A Organização das Nações Unidas está lançando hoje (16) a Década para os Desertos e a Luta contra a Desertificação (2010-2020), um esforço de 11 anos para sensibilizar e estimular a ação por uma maior proteção e melhor manejo das terras secas do mundo, lar de um terço da população mundial, que enfrenta sérias ameaças econômicas e ambientais.

“A degradação progressiva dos solos – seja por consequência da mudança do clima, das práticas agrícolas insustentáveis ou da má administração dos recursos naturais – representa uma ameaça à segurança alimentar, gerando fome entre as comunidades mais afetadas e roubando as terras produtivas do mundo”, declarou o Secretário-Geral da ONU Ban Ki-moon ao anunciar o lançamento da década.

“Ao iniciarmos a Década para os Desertos e a Luta Contra a Desertificação, comprometemo-nos a intensificar os nossos esforços para cuidar da terra de que necessitamos para implementar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e garantir o bem-estar humano”, adicionou.

A nível global, a desertificação – degradação da terra em zonas áridas – afeta 3.6 bilhões de hectares, somando 25% da massa terrestre, o que ameaça a subsistência de mais de um bilhão de pessoas em cerca de 100 países. Nesse contexto, os Estados-Membros das Nações Unidas abordaram a desertificação crescente e a degradação da terra ao adotar, em 2007, uma resolução que dedicará a próxima década para o combate à desertificação e a melhoria da proteção e do gerenciamento das terras secas do mundo.

O lançamento global da Década realizou-se no dia 16 de agosto em Fortaleza, Ceará – região semi-árida brasileira –, durante a Segunda Conferência Internacional: Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semi-Áridas. Também hoje aconteceu o lançamento para a África em Nairóbi, no Quênia, organizado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Outros lançamentos regionais estão agendados para acontecer em setembro em Nova York, para a Região norte-americana, e na República da Coreia, para a região asiática; na Europa, o lançamento será realizado no mês de novembro.

Embora a preocupação sobre a desertificação esteja crescendo, nem tudo está ruim. Esforços têm sido depositados para solucionar o problema de degradação da terra e, ao mesmo tempo que resultados positivos têm surgido, mais ação é necessária para conter e reverter a degradação dos solos e a progressiva desertificação em todo o mundo.

Luc Gnacadja, Secretário Executivo da Convenção da ONU de Combate à Desertificação, advertiu que a comunidade internacional encontra-se em uma encruzilhada e tem que decidir se manterá a abordagem usual, que será caracterizada por secas severas e prolongadas, inundações e escassez de água, ou um caminho alternativo, que “servirá de canal para nossas ações coletivas para a sustentabilidade”.

Gnacadja acrescentou que a mensagem da década salienta que terra é vida, “por isso, devemos assegurar que desertos continuem produtivos e produzindo” e que o objetivo da década é “criar uma parceria global para reverter e prevenir a desertificação e a degradação dos solos e para mitigar os efeitos da seca em áreas afetadas, a fim de contribuir com a diminuição da pobreza e a sustentabilidade ambiental”.
Nota aos editores

História e objetivos da década

Em 2007, a Assembleia Geral das Nações Unidas declararam 2010-2020 como a Década da ONU para os Desertos e a Luta Contra a Desertificação. Em dezembro de 2009, cinco agências da ONU foram encarregadas de liderar as atividades da década. Estas são: o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e outros órgão relevantes das Nações Unidas, incluindo o Departamento de Informação Pública do Secretariado.

A década é projetada para elevar a sensibilização pública sobre as ameaças de desertificação, a degradação dos solos e o papel das secas no desenvolvimento sustentável, além de caminhos que levem à sua redução.

Valor dos Desertos e das Terras Secas

    2.1 bilhões de pessoas, cerca de 40% da população mundial, habita os desertos e terras secas do mundo 90% dessa população vive em países em desenvolvimento 50% da pecuária do mundo é sustentada por pastagens 46% do carbono global é armazenado em terras áridas 44% de todas a terra cultivada localiza-se em zonas áridas 30% de todas as plantas cultivadas são provenientes de terras secas



Ameaças da desertificação

    A desertificação afeta 3,6 bilhões de hectares de terra no mundo inteiro – ou 25% da massa terrestre 110 países estão em risco de degradação dos solos 12 milhões de hectares de terra são perdidos a cada ano A terra perdida anualmente poderia produzir 20 milhões de toneladas de grãos Anualmente, US$42 bilhões são perdidos em renda devido à desertificação e à degradação dos solos


Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD)

Estabelecida em 1994, a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD) é o único acordo internacional legalmente vinculante que estabelece essa ligação entre meio ambiente, desenvolvimento e a promoção de solos saudáveis.

Os 193 países – ou Partes – signatários da convenção trabalham para amenizar a pobreza nas terras secas, manter e restaurar a produtividade da terra e mitigar os efeitos da seca. A convenção prevê o Iraque como seu 194º membro na próxima semana, com a adesão que acontecerá no dia 28 de agosto.
 

Para mais informações

    Sra. Cadija Tissiani UNCCD/Ceará, (+55) 61 9988 9852 ou 61 8220 3406, E-mail: cadija@gmail.com Sra. Wagaki Mwangi, UNCCD/Ceará, (+55) 85 9605 0883, E-mail: wmwangi@unccd.int Sra. Yukie Hori, UNCCD/Bonn (+49) 228 815 2829, E-mail: yhori@unccd.int

_________________________________________________
Centro de Informação das Nações Unidas no Brasil | UNIC Rio

Ano Internacional da Juventude

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.