Presidente Dilma,
Inicialmente, minhas desculpas por tratá-la de Presidente e não de Presidenta, de acordo com a sua manifesta vontade. Faço-o, porque não compactuo com qualquer forma de desobediência a leis e tratados que tenham entre os signatários o meu país, como é o caso do acordo firmado entre o Brasil e os países de Língua Portuguesa, à luz do qual esse vocábulo não possui flexão de gênero por ser um substantivo comum de dois, possuindo, portanto, uma grafia única para os gêneros masculino e feminino.
Mas o objetivo primordial dessa carta aberta não é levantar a questão relacionado a esse pequeno desvio de conduta de natureza linguística. A finalidade desse documento de cunho jornalístico é cumprimentá-la pela forma corajosa como adentrou a propaganda partidária do PCdoB (Partido Comunista do Brasil), levada ao ar na TV, na noite de 28/03/2012, para revelar de forma cristalina sua real identidade doutrinária.
Pessoalmente, eu me considero beneficiado por essa sua atitude arrojada, haja vista que, graças a ela, vejo resgatar-se junto a milhares de leitores minha credibilidade um tanto abalada, por haver afirmado na mídia, repetidas vezes , que a sua militância política na juventude tinha dupla finalidade: destruir o regime de governo vigente e substituí-lo pela ditadura do proletariado, liderada na época pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Até escrevi isso no jornal Zero Hora, de Porto Alegre, sendo contestado por leitores que não acreditavam nessa versão.
Saiba que, em função da declaração feita na propaganda do PCdoB, enfatizando que o partido simbolizado na Foice-e-Martelo pulsa-lhe forte no lado esquerdo peito, a Senhora demonstrou ser uma pessoa transparente, que não vê por que esconder que sempre aprovou, em grau, gênero e número, coisas como o “Muro de Berlim”, o Regime fechado de Cuba, com seu tenebroso Pelotão de Fuzilamento, os campos de concentração da Sibéria, da Era Satalinista, a ação do governo chinês contra os protestos de estudantes, que ficou conhecido como “Massacre da Praça da Paz Celestial”, além de outras ditaduras de mesma coloração doutrinária, hoje em processo de dissolução frente às ações populares que clamam por liberdade. Por sua atitude franca e decidida, que deixa nas entrelinhas a certeza de que o seu “sonho da juventude” não acabou, ficam aqui registrados, Presidente Dilma Rousseff, os meus sinceros cumprimentos.
Lino Tavares