Lino Tavares

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         Quando a Suprema Corte anunciou a condenação dos réus do mensalão, não vi nesse ato nada que pudesse me deixar otimista em relação à possibilidade de uma mudança de rumo da “Nau Brasil”, que ora navega à deriva no mar turbulento da ‘desgovernança’ e da corrupção. Nem os arroubos quixotescos do Ministro Joaquim Barbosa, encenando impiedade aos réus, conseguiram me causar um mínimo de entusiasmo, pois não acredito em mudança de mentalidade da noite para o dia, principalmente em se tratando de marmanjos de cabeça feita que se locupletam nas benesses do poder. Não consigo fingir que não me dou conta de que “Dom Quixote Joaquim” foi levado a ocupar uma cadeira no STF pelas mãos sujas de  Luiz Inácio Lula da Silva, que o indicou para o cargo.  Isso por si só já seria motivo suficiente para duvidar de sua sinceridade de propósitos. Afinal, ninguém é  amigo de bandido impunemente. Como se não bastasse, o suposto “algoz dos mensaleiros” tem em seu histórico o fato de haver votado pela permanência no Brasil do ativista assassino Cesare Battisti, mesmo sabendo tratar-se de um fugitivo condenado à prisão perpétua na Itália, que havia ingressado no Brasil com passaporte falso, burlando a vigilância da diplomacia brasileira.
Suprema Corte

É possível que alguém ache que estou sendo injusto com o ministro Joaquim Barbosa que, aos olhos de muitos, afigura-se como alguém que “fez das tripas coração”, para levar a bom termo a decisão que culminou com a condenação dos chamados “mensaleiros”. Só que essa condenação teve como finalidade principal desfigurar a tese de que neste país não se punem figurões do crime do colarinho branco. Por outro lado, todos os ministros do STF sabiam – inclusive Joaquim Barbosa – que nos escaninhos da Suprema Corte jazia uma ‘letra morta’ chamada “Embargos Infringentes”, plenamente ressuscitável, posto que ninguém havia assinado seu ‘atestado de óbito’, talvez até de caso pensado, para que essa ‘carta guardada na manga’ pudesse ser usada,   como foi agora, livrando de ir para a  cadeia quem já deveria estar lá há bastante. tempo.

Quem assistiu às duas horas de depoimento do ministro Celso de Mello, tentando vender a ideia de legitimidade do abominável recurso que dá sobrevida a 12 réus do mensalão deve ter percebido a total apatia dos demais colegas da Corte, inclusive do irrequieto Joaquim Barbosa, que não esboçaram o menor gesto, no sentido de contraditar as xurumelas de quem ‘advogava’ a serviço do “crime organizado”, da “formação de quadrilha” e do “assalto canalha” aos cofres do tesouro nacional.

     Mas, com um pouco de bom humor, em consonância com o dito popular “rir para não chorar”, dá até para dizer que nem cadeia os patifes “pistoleiros de aluguel” do impune “mandante do crime”, Lula da Silva, faziam por merecer. Afinal, sábio é o provérbio que diz que “cadeia foi feita para os homens e não para os cachorros”.  Finalmente, a julgar pela ‘libertinagem jurídica’ que se instalou no mais alto escalão da Justiça brasileira, não estará cometendo ‘ato falho’ quem chamar nossa atual Suprema Corte de Suprema, Suprema “Cortesã”.

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