Muitas vezes nos perguntamos por que motivo um país como o Brasil, que possui terras férteis, água abundante, riquezas minerais em profusão, florestas invejáveis com biodiversidade, ausência de cataclismos devastadores, tudo isso à disposição de um povo generoso e trabalhador, apresenta-se aos olhos do mundo como uma nação subdesenvolvida, com milhões de miseráveis vivendo de esmolas sociais ou de salários de fome, com assistência médica e educação precárias e desprovido dos padrões mínimos de segurança, facilitando a ação do crime organizado e a proliferação desenfreada da “indústria do tráfico”.
A resposta para isso está na ponta da língua e só não vê quem não quer. Ela se chama politicagem, ou seja, os interesses meramente políticos colocados acima dos interesses coletivos, que deveriam figurar – mas não figuram – como prioridade inarredável nos programas de todos os partidos políticos e de todos os governos. Não na retórica, como acontece hoje, mas essencialmente na prática; na hora de fazer as promessas de campanha se tornarem realidade.
Tomando como exemplo o governo federal, pergunta-se que tipo de administração é essa que requisita para dirigir os seus mecanismos de gestão pública pessoas escolhidas em função das cores partidárias que representam e não à luz da capacidade que possuam, ou revelem possuir, no sentido de fazer andar com o máximo de eficiência o setor da máquina pública que lhes é confiado? Imagine qual seria o futuro de um clube de futebol que só contratasse profissionais (técnico e jogadores) que fossem torcedores de carteirinha da agremiação. Isso seria uma estupidez administrativa, tal como é o fato de a presidente Dilma, em plenos preparativos para a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, ter sido compelida a ter que nomear para ministro do Esporte, em substituição a Orlando Silva, alguém do mesmo partido daquele que saiu.
Nada contra a pessoa do deputado Aldo Rebelo, do PCdoB, mas não consigo vislumbrar nesse cidadão de fala mansa, que já passou por outros cargos em comissão de forma discreta, o perfil ideal para conduzir os negócios do esporte, nesse momento tão especial em que iremos sediar os dois eventos esportivos mais importantes do Planeta. Uma enquete realizada pelo Portal Terceiro Tempo, da Rede Bandeirantes de Televisão – do qual sou comentarista – aponta que mais de 60% dos leitores do Site acham que a indicação de Aldo Rebelo para a Pasta do Esporte não foi uma boa escolha. Será que esses leitores pensariam assim se o indicado fosse uma pessoa alheia aos interesses partidários, mas com currículo invejável na área do esporte, tais como Oscar Schmitt, Hortência, Paulo Roberto Falcão e até Ronaldo Fenômeno, que já foi Embaixador da ONU na luta contra a pobreza e a fome no Terceiro Mundo ? Temos de convir –afinal – que esse Ministério, como vários outros criados para acomodar “companheiros”, é meramente decorativo. Por isso, precisa ser bem decorado.
Lino Tavares é jornalista diplomado, colunista na mídia gaúcha e catarinense, integrante da equipe de comentaristas do Portal Terceiro Tempo da Rede Bandeirantes de Televisão, além de poeta e compositor