É preciso investir em prevenção para evitar altos custos no transporte de mercadorias danificadas

Por Daniel Lins

Nos últimos anos, o setor logístico tem ganhado uma importância cada vez maior na nossa economia. E não é para menos, pois o segmento garantiu uma forte movimentação de cargas, seja no escoamento de mercadorias para as mais diversas regiões brasileiras ou mesmo na importação de artigos do Exterior e na exportação de produtos brasileiros. Prova de todo esse cenário foi o resultado da balança comercial do país, que registrou um superávit de US$ 58,3 bilhões só no ano passado. Ou seja, trata-se do segundo melhor desempenho desde 1989.

Esse contexto amplamente positivo mostra com exatidão como o comércio e, consequentemente, o transporte de mercadorias se tornaram bastante lucrativos no Brasil. A situação favorável tem atraído mais investimentos estrangeiros na área logística brasileira, de acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT). Só no ano passado, o setor recebeu US$ 3,02 bilhões. O valor é 5,7% maior se comparado com o ingresso bruto médio anual para esse ramo registrado entre 2010 e 2017.

O montante de US$ 3,02 bilhões investido no setor de transportes compõe os US$ 20,81 bilhões direcionados pelas empresas do Exterior à área de serviços. O segmento logístico está inserido na categoria de serviços dentro da pesquisa de investimentos elaborado pela CNT. Para 2019, a confederação acredita que haverá um novo crescimento de recursos do Exterior porque essa tendência favorável é notada nos últimos quatro anos pela confederação.

Outro dado interessante que evidencia o momento do setor é o movimento de cargas no setor portuário. Os portos brasileiros apresentaram um crescimento de 2,7% no escoamento de produtos em 2018, ante o ano anterior. A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) mostra que ocorreu a movimentação de 1,117 bilhão de toneladas de cargas nos terminais públicos e privados.

Por essas e outras informações positivas, seria possível deduzir que o desempenho da área logística vai muito bem, obrigado. Mas nem tudo são flores nesse ramo. Apesar de o cenário apontar um caminho bastante favorável, alguns problemas ainda atormentam muito o setor. Um dos principais transtornos é a preocupação com os danos físicos às mercadorias transportadas, que geram altos custos às empresas do setor.

Quem acompanha o ramo logístico sabe muito bem que a possibilidade de avarias no transporte das encomendas, como rasgos, amassados e riscos, é muito grande no Brasil. Os tais danos às mercadorias podem acontecer em qualquer uma das etapas, como na transação de estoque ao veículo, na embalagem, no deslocamento e na entrega da encomenda. E esse risco se torna em uma iminente ameaça, pois 60% das cargas escoadas dentro do país são transportadas pelas rodovias. A mesma CNT que aponta aumento nos investimentos estrangeiros na área logística também destaca uma triste estatística: 57% dos 107.161 quilômetros de estradas brasileiras estavam em condições regulares, ruins ou péssimas em 2018.

A tal situação evidencia que as pistas por onde passam boa parte dos produtos responsáveis por atender a nossa economia estão em más condições de conservação. Consequentemente, a probabilidade de a carga sofrer sérios danos aumenta significativamente para o desespero do setor logístico brasileiro. Afinal de contas, um produto danificado gera custos às empresas e o risco de não ser reembolsado pela seguradora pode aumentar ainda mais o prejuízo.

Mas os transtornos não param somente nas avarias dos produtos. Ainda existem outros custos ocultos ao olhar dos clientes, que podem avançar nas companhias, geradas pelos danos causados nas mercadorias. Um deles acontece no tempo gasto no momento de registrar manualmente um sinistro e um pedido de reembolso junto à seguradora.

Nesse caso, a pessoa leva de duas a três horas para justificar, suportar ou argumentar a referida solicitação motivada pelos danos constatados no produto. Dessa forma, esse registro manual do sinistro acaba refletindo em custos para a empresa transportadora no tempo perdido com a apresentação da documentação necessária para a seguradora

É importante apontar que as mesmas despesas, no entanto, não incidem nas outras tarefas necessárias após as avarias serem descobertas. Nessa lista, estão o acompanhamento da transportadora, fazer outra embalagem no produto danificado para o envio de volta, a classificação da mercadoria avariada, procura por cotação de reparos ou substituição da mercadoria e gerenciamento do cliente que aguardava a encomenda.

Outro custo embutido na situação é com o armazenamento. Por conta da grande incidência dessa natureza, muitas transportadoras mantêm depósitos maiores que o necessário, com espaços usados tanto para guardar mercadorias em perfeitas condições quanto os produtos danificados. Com menos ocorrências de avarias, as empresas conseguiriam administrar galpões menores e, assim, reduzir despesas com aluguel, tarifas de luz e de água, IPTU e as relacionadas para descartar o produto danificado.

Além disso, o fato de assumir a responsabilidade pelos danos na encomenda verificados no ato de entrega também proporciona altos custos às transportadoras. Muitas delas optam por arcar com despesas nesse sentido para não perder o cliente insatisfeito com a situação por não receber o produto conforme esperado.

Diante de todos esses motivos enfrentados com frequência, já está mais que na hora do setor rever conceitos num esforço de mudar seus processos e, assim, superar as constantes dificuldades por causa de mercadoria danificada. A maior maneira de evitar os custos gerados por essas avarias é por meio da prevenção em todas as etapas do transporte da encomenda. Isso é possível de se aplicar em todos os tipos de modais, como ferroviário, rodoviário e até mesmo aéreo.

As empresas do setor são capazes de prevenir possíveis danos na encomenda com a utilização da tecnologia disponível para inspecionar minuciosamente todas as etapas do transporte. Elas são o armazenamento da mercadoria, a carga no veículo responsável pelo escoamento, o deslocamento e a descarga no local de entrega. Exemplo disso é um sistema com um aplicativo e uma plataforma em nuvem que permitem o armazenamento e compartilhamento de imagens.

As fotos são tiradas em cada fase do processo logístico para criar evidências e provas de que a mercadoria está em perfeito estado desde a saída do armazém até a entrega ao cliente. O monitoramento reduz a incidência das temidas avarias. Já as imagens ficam armazenadas de forma segura na nuvem por um período de três anos.

Além disso, a possibilidade de fraudar ou modificar essas imagens depois de serem feitas é nula porque o sistema utiliza o patamar de segurança emblockchain. Isso deixa comprovado que as inspeções não conseguem ser alteradas. A partir daí, as empresas do setor também conseguem mapear as ocorrências históricas para entender onde e em quais etapas surgem os problemas que propiciam os danos à mercadoria.

Com base nisso, as companhias podem eliminar os transtornos a tempo. Dessa maneira, os impactos serão muito favoráveis ao setor logístico. Além da redução drástica dos custos gerados pela mercadoria danificada, a redução da incidência de avarias também irá impactar nos valores dos seguros dos produtos transportados. Assim, as empresas não só resolverão um problema habitual registrado no segmento, como também deixarão suas operações mais eficientes, tanto do ponto de vista técnico quanto nas questões financeiras.

Daniel Lins é co-Founder e VP Latin America da CargoSnap

Informações à Imprensa

Vinicius Cordoni

Renata Rosa
renata@viniciuscordoni.com
(11) 99432-5186

 

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