OLÁ! COMO VAIS? 1

Mário QuintanaSe me esqueceres, só uma coisa, esquece-me bem devagarinho

A gente anda tão corrido que, inconscientemente, vamos reservando lembranças de afetos passados em algum lugar da gente.

Não deixamos de gostar daqueles que nos fizeram sorrir, amar, borboletear pela vida.

Não os ignoramos nem mesmo os colocamos em evidência nas conversas presentes, nos relacionamentos que se seguem.

Fazemos um pacto secreto e inviolável para que àquelas relações passadas se transformem em Reservas Especiais, como bons e finos vinhos.

Isso me faz lembrar de uma música do Chico Buarque chamada Sinal Fechado que, ocasionalmente, reencontra alguém que representou muito num passado distante.

– Olá! como vais?

Tem um sentido nobre esta pergunta quando se fala ou vê pessoas queridas outrora, porque envolve saudade, lembrança, recordação da parte boa que ficou para trás.

Em questão de minutos, quase ao mesmo tempo da mudança do semáforo, tudo vem à mente: o que se viveu … os anos que passaram… as alegrias de papos maravilhosos… os doces momentos de intimidade e não mais se dá importância às causas do afastamento.

Esses reencontros relâmpagos e ocasionais buscam ‘saborear’ o momento, onde se conversa de forma delicada, mansa e, na despedida, irão se reconduzir às Reservas Especiais.

Preciosamente dialógos enlaçados pelo passado acontecem quando o Sinal está Fechado para tudo o mais por ambas as partes e, nesse diapasão, cada qual retornará ao seu cotidiano tomando o cuidado de guardar seus segredos, deitando-os ao calor de uma boa noite de sono.

– Olá! como vais?
– Eu vou indo e você…tudo bem?

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