Já faz algum tempo que o consumo de drogas está fugindo do controle de pais e autoridades e isso não acontece apenas aqui no Brasil, mas em muitos países.
O trafico de drogas é a ponta do iceberg da criminalidade. ele fornece subsídios para outros crimes, como o contrabando de armas, extorsão, seqüestro e assalto.
A estrutura é gigantesca envolvendo uma conexão internacional onde não escapa nenhuma cultura.
Para que você entenda a estrutura vou descreve-la de forma simplificada.
O tráfico internacional em alta escala teve seu inicio na década de 70, na década de 80 teve um grande impulso devido a crise econômica mundial daquela época. O narcotráfico por não ter controle fiscal e não pagar impostos acaba gerando um capital livre que entra no mercado gerando de maneira mágica o que se chama de capital de giro dos mercados, já que a lógica destes e meramente especulativa.
Como o volume de dinheiro envolvido é grande, ha a necessidade de se lavar este dinheiro para que ele se torne legal. É neste ponto que aparecem as empresas e bancos que de forma ilicita fazem este serviço.
A maior parte dos entorpecentes é produzido em países da América do Sul, Sudeste Asiático e Oriente Médio, entrando nos países consumidores através de contrabando. Há também a troca de entorpecentes. Um país que produz muita cocaína troca parte desta droga por outra que é fabricada em maior quantidade por outro país.
Para que este processo seja viável, os traficantes de vários países mantém contato, via telefone, e-mail, cartas e/ou representantes. É neste contato que se negociam prazos, qualidade, quantidade e valores.
Depois de negociar a mercadoria, esta tem que ser entregue. É nesta etapa que são contratados os transportadores que levarão as drogas por via terrestre, marítima ou aérea.
Para garantir que a droga chegue ao seu destino são contratados seguranças. estes seguranças muitas vezes são policiais que recebem propina de alto valor para fazerem escolta, avisarem sobre operações polícias prevenindo os criminosos e frustrando as possíveis prisões. também fazem parte deste esquema agentes portuários e alfandegários, entre outros.
Resolvido os problemas de transporte vem a questão da segurança do ponto de venda, pois este lugar pode ser invadido tanto pela polícia como por traficantes concorrentes. Para resolver esta questão entram em cena os traficantes de armas que vendem ilegalmente qualquer tipo de armamento aos narcotraficantes. Também fazem parte desta operação policiais corruptos que desviam armas apreendidas e as vende para os narcotraficantes.
A estrutura de segurança, além dos polícias corruptos que mantém o traficante informado sobre as operações polícias, conta com os sentinelas, chamados de soldados, que ficam em locais estratégicos, fortemente armados, vigiando as entradas do morro. Há crianças que ficam brincando em locais mais periféricos da favela com a função de alertar os traficantes de qualquer movimentação da polícia. Este aviso pode ser através de rádios comunicadores ou através do disparo de rojões.
A maioria dos traficantes de drogas se aloja em favelas, por ser um local onde o acesso da polícia é dificultado pela estrutura rudimentar e por causa da pobreza a população local é facilmente subjugada, seja por medo ou pelo deslumbre da facilidade de se ganhar dinheiro através das drogas.
Feito todo o caminho até o narcotraficante, a droga tem que ser preparada para o comércio varejista. os traficantes contratam mão de obra local para diluir a droga, separa-la e acondiciona-las em pequenas embalagens que serão utilizadas como paramento na venda ao consumidor final.
O resumo da extrutura:
– Soldado: é o traficante que anda armado dentro da favela e protege os pontos de venda, conhecidos por alguns como “boca de fumo”. Ele geralmente mora no morro
– Boca-de-fumo ou ponto de venda: é o local dentro do morro ou da favela onde os traficantes passam a droga para os distribuidores
– Vapor: é o morador do morro que vende a droga na boca-de-fumo. Ele também faz entregas na estica
– Estica: é um posto avançado das bocas-de-fumo da favela no asfalto. Os moradores das redondezas ficam na estica e revendem a droga vinda do morro
– Formiguinha: é o microtraficante que compra pequenas quantidades e revende aos amigos nos bares, academias e escolas. Com o pequeno lucro, custeia o próprio vício
– Disque-drogas: o serviço é bancado pelo traficante autônomo, que compra nos morros boas quantidades, com maior grau de pureza. Ele entrega o produto por meio de motoboys e entregadores de pizza
– Quiosques: além de água-de-coco e refrigerantes, vendem entorpecentes e servem de ponto de contato entre os consumidores e os formiguinhas
– Fume-táxi: motoristas de táxi utilizam os carros para entregar drogas em pontos chiques da cidade
Outros passos da comercialização.
Existem nesta etapa os que trabalham como mulas, transportando as drogas já devidamente embaladas. Este fazem verdadeiro malabarismo afim de burlar a vigilância da polícia, guardando as drogas nos lugares mais inusitados, como fraudas vestidas em crianças, como enchimento em barriga de mulheres, fazendo parecer que elas estão grávidas e ainda tem os chamados “mulas”, que engolem os pacotes com drogas e depois ao chegar ao seu destino, tomam laxante para ajudar expelir a droga.
Mas a grande força do tráfico esta em seus consumidores, que podemos dividir nos seguintes subgrupos:
Os que roubam e assaltam para ter dinheiro para a aquisição da droga. estes são geralmente pobres e na maioria dos casos desempregados ou com sub empregos.
Os que compram com parte de seus salários, mas estes são a minoria.
E os maiores patrocinadores, os consumidores da classe média, aqueles que tem uma boa renda financeira e compram drogas simplesmente para se sentirem os reis da cocada preta. O mais engraçado é que muitos destes costumam fazer parte das passeatas anti corrupção e antiviolencia, como se eles não fosse co-responsáveis por toda a violência que os cerca.
As drogas provocam alterações psíquicas e físicas a quem as consome e levam à dependência física e/ou psicológica. Seu uso contínuo geralmente traz conseqüências físicas psicológicas e sociais muito sérias, podendo levar à morte em casos extremos. É o que se chama overdose.
A ação que exercem sobre o sistema nervoso central podem ser depressoras, estimulantes, perturbadoras ou, ainda, combinar mais de um efeito.
Depressoras – Substâncias que diminuem a atividade cerebral, deixando os estímulos nervosos mais lentos. Fazem parte desse grupo o álcool, os tranqüilizantes, o ópio (extraído da planta Papoula somniferum) e seus derivados, como a morfina e a heroína.
Estimulantes – Aumentam a atividade cerebral, deixando os estímulos nervosos mais rápidos. Excitam especialmente as áreas sensorial e motora. Nesse grupo estão as anfetaminas, a cocaína (produzida das folhas da planta da coca, Erytroxylum coca) e seus derivados, como o crack.
Perturbadoras – São substâncias que fazem o cérebro funcionar de uma maneira diferente, muitas vezes com efeito alucinógeno. Não alteram a velocidade dos estímulos cerebrais, mas causam perturbações na mente do usuário. Incluem a maconha, o haxixe (produzidos da planta Cannabis sativa), os solventes orgânicos (como a cola de sapateiro) e o LSD (ácido lisérgico).
Drogas com efeito misto – Combinam dois ou mais efeitos. A droga mais conhecida desse grupo é o ecstasy, metileno dioxi-metanfetamina (MDMA), que produz uma sensação ao mesmo tempo estimulante e alucinógena.
Drogas e doenças infecciosas – O uso comum de seringas para a injeção de drogas é um dos principais meios de transmissão do HIV e do vírus da hepatite B e C.
Podemos classificar os usuários pela seguinte métrica:
Experimentador: pessoa que experimenta a droga, levada geralmente por curiosidade. Aquele que prova a droga uma ou algumas vezes e em seguida perde o interesse em repetir a experiência.
Usuário ocasional: utiliza uma ou várias drogas quando disponíveis ou em ambiente favorável, sem rupturas (distúrbios) afetiva, social ou profissional.
Usuário habitual: faz uso freqüente, porém sem que haja ruptura afetiva, social ou profissional, nem perda de controle.
Usuário dependente: usa a droga de forma freqüente e exagerada, com rupturas dos vínculos afetivos e sociais. Não consegue parar quando quer.
Dependência: quando a pessoa não consegue largar a droga, porque o organismo acostumou-se com a substância e sua ausência provoca sintomas físicos (quadro conhecido como síndrome da abstinência ), e/ou porque a pessoa acostumou-se a viver sob os efeitos da droga, sentindo um grande impulso de usá-la com freqüência (“fissura”).
Escalada: é quando a pessoa passa do uso de drogas consideradas “leves” para as mais “pesadas”, ou quando, com uma mesma droga, passa de consumo ocasional para consumo intenso.
Tolerância: quando o organismo se acostuma com a droga e passa a exigir doses maiores para conseguir os mesmos efeitos.
Poliusuário: pessoa que utiliza combinação de várias drogas simultaneamente, ou dentro de um curto período de tempo, ainda que tenha predileção por determinada droga.
Overdose: dose excessiva de uma droga, com graves implicações físicas e psíquicas, podendo levar à morte por parada respiratória e/ou cardíaca.
A constatação de dois ou três sintomas não significa afirmar positivamente que a pessoa está usando drogas. Contudo, está indicando que ele carece de uma melhor observação e acompanhamento. É nesta hora que a presença dos pais é importante.
Sinais comumente observados no uso de qualquer droga:
Mudanças bruscas no comportamento.
Queda do rendimento escolar ou abandono dos estudos.
Queda na qualidade do trabalho, inquietação, irritabilidade, insônia ou, ao contrário, depressão e sonolência.
Atitudes furtivas ou impulsivas, uso de óculos escuros mesmo sem excesso de luz, camisas de manga longa mesmo no calor.
Usos de sons em alto volume.
Troca do dia pela noite.
Síndrome emotivacional.
Os principais sintomas por tipo de droga:
Maconha, Marijuana, Haxixe, O-9-THC.
Principais Sintomas e sinais de conduta: Tagarelice, excitabilidade, risadas ou depressão e sonolência. Aumento do apetite (doces), olhos vermelhos congestos, alucinações, distúrbios na percepção do tempo e do espaço.
Elementos acessórios: Odor de relva queimada no local. Presença de vegetal cinza-esverdeado triturado com pequenas sementes lisas, restos de cigarros feitos à mão e odor nas roupas.
Estimulantes, Anfetaminas ou “Bolinhas” e Moderadores do Apetite.
Principais Sintomas e sinais de conduta: Inquietação, excitabilidade, tagarelice constante, confusão mental, falta de apetite com emagrecimento, insônia, conduta agressiva, boca seca com irritação das narinas (secas), alucinações e dilatação da pupila.
Elementos acessórios: Presença de comprimidos, diversos tipos, hábito de fumar cigarros constantemente, inquietação motora (não para quieto).
Solvente volátil, Cola de Sapateiro ou de Aeromodelismo, Limpa-tipos, Lança-perfume, Fluídos de Limpeza, Éter, Clorofórmio, Benzina, “Loló”.
Principais Sintomas e sinais de conduta: Aparência de ébrio, excitação, hilariedade, linguagem enrolada, perda de equilíbrio, olhos vermelhos, nariz escorrendo (constipado), sonolência, inconsciência.
Elementos acessórios: Latas ou bisnagas de cola, frascos de lança-perfume, restos de sólidos ou nódoas em panos, lenços ou sacos plásticos.
LSD, DMT, STP, Mescalina, Psilocibina, “Chá de cogumelo”.
Principais Sintomas e sinais de conduta: Alucinações, delírios, confusão mental e dificuldade de raciocínio. Risos e choros, atitudes impulsivas e irracionais. Calafrios, tremores, sudorese, pupilas dilatadas, reações de pânico com sensação de deformação no corpo e objetos.
Elementos acessórios: Pequenos comprimidos ou drágeas, cubos de açucar com manchas, restos de cogumelos (com cheiro de esterco), pequenos frascos.
Cocaína.
Principais Sintomas e sinais de conduta: Excitação, aumento da atividade, agressividade, idéias delirantes com suspeita de tudo e de todos, palidez acentuada e dilatação da pupila.
Elementos acessórios: Septo nasal perfurado e com pequenas hemorragias, pó branco cristalino, objetos metálicos tipo caixa de rapé ou pequenos tubos metálicos.
Ópio, Morfina, Heroína e Narcóticos da Síntese (Algafan), Pembenyl.
Principais Sintomas e sinais de conduta:Estupor, analgesia, lacrimejamento, coriza, “pupila em cabeça de alfinete”, sonolência.
Elementos acessórios: Pós brancos cristalinos ou escuros, ampolas, frascos de xarope, seringas hipodérmicas e acessórios, agulhas, manchas de sangue na roupa, feridas, cicatrizes e abcessos no corpo, dedos queimados.
Existem diversos modelos de ajuda a dependentes de drogas: tratamento médico; terapias cognitivas e comportamentos; psicoterapias; grupos de auto-ajuda (do tipo Alcoólicos Anônimos e Narcóticos Anônimos); comunidades terapêuticas; etc. Na maior parte dos casos, o tratamento do dependente de drogas não requer internação. Uma avaliação correta deve ser feita por profissionais da área de saúde e na maioria dos casos o resultado positivo dos tratamentos depende da interação da familia, que deve ser instruída por estes profissionais afim de interagir de maneira correta com a situação.
Há um debate sobre a descriminalizarão das drogas. Este debate tem gerado muita dúvida e discussão entre descriminalizar, legalizar e despenalizar um crime ou conduta. O assunto é polêmico e controverso. Não vou debater aqui cada um dos pontos envolvidos, pelo menos por enquanto. Apenas quero deixar explicita minha opinião de que, legalizar o uso de qualquer tipo de droga, para mim é um crime. Se nós avaliarmos as consequências nocivas das drogas já liberadas, como o álcool e o tabaco, podemos ter uma visão do que poderá acontecer com a liberação de outras drogas e o ônus que será gerado para a estrutura já decadente das instituições públicas de saúde. sem falar nos danos causados no interior das familias onde há usuários problemáticos destas substâncias.
Segundo o “Relatório Mundial sobre Drogas 2009”, lançado dia 24 de junho pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), mostra que o mercado global de cocaína, opiáceos (ópio, morfina e heroína) e de maconha está estável ou em declínio, enquanto a produção e o uso de drogas sintéticas estão em crescimento nos países em desenvolvimento. Segundo este relatório, a cocaína sozinha movimenta cerca de US$ 50 bilhões.
Outras informações sobre as drogas no mundo podem ser encontradas no site do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) no endereço
Informações sobre tratamento de dependência podem ser encontrados no site da Sobresites no endereço http://www.sobresites.com/dependencia/
Lino Resende no endereço http://linoresende.jor.br/uma-questao-nada-simples/
Drogas e Democracia no endereço http://drogasedemocracia.org/blog/archives/category/destaques
Saia Justa no endereço http://saia-justa-georgia.blogspot.com/2009/06/abuso-e-o-trafico-ilicito-de-drogas.html
Luz de Luma no endereço
Visão Panorâmica no endereço
Giba, só complementando :
O uso de drogas no Brasil e no mundo está crescendo a cada ano. Independente de classe social cada vez mais adolescentes experimentam drogas cada vez mais cedo.
Entre os fatores para esse aumento do abuso de drogas estão:
* Cada vez maior aceitação e pressão de seu meio social para o uso de drogas.
* Oferta em quase todos os lugares: escolas e faculdades, clubs, danceterias, festas, amigos…
* Drogas cada vez mais puras e baratas em decorrência do aumento da demanda.
* Novas e perigosas drogas como o ecstasy, com apelo de marketing – a droga do amor, K – a droga dos Clubs, etc…
* Distanciamento entre pais e filhos.
* Aumento da potência de drogas antes ditas leves, como a maconha.
O abuso de drogas têm, em muitos casos, efeito devastador na vida de um jovem.
O relacionamento com pais, amigos não-usuários, atividades escolares e de lazer costumam ser as primeiras vítimas. Mas existem vários casos onde o abuso de drogas não é acompanhado do detrimento destas relações.
Excelente abordagem, valeu !
Rose*