Diretor da Regional Campinas também comentou expectativas da construção
Os motivos pelos quais os resultados do PIB vêm superando as expectativas dos analistas econômicos foram debatidos na Reunião de Conjuntura do SindusCon-SP, em 6 de setembro, conduzida por Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia, com a participação de Yorki Estefan, presidente da entidade.
Robson Gonçalves, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), observou em sua apresentação que o PIB tem crescido neste ano acima das expectativas, possivelmente por estas embutirem a incerteza dos analistas, especialmente os ligados a bancos, em relação ao início do governo Lula.
Segundo ele, um dado relevante na composição do aumento do PIB é a expansão da atividade dos serviços, impulsionado pelo consumo das famílias. O bom desempenho da indústria da transformação ainda não indica que o mesmo se sustentará.
Gonçalves disse antever um crescimento mais vigoroso do PIB em 2024, caso os resultados do segundo semestre sigam positivos. Entretanto, os analistas seguem contaminados pela incerteza e ajustam suas expectativas de forma muito conservadora, observou.
Em sua opinião, esta posição também se baseia em parte na possibilidade de reversão da queda dos juros, caso haja um rebote inflacionário.
Entretanto, o desemprego está caindo, os setores de indústria e serviços ainda têm ociosidade e, portanto, não há indício atual de que a inflação volte e os juros tornem a subir, completou. “Não podemos basear as decisões empresariais em expectativas contaminadas por uma visão política, de que este governo não vai dar certo”.
Regional Campinas
O diretor da Regional Campinas do SindusCon-SP, Marcio Benvenutti, afirmou que o setor espera a manutenção do crescimento do PIB ao longo dos próximos meses e juntamente com a expansão de obras voltadas para infraestrutura e ampliação de empreendimentos habitacionais, possam manter essa expectativa positiva.
“Por outro lado, a pesquisa também indicou queda de vendas e lançamentos imobiliários no primeiro semestre, o que preocupa, porque significa diminuição de obras futuras”, acrescentou.
Benvenutti também frisou a preocupação da Regional com a falta de mão de obra qualificada e os esforços constantes que a entidade têm empreendido para ampliar a formação desses profissionais para o setor da construção civil.
Investimento baixo – Eduardo Zaidan manifestou preocupação em relação ao fraco desempenho da Formação Bruta de Capital Fixo.
Gonçalves considerou ser relevante que ela cresça ao longo dos próximos dois anos, para evitar a volta da inflação caso a economia esteja bastante aquecida. Afirmou que houve uma mudança estrutural na economia mundial, a qual ainda não está assentada nem compreendida totalmente pelos analistas.
PIB na Construção
Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), mostrou em sua apresentação que o PIB da construção está se mantendo em patamar equivalente ao do ano passado.
A produção e as vendas de materiais de construção declinaram no primeiro semestre. Já o emprego com carteira na construção tem crescido, enquanto aquele informal ou autônomo vem diminuindo.
Porém, o saldo líquido do emprego formal na construção caiu nos primeiros sete meses do ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Isso reflete a queda do ritmo da atividade no segmento de edificações, enquanto o de obras de infraestrutura avança, observou Ana Castelo.
Falta de mão de obra
Yorki Estefan sugeriu que problema da falta de mão de obra qualificada poderia diminuir com a redução futura do volume de obras residenciais, e indagou se haveria como antever quando isso ocorreria, em função da diminuição do número de lançamentos.
Eduardo Zaidan observou que a escassez de mão de obra qualificada na construção denota uma mudança estrutural no mercado da construção. “Não podemos mais contar com a oferta de mão de obra qualificada como antes. A mão de obra não se renova, quem ingressa no setor tem pouca capacitação, há muita rotatividade”.
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