50 mulheres nuas ou apenas de calcinha, montadas a cavalo, passearam pelo Hyde Park, em Londres. Foi uma açao para chamar atençao para o filme Lady Godiva e também para a organizaçao Maggie’s, que apoia pessoas com cancer. Para cada mulher nua, a diretora Vicky Jewson doou 5 libras para a ONG. O filme, lançado em janeiro, está saindo em DVD. A historia classica de Lady Godiva recebeu um tratamento de comedia romântica.
A história real
O seu nascimento está registrado na história como tendo acontecido em 1040 e a sua morte em 1080. Ainda jovem casou com Leofric, um homem de religião, mas com interesses muito obscuros que acabou por conseguir ser edil de Conventry, uma pequena vila em crescimento acelerado.
Godiva era a sua dedicada esposa, mas que, apesar do papel quase oculto das mulheres nesses tempos, não deixava de fazer, ou tentar, ver os problemas dos camponeses e a miséria em que estes viviam assim como outros assuntos similares.
A determinada altura das suas vidas, o casal resolveu criar uma abadia para receber pessoas que tivessem recebido a chamada da religião e que funcionava ainda como um centro cultural. O exterior da abadia foi escolhido pelos aldeões para as suas atividades de diversão, o que não pareceu aborrecer muito o casal, porque o que interessava era que estes estivessem entretidos e contentes. A abadia foi dedicada a Santa Eunice de Saxmundham, uma das primeiras mártires a morrer às mãos dos romanos.
Instalado na propriedade de Conventry, Leofric assumiu um papel crescente no governo e organização dos assuntos públicos da pequena vila. Ao mesmo tempo ficou com a responsabilidade dos assuntos financeiros devido ao crescimento desta. E surgiu-lhe a idéia de organizar esses assuntos com a ajuda de dinheiros públicos.
Entretanto, Godiva tinha-se tornado uma experiente amazona e adquirido o gosto por festas, artes e conhecimento.
Nos seus passeios equestres foi conhecendo melhor a vida dos camponeses e teve pena da sua existência miserável em prol de meia dúzia de ricos proprietários. E foi desta forma que se apercebeu de que a maior parte da vida destas pessoas era dedicada ao esforço para conseguirem o seu sustento, algo para vestir e formas de se protegerem sob um teto de que material fosse. Antes de perceber a dura realidade, Godiva tentou levar às massas o gosto pela beleza e pela arte, sem muito sucesso, através da abadia que fundara com o marido.
A acrescentar a todos os problemas dos camponeses estavam os impostos que Leofric cobrava na sua megalomania de fazer mais e melhor por Conventry. Os impostos eram colocados sobre tudo o que ele pensasse, chegando ao ponto de existir mesmo um sobre o estrume vendido e usado nos campos.
Godiva decidiu então que os impostos teriam de baixar para melhorar a vida dos camponeses e para lhes poder proporcionar o acesso às artes. Mas a conversa que manteve com o marido acerca do assunto não lhe correu muito bem e este não aceitou a ideia de diminuir essa fonte de rendimentos. E para castigar a mulher, decretou ainda um imposto sobre todas as obras de arte, a maior parte pertença de Godiva, do qual apenas ficaram livres as igrejas.
Para castigá-lo por sua vez, Godiva começou uma guerra de sexo, e Leofric acabou por capitular e conceder algumas alterações e reduções nos impostos. Mas para isso, Lady Godiva teria de mostrar o máximo da arte de Deus, ou seja, o seu corpo nu nas ruas da vila, por onde desfilaria a cavalo em pleno meio-dia. Para sua surpresa ela aceitou desde que tivesse a sua permissão para fazê-lo. Estupefacto com a sua coragem, Leofric decidiu ainda que se ela levasse esse ato em frente, levantaria todos os impostos sobre Conventry.
Foi escolhido um dia e toda a população aguardava em expectativa o corajoso ato.
Lady Godiva surgiu então, acompanhada a cavalo por duas criadas, estas vestidas normalmente, uma de cada lado da dama. Atravessando o mercado, Godiva mantinha a postura de sempre, relaxada e confiante. Não usava qualquer jóia ou ornamento excepto o seu longo cabelo que lhe escondia o corpo. Todos os que a viram diriam mais tarde que ela apresentava-se decente, e ninguém pensou jamais que estaria despida sob os cabelos. Esta é a versão da história considerada real que terá tido lugar a 31 de Maio de 1057, contada por Roger of Wendover na sua Crônica e que providencia inúmeros pormenores acerca do assunto.
Outra versão, mais tardia da história, conta que os seus seguidores terão pedido à população para não estar nas ruas quando ela passa-se e estes cumpriram o seu desejo, excepto um homem que se atreveu a espreitar por uma janela e ficou cego mal pousou os olhos em Godiva.
E os impostos foram retirados, aliviando o jugo dos mais pobres. Leofric manteve a sua palavra e apenas ficou a ser cobrado um imposto sobre os cavalos que já existia antes da sua direção.
A população de Conventry não esqueceu a sua patrona e dedicou-lhe uma estátua a lembrar a todos a sua cavalgada pelo povo.