Lino Tavares
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Senhores togados do STF, que chegaram ao patamar mais alto do poder judiciário pela lei do menor esforço, já que lhes bastou para essa conquista sem mérito o engajamento político coincidente com os interesses partidários dos governantes que os nomearam. Se ainda existia uma pontinha de esperança de encontrar um mínimo de dignidade em certas figuras marcadas dessa Corte decadente, hoje essa minguada expectativa se desfigurou completamente como uma pedra de gelo se desfaz sob o sol causticante do deserto do Saara.
A sessão circense armada com muita parcimônia para evitar a prisão do maior ladrão público da história republicana brasileira, que atende pelo apelido de Lula, atestou de forma cabal que a nossa justiça, fazendo coro aos outros dois poderes da República, está falida e rastejante na sua instância mais elevada. O que os senhores fizeram nesta tarde triste de 22 de março de 2018 nada mais foi do que usar os mecanismos do poder que lhes foi outorgado, não pelo povo, mas pelos seus padrinhos políticos, para hipotecar solidariedade a um canalha publicamente desmascarado e condenado, que ao longo de anos saqueou e infelicitou toda a nação brasileira, usando o rótulo de presidente da Repúblico, cargo para cujo exercício jamais possuiu um mínimo de conteúdo ético, moral e intelectual.
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Não pensem que essa manobra suja, adiando o julgamento do habeas corpos do individuo Lula da Silva e aprovando uma liminar de bolso de colete que impede a prisão do bandido após a conclusão do processo em que foi condenado no TRF-4, prevista para segunda-feira, foi encarada pela população medianamente esclarecida como um ato de salvaguarda do estado de direito. Longe disso, o que os senhores decidiram foi a mais descarada manifestação de apoio a quem tanto mentiu, roubou e enganou no exercício do poder. Na prática, a torpe decisão que tomaram favoravelmente a esse criminoso não passa de “associação para o crime”, talvez uma forma de garantir o “status quo” da corrupção desenfreada que domina os três poderes da República, sabe-se lá por conta de que interesses inconfessáveis.
Fiquem certos, senhores abutres togados da Suprema Corte que votaram pela impossibilidade de Lula ser preso na instância digna em que foi julgado e condenado, de que ninguém mais acredita em outro resultado no julgamento final desse recurso, que não seja no sentido de manter solto o mega ladrão público, talvez até para que ele não cumpra a ameça que teria feito de, uma vez preso, entregar gente graúda das altas esferas do poder, algo que coloca em suspeição todos quantos propugnarem pela manutenção de Luiz Inácio Lula da Silva fora da cadeia, único lugar em que merece estar para pagar por seus crimes de lesa-pátria e servir de exemplo aos que escolhem esse caminho torpe para amealhar bens materiais com que sonharam, mas cuja conquista jamais tiveram coragem e competência para alcançar com o suor de seu rosto, trabalhando honestamente.
Na foto, o “sexteto da orquestra que tocou a marcha fúnebre no sepultamento da credibilidade da Suprema Corte, ocorrido nesta data”.