Orquestra-de-Heliópolis
Foto: Michel Filho/Agência O Globo

Rosângela Barreto (Rose)

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Garra e entusiasmo: o maestro Isaac Karabtchevsky, que assumiu neste ano a regência da Sinfônica Bacarelli. Ele se diz realizado com o posto atual.

Adolescentes reunidos, conversando alto e brincando entre si, enquanto o mestre não começa. A balbúrdia típica do ambiente de uma sala de aula é na verdade um pequeno intervalo de um ensaio da Sinfônica Heliópolis, orquestra mantida pelo Instituto Baccarelli. Assim que a batuta do maestro Edílson Ventureli se levanta, cessam as conversas paralelas e a concentração torna-se absoluta.

O projeto começou em 1996 como uma ação pessoal do regente Sílvio Baccarelli na favela de Heliópolis, na Zona Sul. O objetivo era oferecer instrução musical para ampliar as oportunidades dos jovens da região. Dois anos depois, Baccarelli se uniu ao maestro Edílson Ventureli e fundou a Sociedade de Concertos de São Paulo. Era o embrião do instituto que hoje atende 1.100 jovens de 6 a 26 anos. Todos frequentam aulas de música e prática orquestral. Baccarelli ainda é o presidente de honra da entidade. Hoje, no entanto, problemas de saúde o impedem de acompanhar de perto o trabalho que criou.

Nos últimos cinco anos, a sinfônica funcionou sob a batuta do regente Roberto Tibiriçá. Neste ano, Isaac Karabtchevsky assumiu o posto. O maestro – que já regeu a Orquestra Tonkünstler, de Viena, na Áustria, e a Orchestre National des Pays de la Loire, da França – também responde pela direção artística da entidade. “Em termos de realização profissional, não tenho do que reclamar”, diz Karabtchevsky. “Essas orquestras compensam as deficiências normais da fase de aprendizado com garra e entusiasmo contagiantes”, afirma.

Uma das metas de Karabtchevsky é tornar a Sinfônica Heliópolis, carro-chefe do instituto, uma orquestra profissional. Para que os alunos não dependam de outros empregos, eles recebem uma ajuda de custo de, no mínimo, R$ 1.200. A esse valor somam-se bônus, obtidos, por exemplo, quando o aluno não falta às aulas ou tira boas notas nas provas. Com isso, o auxílio pode chegar a R$ 3.280.

Cursar uma faculdade de música também conta pontos nessa matemática. Esse é o objetivo de Tayanne Sepúlveda, de 17 anos. Ela frequenta o Baccarelli há seis anos. Desde janeiro, é uma das trompistas da Sinfônica Heliópolis. A rotina é cansativa. Além das aulas de música, ela cursa o terceiro ano do ensino médio. “No sábado, estou pedindo cama, mas tenho de continuar estudando.” Em 2006, sua mãe sofreu um acidente de carro e a jovem quase abandonou a música para assumir as tarefas de casa. Foi Silmara Drezza, coordenadora pedagógica do Coral da Gente, quem convenceu o pai da menina a mantê-la nas aulas. “Falei que ela era muito talentosa e pedi mais um ano. Deu certo”, diz.

O programa Coral da Gente reúne os 20 coros do instituto e é considerado por Edílson Ventureli a “porta de entrada” do projeto. “A Sinfônica Heliópolis é um orgulho, mas são os coros que nos emocionam todos os dias”, diz. Em agosto, alguns membros dos corais participarão da abertura da 16º edição do programa Criança Esperança, uma parceria entre a TV Globo e a Unesco. As crianças selecionadas irão ao Rio, onde apresentarão canções como “Maracangalha”, de Dorival Caymmi.

O projeto ainda mantém as orquestras infantojuvenil e juvenil, para os mais novos ou que estão começando no universo da música. A Sinfônica Heliópolis é a última etapa no projeto. Alguns ex-alunos buscam uma vaga nas grandes orquestras do mundo. Como o violoncelista Emerson Nazário e o violista José Baptista Jr., que hoje tocam na Academia Filarmônica de Israel. Outra opção é seguir a carreira de professor e, assim, dar continuidade à iniciativa de Baccarelli. É o caso do violinista Dan Tolomony, de 23 anos, que integra a Sinfônica Heliópolis e é professor assistente de violino na Sinfônica Juvenil.

O mais recente concerto da orquestra estava marcado para 25 de junho, na Sala São Paulo. Regido por Karabtchevsky, incluía abertura de óperas, como A Flauta Mágica, de Mozart. Para o maestro, o sucesso do instituto deve-se ao fato de que em qualquer lugar há talentos. “Não é necessário prospectar para encontrar, como se faz com o petróleo. Basta oferecer um projeto e condições para realizá-lo.”

Eu posso falar do imenso trabalho que o maestro fez no meu bairro,  que tem por missão oferecer formação musical e artística de excelência proporcionando desenvolvimento pessoal e criando a oportunidade de profissionalização, com foco em crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social.
Parabéns Maestro pela iniciativa que já dura 15 anos

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Rosângela Barreto é formada em Comunicação e Letras, exerce a função de Executiva de Contas em Recuros Humanos há 24 anos, nas horas vagas adora cozinhar e inventar pratos diferentes

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2 thoughts on “Orquestra de Heliópolis Quer se Profissionalizar

  1. Giba says:

    Rose,
    Se exemplos como este de Silvio Baccarelli fossem seguidos por mais profissionais e empresários, deixaríamos de ter a lacuna social que temos hoje.
    A importância que ações como esta tem na vida destes jovens é imensurável.
    Obrigado por nos trazer informação tão relevante.
    Um grande abraço

  2. Rose says:

    Giba, o empreendimento social que o maestro proporcionou foi imenso.
    Hoje a comunidade do Heliópolis só ganha com a presença de patrocinadores dentro e fora do Brasil.
    O Instituto Baccarelli foi fundado em 1996 pelo maestro paulista Silvio Baccarelli, com longa experiência de regência coral iniciada em seminários e paróquias paulistanos. Tendo trabalhado longamente ao lado de Eleazar de Carvalho, Baccarelli sensibilizou-se em 1996 com um incêndio ocorrido na favela de Heliópolis, na Grande São Paulo, e tomou a iniciativa de fazer um projeto de ensino de música.
    Só elogios para ele
    grande abraço
    Rose *

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