Miguel Nicolelis apresenta uma teoria revolucionária que coloca o cérebro humano como o centro do universo
Crítica
Na obra, o neurocientista mostra como essa nova perspectiva tem implicações na maneira de interpretar o passado, reconhecer o presente e decidir o futuro que queremos
“Miguel Nicolelis propõe um Iluminismo do século XXI, um movimento em que todos os velhos valores da sociedade humana devem ser reavaliados enquanto novos valores são propostos centrados no conceito de que o cérebro humano é a medida central de tudo.”
– Gordon Shepherd, Universidade de Yale
“O escopo de O verdadeiro criador de tudo é impressionante. O autor nos convida a pensar profundamente sobre a nossa visão daquilo que é considerado como a nossa realidade.”
– Jon H. Kaas, Universidade de Vanderbilt
Com a publicação de O verdadeiro criador de tudo, lançado no Brasil pelo selo Crítica da
Editora Planeta, Miguel Nicolelis finaliza a trilogia iniciada uma década atrás com Muito além do nosso eu e Made in Macaíba, que apresenta o pensamento científico e humanístico apurado ao longo de 38 anos de carreira como cientista. Nesta obra, um dos neurocientistas mais aclamados da atualidade discute as criações do cérebro humano que inclui os mais diversos tipos de conhecimento, percepções, crenças, teorias científicas e filosóficas, culturas, tecnologias, obras de arte, ideologias, sistemas políticos e econômicos e todos os outros produtos mentais emanados do que ele chama do “computador orgânico” que virou o verdadeiro criador de tudo que a humanidade sonhou em fazer e fez. Neste contexto, Nicolelis propõe que o cérebro humano deveria ocupar o centro da nossa visão cosmológica de todo o universo
O livro introduz os detalhes de uma teoria, chamada de Teoria do Cérebro Relativístico (TCR), que tem como objetivo descrever como o cérebro, trabalhando isoladamente ou enquanto parte de redes formadas por outros cérebros individuais (chamadas de Brainets), realiza seus feitos. Quando começou a planejar esta obra, Nicolelis tentou construir o argumento central focando no campo da neurociência, mas logo se deu conta que seria uma escolha restrita para realizar a ambiciosa missão que se dispôs a cumprir com o projeto.
“Assim, de repente, eu me encontrei vasculhando livros clássicos de filosofia, história da arte, arqueologia, paleontologia, história dos sistemas computacionais, história da matemática, da física, da mecânica quântica, tratados de linguística e ciências cognitivas, robótica, cosmologia e até volumes de história das grandes civilizações humanas da Antiguidade”, ele conta no primeiro capítulo.
No início do livro, o cientista descreve como o cérebro de primata evoluiu desde que os nossos ancestrais divergiram dos chimpanzés e começaram a explorar as savanas do leste e do sul da África, por volta de 6 milhões de anos atrás. Essa reconstrução
enfatiza as modificações morfológicas e funcionais, induzidas pelo processo de seleção natural, que levaram ao surgimento da moderna configuração do ‘Verdadeiro Criador de Tudo’. No decorrer das páginas, ele propõe que os seres vivos dissipam energia para sustentar um processo de auto-organização que permite informação ser incorporada à sua matéria orgânica. Esse processo leva à incorporação de um tipo diferente de informação no tecido orgânico, batizado de “informação gödeliana”, noção fundamental para sua tese central. Essa discussão é seguida pela descrição de uma série de dez princípios fisiológicos fundamentais que regem a operação do cérebro humano. Foi com base nesses dez princípios, descobertos ao longo dos seus 38 anos de pesquisas neurofisiológicas, que foi criada a TCR.
Após esse início focado em explicações neurobiológicas, o autor explica como o cérebro humano passa a maior parte de sua existência construindo ou adaptando seus modelos neurais internos do mundo que nos cerca, definindo o que chama de “ponto de vista do cérebro”. Nicolelis dedica um capítulo inteiro à análise do imenso poder computacional do cérebro humano, que segundo ele não pode ser reproduzido nem igualdo por nenhum computador digital. A seguir, ele apresenta as novas evidências experimentais que revelam a requintada capacidade de animais e seres humanos de estabelecerem redes cerebrais, formadas pela sincronização de um número elevado de cérebros individuais, aumentando ainda mais o poderio computacional orgânico de cada uma dessas espécies. O autor chama essas redes de Brainets e defende, em uma série de capítulos, que elas foram essenciais para o desenvolvimento da civilização humana e a construção de um modelo mental altamente elaborado visando interpretar e conferir significado àquilo que o universo nos oferece.
Nos capítulos finais do livro, ele expõe os ricos que a humanidade enfrentará nos próximos anos, em decorrência da nossa interação e dependência em relação aos sistemas digitais. Nicolelis defende que a convivência quase contínua com computadores pode afetar a forma como o cérebro funciona, e no limite levar a uma eliminação definitiva dos atributos únicos que definiram a condição humana, desde a emergência da nossa mente, cerca de 100 mil anos atrás. Assim ele afirma que:
“Em essência, essa hipótese prevê que, quanto mais formos cercados por um mundo digital e quanto maior for a nossa submissão às leis e aos padrões da lógica algorítmica que regem o funcionamento de sistemas digitais para o planejamento, implementação, e avaliação das tarefas simples e complexas que definem o nosso dia a dia, mais e mais o nosso cérebro tentará emular esse modo digital de operação, em detrimento das funções mentais analógicas e dos comportamentos mais relevantes biologicamente, que foram selecionados. ao longo de milênios, pelo processo de seleção natural”.
FICHA TÉCNICA
Título: O verdadeiro criador de tudo – Como o cérebro humano esculpiu o universo como nós o conhecemos
Autor: Miguel Nicolelis
Páginas: 400
Preço livro físico: R? 84,90
Preço e-book: R? 65,90
Editora Planeta
Selo Crítica
SOBRE O AUTOR
Miguel Nicolelis é professor catedrático de Neurobiologia, Neurologia, Neurocirurgia, Engenharia Biomédica e Psicologia Experimental da Duke University. Ele é o fundador do Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra e presidente do Conselho do Instituto Santos Dumont, ambos em Macaíba, Rio Grande do Norte. Nicolelis fundou e dirigiu o Projeto Andar de Novo. Ele é membro das Academias de
Ciência da França e do Brasil. Em 2004, a revista Scientific American elegeu Nicolelis como um dos 20 cientistas mais influentes do mundo. Em 2015, a revista americana
Foreign Policy elegeu Nicolelis como um dos 100 pensadores de maior influência no mundo. É o coordenador do Comitê Científico de Combate ao Coronavírus do Nordeste.
Publicou dois livros pelo selo Crítica da Editora Planeta: Muito além do nosso eu e Made in Macaíba .
SOBRE O SELO CRÍTICA
Criado na Espanha, em 1976, o selo Crítica é conhecido pela qualidade de seus títulos na área de história, ensaios e divulgação científica. Lançado no Brasil em 2016, já publicou grandes nomes como Niall Ferguson, Noam Chomsky, Antony Beevor, Mary Beard, Andrea Wulf, Michio Kaku, Miguel Nicolelis, Richard J. Evans, Martin Gilbert e Madeleine Albright.
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