Que chuva forte caiu neste final de tarde aqui em Porto Alegre!
Se, por um lado tomamos um banho, molhamos o calçado, encharcamos o jeans, por outro, parece que o verde fica mais verde, o ar penetra nas narinas com cheirinho de relva e ainda acrescentamos à chuvarada, inúmeras recordações.
Barquinhos de papel … arco-iris … jogar bola na chuva … se molhar à toa e feliz!
Lá, bem ao fundo, nossa mãe gritava para que se entrasse em casa imediatamente e a gente não obedecia, porque ela não tinha noção do quanto era bom se molhar, correndo nas poças d´água.
A gente sabia sorrir naquela época de gurizada na chuva!
Hoje vem o medo da gripe, do carro passar e dar um banho, a agonia de ficar molhada, do guarda-chuva quebrar, do cabelo escorrido e molhado, de alguém passar por ti e te ver como um pinto encharcado.
Quanta coisa boa a gente deixa de fazer nesse enfadonho século vinte e um, época das aparências, da intempestiva prevenção e precaução.
Se molhar à toa e feliz… isto foi para os ‘Bons’ nos tempos de Topo Gigio.
Bons de espírito…
Bons de leveza…
Bons que renovavam, à cada chuvarada, sua quota de bem viver.
Baita tempo aquele…
Eu, mesmo com 57 anos, me permito voltar para casa toda molhada e feliz.