar mensagem. De modo sucinto, para que o raciocínio fique menos complexo, escrever é colocar nossa ideia na cabeça de outra pessoa. Viram? Neste parágrafo realizei esse método. A ideia inicial parecia muito complexa. Para adaptar a ideia complexa (criada no bojo de nossa mente, com nossas individualidades) a todos os leitores possíveis, seja uma criança de 10 anos ou uma pessoa com doutorado em linguística, a habilidade de sintetizar ideias para que elas sejam recebidas pelo maior número de pessoas o possível (nossa mensagem à mente alheia) foi utilizada.
E é exatamente por isso que não se pode ensinar como escrever nas escolas. Não se fala de escrever enquanto habilidade técnica de se colocar signos numa folha de papel; Mas, sim de transmitir ideias, mensagens e conceitos por meio desses signos. Escrever é transmitir para a outra pessoa o que está dentro da sua cabeça. A boa escrita, parafraseando Goethe quanto à leitura, nada mais é do que a arte de desatar nós cegos.
Escrever….desde dos tempos mais remotos das cavernas passando pelo cuneiforme, hieroglífico e chegando aos dias atuais o homem sempre buscou uma forma de fazer seus pensamentos se tornarem mais do que apenas lembranças ou pegadas na areia do tempo apagadas pela maré da historia, a escrita e algo tão individual a cada povo e nação que apenas na língua portuguesa temos a palavra saudade, herança dos nossos lusos ancestrais, estudos mostram que áreas especificas do cérebro trabalham de forma tão peculiares que o ato de escrever ainda é uma das atividades humana mais curiosa e cercada de mistérios que se apresentou a ciência, tanto que a escrita ideogramática dos chineses e japoneses comprovadamente ativam partes diferentes do cérebro em relação a escrita ocidental.
Parabéns Giba sempre muito bem em seus artigos.