Lino Tavares
..
Se me pedirem para eu definir com uma frase a execução da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro, eu direi simplesmente: “Bem pode ter sido um “holocausto” praticado pelas organizações criminosas associadas (chefes de quadrilha e extrema esquerda) para dar voz e vez aos que se sentiram sufocados pela intervenção federal no estado fluminense”. É claro que isso não é uma afirmação categórica, pois para considerá-la assim eu teria que ter dados concretos acerca do que estou supondo aqui, à luz do que me é dado concluir com bases nas evidências que me saltam aos olhos.
..
..
Sem força coercitiva para peitar a intervenção que, bem ou mal, reduz drasticamente as ações do crime organizado no Rio, seus agentes principais (chefes de facções, políticos corruptos e policiais bandidos) teriam de encontrar um meio de passar à opinião pública a ideia de que a força-tarefa do governos federal, integrada por militares das forças armadas e polícia carioca, estaria disposta a cobrar caro, inclusive com execuções sumárias clandestinas, aqueles que ousassem se opor à presença das tropas federais nas ações de combate ao crime no Rio de Janeiro.
Para conduzir a bom termo esse raciocínio, dano-lhe um sentido razoavelmente lógico, coloco em voga três perguntas e três respostas que praticamente matam a charada, pelo menos entre os que, isentos do ranço ideológico e dos arroubos hipócritas do politicamente correto, preferem usar a luz da razão para chegarem à verdade cristalina. Vamos às indagações.
1 – Que partido entrou com uma representação no STF, pedindo a anulação da intervenção federal no Rio de Janeiro ? O PSol.
2 – A quem interessa o êxito desse pleito junto à Suprema Corte ? Às facções criminosas do Rio de Janeiro.
3 – A que partido pertencia a vereadora Marielle Franco, executada no Rio de Janeiro ? Ao PSol.
Isso posto, não é difícil imaginar que toda essa pirotecnia orquestrada em torno desse assassinato com cara de execução destina-se a insinuar que, pelo fato de o partido da vereadora assassinada ter representado contra a intervenção federal no Rio, as “forças opressoras” que a representam teriam mandado executar Marielle Franco como um recado a todos quantos se opuseram a essa iniciativa de enfrentamento ao crime organizado, dando a entender que poderão ter um destino semelhante ao da “heroína sacrificada”.
Diante desse quadro, não é descartável a hipótese de que entre os discursos mais inflamados na cerimônia fúnebre de Marielle Franco tenha figurado o principal mandante do crime e quem sabe até o próprio autor dos disparos.
Não se pode esquecer que nas exéquias do executado prefeito Celso Daniel, corruptos do PT, depois suspeitos da prática criminosa, eram os que mais clamavam por uma ação policial rigorosa no sentido de apurar os envolvidos na morte do companheiro “descartado” como queima de arquivo.