A história do PT (Partido dos Trabalhadores) é marcada por momentos de luta sindical, ascensão política e controvérsias que culminaram nos maiores escândalos de corrupção do Brasil
Este artigo detalha a trajetória do PT, desde seu nascimento em 1980 até os recentes casos de corrupção envolvendo ministros e aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2025, com foco em fatos históricos, posições políticas e acordos como o Pacto de Princeton.
Nascimento do PT
O PT foi fundado em 10 de fevereiro de 1980, em São Paulo, emergindo como uma força política inovadora no cenário brasileiro. Sua origem está profundamente ligada ao movimento sindical, com Lula, então líder do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, como figura central. A relação de Lula com os sindicatos, como a CUT (Central Única dos Trabalhadores), e o movimento sindical foi crucial para mobilizar trabalhadores e consolidar a base do partido. As Comunidades Eclesiais de Base da Igreja Católica, defensoras da Teologia da Libertação, também desempenharam um papel essencial, oferecendo apoio ideológico e organizacional.
Intelectuais paulistas e cariocas, como Francisco de Oliveira e Leandro Konder, abraçaram o PT, enxergando-o como um partido puro, representante do proletariado. No entanto, a criação do PT também foi influenciada por fatores políticos estratégicos. O general Golbery do Couto e Silva, ligado ao regime militar, viu na fragmentação da oposição (MDB) uma oportunidade. Dessa divisão surgiram o PMDB, PDT, PTB e o PT, num contexto em que a oposição ao regime se enfraquecia.

Crescimento do PT
Nos anos 1980, o PT se posicionou como um partido combativo, anticapitalista e defensor do socialismo. Sua postura era de denúncia às elites e de rejeição a alianças com partidos tradicionais, mantendo uma imagem de pureza ética. Contudo, essa postura muitas vezes gerou atritos e decisões controversas:
- 1985: O PT foi contra a eleição indireta de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, durante a transição democrática. O partido expulsou deputados que votaram em Tancredo, como Airton Soares, reforçando sua postura radical.
- 1988: O PT votou contra a Constituição de 1988, que trouxe avanços democráticos como o voto direto e direitos sociais. O partido criticava a Constituição por considerá-la insuficiente para mudanças estruturais.
- 1989: Durante a campanha presidencial, o PT, com Lula como candidato, defendeu o não pagamento da dívida externa brasileira, uma posição que, se adotada, poderia transformar o Brasil em um caloteiro mundial, gerando isolamento econômico.
- 1993: No governo Itamar Franco, o PT rejeitou participar de uma coalizão proposta para estabilizar o país, mantendo sua postura de oposição intransigente.
- 1993 (Pacto de Princeton): Em um acordo não escrito, Lula e Fernando Henrique Cardoso (FHC), então ministro das Relações Exteriores, se reuniram em Princeton, EUA. O pacto visava garantir que o PT moderasse sua oposição ao governo Itamar, em troca de apoio tácito para estabilizar a economia. Esse acordo marcou o início de uma postura mais pragmática do PT.
- 1994: O PT votou contra o Plano Real, liderado por FHC, chamando-o de medida eleitoreira. O plano, que controlou a hiperinflação, foi um marco econômico.
- 1996: O PT foi contra a emenda da reeleição, que permitiu a FHC concorrer novamente. Anos depois, o partido passou a defender a reeleição para seus próprios candidatos.
- 1998: O PT se opôs à privatização da telefonia, que modernizou as telecomunicações no Brasil, possibilitando mais de 150 milhões de linhas telefônicas e acesso à internet.
- 1999: O partido votou contra a adoção do câmbio flutuante e das metas de inflação, instrumentos que estabilizaram a economia brasileira.
- 2000: O PT lutou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, que impôs limites aos gastos públicos, chamando-a de restritiva. A lei é hoje considerada um pilar da gestão pública.
- 2001: O PT criticou os programas sociais do governo FHC, como Bolsa Escola, Vale Alimentação, Vale Gás e PETI, classificando-os como “esmolas eleitoreiras”. Esses programas foram precursores do Bolsa Família, adotado pelo PT posteriormente.
Apesar da postura oposicionista, o PT cresceu eleitoralmente, conquistando prefeituras e governos estaduais. Para isso, começou a fazer alianças políticas e a se aproximar de empresários, empreiteiros e banqueiros, abandonando gradativamente seu purismo inicial.

Maioridade do PT
Em 2002, o PT alcançou a Presidência da República com a eleição de Lula. A vitória exigiu pragmatismo: o partido abandonou bandeiras radicais, como o socialismo puro, e fez alianças com setores conservadores. No entanto, a ascensão ao poder trouxe desafios éticos e desilusões:
- Expulsões e dissidências: Intelectuais como Francisco de Oliveira, Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho se afastaram, descontentes com a moderação do partido. Em 2004, a expulsão de Heloisa Helena, Luciana Genro e outros levou à fundação do PSOL. Militantes católicos, como Chico Alencar e Frei Betto, também se distanciaram, assim como a senadora Marina Silva, que deixou o partido em 2009 por divergências ambientais.
- Escândalos de corrupção: A partir de 2005, o PT foi abalado pelo Mensalão, um esquema de compra de votos no Congresso. Lula alegou desconhecimento, mas o escândalo manchou a imagem do partido. José Dirceu, então ministro, foi um dos principais envolvidos.
- Relação com sindicatos: Os sindicalistas, base histórica do PT, permaneceram como núcleo forte. Líderes sindicais ocuparam cargos em ministérios, estatais e conselhos, consolidando o que críticos chamam de “novo peleguismo”. A proximidade com o empresariado e o coronelismo regional também cresceu.

Mensalão: O Escândalo que Abalou o PT e a Política Brasileira
O Que Foi o Mensalão?
Cronologia dos Fatos
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Maio de 2005: A revista Veja publica uma matéria sobre corrupção nos Correios, com um vídeo mostrando Maurício Marinho, chefe dos Correios, recebendo propina. A denúncia inicial não estava diretamente ligada ao Mensalão, mas abriu espaço para investigações mais amplas.
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6 de junho de 2005: Roberto Jefferson (PTB) denuncia o Mensalão à Folha de S.Paulo, acusando o PT de pagar deputados para apoiar o governo Lula.
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Julho de 2005: Escândalo ganha proporção com a prisão de João Genoino, irmão do presidente do PT, José Genoino, flagrado com US$100 mil em dinheiro vivo no aeroporto.
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16 de junho de 2005: José Dirceu, ministro-chefe da Casa Civil e principal articulador político de Lula, renuncia devido às acusações de envolvimento.
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Agosto de 2005: Instalada a CPI dos Correios, que amplia as investigações e confirma a existência do esquema.
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2012-2013: O STF julga a Ação Penal 470, condenando 25 réus por crimes como corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
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Novembro de 2013: Primeiras prisões são efetuadas, incluindo José Dirceu, José Genoino e Marcos Valério.
Nomes e Partidos dos Envolvidos
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José Dirceu (PT): Ex-ministro-chefe da Casa Civil, foi apontado como o principal articulador do esquema. Condenado a 10 anos e 10 meses por corrupção ativa e formação de quadrilha. Renunciou em 2005 e foi preso em 2013.
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José Genoino (PT): Ex-presidente do PT, condenado a 6 anos e 11 meses por corrupção ativa e formação de quadrilha. Seu irmão, João Genoino, foi flagrado com dinheiro não declarado, intensificando a crise.
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Delúbio Soares (PT): Tesoureiro do PT, condenado a 8 anos e 11 meses por corrupção ativa. Era responsável por gerenciar os recursos do esquema.
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João Paulo Cunha (PT): Ex-presidente da Câmara dos Deputados, condenado a 9 anos e 4 meses por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro. Perdeu o mandato em 2012.
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Silvio Pereira (PT): Ex-secretário-geral do PT, acusado de receber um veículo de uma empresa beneficiada por licitações. Não foi condenado, mas afastado do partido.
Outros Partidos da Base Aliada
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Roberto Jefferson (PTB): Deputado e denunciante do esquema, foi condenado a 7 anos por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Perdeu o mandato e os direitos políticos.
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José Janene (PP-Paraná): Acusado de distribuir o Mensalão ao PP, morreu em 2010 antes do julgamento, mas sua participação foi confirmada por testemunhas.
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Pedro Corrêa (PP-Pernambuco): Presidente do PP, condenado a 7 anos e 2 meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
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Pedro Henry (PP-Mato Grosso): Ex-líder da Câmara, condenado a 7 anos e 2 meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Perdeu o mandato.
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José Borba (PMDB-Paraná): Ex-líder do PMDB na Câmara, condenado a 2 anos e 6 meses por corrupção passiva, mas pena convertida em serviços comunitários. Recebeu R$2,1 milhões sem assinar recibo.
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Valdemar Costa Neto (PL-São Paulo): Acusado de distribuir o Mensalão ao PL, condenado a 7 anos e 10 meses por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Renunciou ao mandato em 2013.
Empresários e Publicitários
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Marcos Valério: Empresário, dono das agências SMP&B e DNA, foi o operador do esquema, canalizando recursos para deputados. Condenado a 40 anos por corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
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Fernanda Karina Somaggio: Secretária de Marcos Valério, confirmou pagamentos em dinheiro vivo a deputados, incluindo Delúbio Soares. Não foi condenada, mas suas denúncias foram cruciais.
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Duda Mendonça: Publicitário da campanha de Lula em 2002, seu sócio Zilmar da Silveira recebeu R$15,5 milhões de Marcos Valério. Absolvido por falta de provas.
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Renilda Soares: Esposa de Marcos Valério, envolvida em movimentações financeiras suspeitas, mas não condenada.
Outros Partidos
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Partidos de oposição: Membros do PSDB, DEM e outros sete partidos foram investigados, mas com menor envolvimento. Por exemplo, Eduardo Azeredo (PSDB) foi acusado de desvio de recursos em esquema semelhante, mas julgado separadamente.
Mecanismo do Esquema
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Fontes de recursos: Verbas publicitárias de estatais, como o Banco do Brasil, eram desviadas para as agências de Marcos Valério.
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Distribuição: Os recursos eram transferidos em dinheiro vivo, muitas vezes em malas de dinheiro, para deputados da base aliada.
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Objetivo: Garantir apoio político para aprovar reformas, como a Reforma da Previdência de 2003, que só passou devido a votos comprados.
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Encobrimento: As transações eram disfarçadas como serviços publicitários fictícios ou empréstimos bancários, como os R$20 milhões concedidos pelo Banco do Brasil ao PT sem garantias.
Impactos e Consequências
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Políticas: O Mensalão abalou a credibilidade do PT, que perdeu aliados históricos, como Heloisa Helena e Luciana Genro, que fundaram o PSOL. Intelectuais e militantes católicos também se afastaram, como Frei Betto e Marina Silva.
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Judiciais: O julgamento no STF, liderado pelo ministro Joaquim Barbosa, foi um marco contra a impunidade. Dos 37 réus, 25 foram condenados, com penas que totalizaram mais de 250 anos de prisão.
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Sociais: A sociedade brasileira acompanhou o julgamento como uma “novela”, com forte cobertura da mídia, como Folha de S.Paulo e Veja. A transparência do processo, com sessões televisionadas, aumentou a pressão por justiça, mas também polarizou opiniões.
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Legado: O Mensalão abriu caminho para investigações posteriores, como a Operação Lava Jato, que revelou esquemas ainda maiores na Petrobras. Críticos apontam que o PT nunca se recuperou completamente da perda de sua imagem ética.
O Papel de Lula
Divisor de águas
Operação Lava Jato: O Maior Escândalo de Corrupção do Brasil
O Que Foi a Operação Lava Jato?
Volume de Dinheiro Envolvido
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Propinas rastreadas: Pelo menos R$7,2 bilhões foram desviados para pagamentos de propinas, segundo o jornal O Globo em 2015. A Odebrecht admitiu ter pago R$1,9 bilhão apenas no Brasil, enquanto globalmente o esquema movimentou cerca de US$3,3 bilhões (aproximadamente R$10 bilhões na época).
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Prejuízo total: O Tribunal de Contas da União (TCU) estima que o prejuízo à Petrobras alcançou R$29 bilhões desde 2002, enquanto a estatal calculou perdas de R$6,2 bilhões.
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Recuperação: Até 2022, foram recuperados R$25 bilhões por meio de acordos de leniência, delações premiadas e repatriação de recursos. A Petrobras recebeu R$6,28 bilhões, incluindo R$1,2 bilhão em 2021. No Rio de Janeiro, R$945 milhões foram devolvidos, com R$250 milhões usados para pagar o 13º salário de aposentados.
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Ressarcimento solicitado: O MPF pediu R$40,3 bilhões em reparação de danos, dos quais R$38,1 bilhões no Paraná e R$2,34 bilhões no Rio.

Pessoas Envolvidas
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Luiz Inácio Lula da Silva (PT): Ex-presidente, acusado de receber propinas via um tríplex no Guarujá, um sítio em Atibaia e a sede do Instituto Lula. Condenado a 12 anos e 1 mês no caso do tríplex e 12 anos e 11 meses no caso do sítio, mas as condenações foram anuladas pelo STF em 2021 por parcialidade do juiz Sérgio Moro e questões processuais. Codinome: “Amigo” ou “Lula” em planilhas da Odebrecht.
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Dilma Rousseff (PT): Não foi formalmente acusada, mas o esquema operou durante seu governo (2011-2016).
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José Dirceu (PT): Ex-ministro, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. Codinome: “Bob”.
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João Vaccari Neto (PT): Ex-tesoureiro do PT, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Codinome: “Moch” (devido à mochila que usava).
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Antonio Palocci (PT): Ex-ministro, acusado de gerenciar propinas. Codinome: “Itália” ou “Italiano”.
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Guido Mantega (PT): Ex-ministro, ligado ao codinome “Pós-Itália”, com saldo de R$50 milhões em planilhas da Odebrecht.
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Eduardo Cunha (PMDB): Ex-presidente da Câmara, condenado a 15 anos e 4 meses por corrupção e lavagem de dinheiro. Preso em 2016.
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Renan Calheiros (PMDB): Presidente do Senado, acusado de receber propinas. Codinome: “Justiça”.
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Delcídio do Amaral (PT): Ex-senador, preso por obstrução da justiça.
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Fernando Collor de Mello (PTB): Ex-presidente, acusado de receber propinas via BR Distribuidora.
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Gleisi Hoffmann (PT): Senadora, absolvida de acusações de corrupção e lavagem de dinheiro.
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Lindbergh Farias (PT): Senador, acusado de receber R$2,68 milhões.
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Sérgio Guerra (PSDB): Ex-senador, acusado de negociar o fim de CPIs em 2009.
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Aécio Neves (PSDB): Acusado de receber propinas em obras como a Usina de Santo Antônio.
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Eliseu Padilha (PMDB): Ex-ministro, acusado de receber R$4 milhões. Codinome não especificado.
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Ivo Cassol (PP): Ex-governador, acusado de receber R$2 milhões.
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Edison Lobão (PMDB): Ex-ministro, acusado de receber R$5,5 milhões.
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Tião Viana (PT): Governador do Acre, acusado de receber R$2 milhões. Codinome: “Viana” ou “Menino da Selva”.
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Paulo Roberto Costa: Ex-diretor de Abastecimento, primeiro delator, admitiu receber propinas.
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Renato Duque: Ex-diretor de Serviços, condenado por corrupção.
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Nestor Cerveró: Ex-diretor Internacional, acusado de receber propinas. Codinome: “Lindinho”.
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Jorge Zelada: Ex-diretor Internacional, condenado por corrupção.
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Pedro Barusco: Ex-gerente, delator, revelou operadores de propinas.
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Marcelo Odebrecht (Odebrecht): Presidente da Odebrecht, condenado a 19 anos e 4 meses. Firmou delação premiada.
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Ricardo Pessoa (UTC): Delator, revelou detalhes do cartel.
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Eduardo Leite (Camargo Corrêa): Ex-vice-presidente, delator.
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Otávio Marques de Azevedo (Andrade Gutierrez): Presidente, preso em 2015.
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Augusto Mendonça (Setal Óleo e Gás): Delator, detalhou o cartel.
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Alberto Youssef: Doleiro, peça-chave, delator. Codinome: “Primo”.
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Nelma Kodama: Doleira, codinome: “Angelina Jolie”.
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Fernando Soares (Baiano): Lobista, delator.
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Zwi Skornicki: Operador, depositou US$4,5 milhões para João Santana.
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João Santana: Marqueteiro do PT, acusado de receber propinas. Codinome: “Feira”.
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Hilberto Mascarenhas: Chefe do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.
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Álvaro Novis: Operador da Odebrecht, codinome: “Peixe”, “Paulistinha” ou “Carioquinha”. Saldo: R$65 milhões.
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Fernando Migliaccio: Gerenciava contas no exterior. Codinome: “Waterloo”.
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Olívio Rodrigues Júnior: Sócio da JR Graco, codinome: “Gigolino”.
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Marcelo Rodrigues: Irmão de Olívio, codinome: “Giginho”.
Empresas Envolvidas
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Odebrecht: Líder do cartel, operava o Setor de Operações Estruturadas, conhecido como “departamento de propinas”. Pagou multas de R$3,8 bilhões em acordos de leniência com Brasil, EUA e Suíça.
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Braskem: Subsidiária da Odebrecht, pagou multas de R$3,1 bilhões. Envolvida em isenções fiscais fraudulentas.
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Camargo Corrêa: Participou do cartel, firmou delação premiada.
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Andrade Gutierrez: Pagou propinas em contratos da Petrobras e outras obras.
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Queiroz Galvão: Envolvida em fraudes em licitações.
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OAS: Pagou propinas, incluindo no caso do tríplex do Guarujá.
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Engevix: Envolvida em contratos fraudulentos.
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Mendes Júnior: Pagou propinas para garantir contratos.
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Setal Óleo e Gás (SOG): Delator Augusto Mendonça revelou o funcionamento do cartel.
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UTC: Liderada por Ricardo Pessoa, participou do cartel.
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Galvão Engenharia: Envolvida em esquemas de propinas.
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IESA: Participou de fraudes em licitações.
Julgamentos e Processos
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Fases: 79 fases até 2021, com nomes como Operação Xepa, Acarajé e Radioatividade.
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Inquéritos: 326 inquéritos instaurados.
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Denúncias: 195 denúncias apresentadas contra 981 pessoas, resultando em 244 ações penais.
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Condenações: Até 2019, 285 condenações contra 155 pessoas em 50 processos, totalizando 3.000 anos de penas. Crimes incluíram corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e fraude em licitações.
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Buscas e apreensões: 1.921 mandados, incluindo 844 no Paraná.
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Prisões: 349 prisões preventivas, 211 prisões temporárias e 130 prisões no Paraná.
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Delações premiadas: 209 acordos de delação, incluindo 77 da Odebrecht, homologados pelo STF.
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Acordos de leniência: 43 acordos com empresas, prevendo o ressarcimento de R$13 bilhões.
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Cooperação internacional: 630 acordos com países como Suíça, EUA e Argentina.
Planilhas de Propinas e Codinomes
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Origem: Dinheiro desviado de contratos superfaturados era transferido para o Setor de Operações Estruturadas via empresas de fachada, offshores ou doleiros.
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Distribuição: Pagamentos eram feitos em dinheiro vivo, transferências internacionais ou bens, como o tríplex do Guarujá.
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Codinomes: Usados para ocultar identidades, apareciam em planilhas como “Feira”, “Amigo” ou “Justiça”.
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Exemplo: Uma planilha da Odebrecht, revelada na 26ª fase (Operação Xepa), mostrava um saldo de R$50 milhões para “Pós-Itália” (Guido Mantega), com referências a “Amigo” (Lula) e “Itália” (Palocci). Outra indicava R$65 milhões para Álvaro Novis (“Peixe”).
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Lula: “Amigo” ou “Lula”.
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Antonio Palocci: “Itália” ou “Italiano”.
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Guido Mantega: “Pós-Itália”.
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José Dirceu: “Bob”.
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João Vaccari Neto: “Moch”.
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João Santana: “Feira”.
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Renan Calheiros: “Justiça”.
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Tião Viana: “Viana” ou “Menino da Selva”.
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Geraldo Alckmin: “Santo”.
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Nestor Cerveró: “Lindinho”.
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Alberto Youssef: “Primo”.
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Nelma Kodama: “Angelina Jolie”.
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Álvaro Novis: “Peixe”, “Paulistinha” ou “Carioquinha”.
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Fernando Migliaccio: “Waterloo”.
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Olívio Rodrigues Júnior: “Gigolino”.
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Marcelo Rodrigues: “Giginho”.
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Paulo Altit: Ligado a “Turquesa #2” (Porto Maravilha).
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Dinheiro vivo: Entregas em malas, como as feitas por Álvaro Novis.
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Offshores: A Odebrecht comprou um banco em Antígua, Caribe, para movimentar US$1,6 bilhão em 40 contas.
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Contratos fictícios: Usados para justificar transferências, como os R$700 mil pagos pela Odebrecht para o sítio de Atibaia.
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Caixa dois: Doações não declaradas a campanhas, como os R$2 milhões ao governador Tião Viana, dos quais apenas R$500 mil foram oficiais.
Impactos e Legado
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Políticas: Abalou o PT e outros partidos, como PMDB, PP e PSDB, contribuindo para o impeachment de Dilma Rousseff em 2016 e a eleição de Jair Bolsonaro em 2018, impulsionada pelo sentimento antipolítica.
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Econômicas: Estudos apontam um impacto negativo de R$153 bilhões na economia e 4 milhões de desempregados, devido à paralisação de obras de empreiteiras como a Odebrecht, que demitiu 189 mil pessoas.
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Jurídicos: Estabeleceu a delação premiada como ferramenta central, mas foi criticada por abusos, como prisões preventivas prolongadas e parcialidade de Moro, confirmada pelo STF em 2021 e pelo Comitê de Direitos Humanos da ONU em 2022.
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Sociais: Resgatou a esperança de combate à impunidade, mas também gerou polarização, com defensores da operação, como @janainalimasp, destacando R$25 bilhões recuperados, e críticos apontando excessos.
Críticas e Controvérsias
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Parcialidade: A Vaza Jato, vazamento de mensagens entre Moro e Dallagnol, revelou coordenação indevida, levando à anulação de condenações, como as de Lula.
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Abusos jurídicos: Conduções coercitivas e prisões preventivas foram consideradas excessivas.
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Impacto econômico: A paralisação de obras gerou desemprego em massa.
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Fim da operação: Encerrada em 2021, a força-tarefa foi criticada por Augusto Aras, então PGR, por “excessos”.
Um esquema de corrupção sistêmica

Escândalos Recentes (até 2025)
Nos últimos anos, o PT voltou ao poder com a reeleição de Lula em 2022, mas novos escândalos de corrupção emergiram em 2024 e 2025. Investigações apontaram irregularidades envolvendo ministros e aliados próximos do presidente, incluindo desvios em contratos públicos e favorecimento a empreiteiras. A Operação Lava Jato, que já havia exposto esquemas bilionários na Petrobras durante governos petistas, ganhou novos capítulos com denúncias de corrupção sistêmica.
A imagem do PT como partido ético foi definitivamente abalada. Críticos apontam que o partido, outrora defensor da transparência, se assemelha ao velho PTB pré-1964, com forte influência de líderes sindicais e práticas clientelistas. Apesar disso, o PT mantém uma base sólida em estados, municípios e no governo federal, apoiado por programas sociais como o Bolsa Família.
O Perigo é o Silêncio
A trajetória do PT reflete uma transformação: de um partido idealista, nascido nos sindicatos e na Igreja, a uma máquina política envolta em alianças pragmáticas e escândalos. A história do PT é um alerta sobre os riscos do silêncio diante de desvios éticos. Como disse Juscelino Kubitschek, que modernizou o Brasil com humildade, ou como demonstraram líderes como Churchill e Blair, que enfrentaram crises com responsabilidade, a transparência e a accountability são essenciais para a democracia.
Convidamos você a compartilhar este texto para que a história do PT, com suas controvérsias, seja conhecida e debatida.
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