Lino Tavares
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O meio artístico perdeu Miltinho, que faleceu dia 7 deste mês no Rio de Janeiro, aos 86 anos, um dos mais ecléticos cantores da MPB.
Foi um sambista por vocação, pois nasceu ‘pandeirista’, chegando a ter 50 pandeiros em casa, como conta em uma entrevista. Contudo, revelava aptidão para cantar com muito estilo em qualquer ritmo. Dono de uma voz límpida e bem pausada, destacava-se de forma peculiar cantando nos palcos, na televisão e no cinema, sendo possuidor de um estilo próprio de marcar os graves e agudos das melodias que interpretava com uma forma sui generis de expressão vocal.
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No elenco de sua versatilidade, fez dueto com quase todos os grandes nomes de sua época, de Dóris Monteiro a Chico Buarque.
Entre seus vários sucessos sucessos, “Mulher de Trinta” foi um dos que mais figurou nas paradas. Além de ser uma música bela e bem ritmada caiu logo na preferência popular, por representar uma forma de valorização da chamada “trintona”, maneira pejorativa que alguns usavam para definir mulheres que chegavam à casa dos trinta anos, principalmente as solteiras, que então eram chamadas de balzaquianas, “titias” ou coisa assim. Hoje todos reconhecem que mulher de 30 anos é apenas uma jovem experiente.
Seu nome de batismo era Milton Santos de Almeida, tendo nascido no dia 31 de janeiro de 1928, no Rio de Janeiro. Antes da carreira solo, na década de 1940, fez parte dos grupos vocais “Cancioneiros do Luar”, “Namorados da Lua”, “Anjos do Inferno” (no qual dividiu palco com Carmem Miranda, nos Estados Unidos), “Quatro Ases e Um Coringa” e “Milionários do Ritmo”. Lançou o primeiro disco solo em 1960, intitulado “Um Novo Astro”, a partir do que tornou-se ícone do samba teleco-teco e de várias canções românticas.
Os 85 anos de Miltinho – Musicograma
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