Até quando iremos manifestar na nossa fé que a morte seja ainda apresentada com as mais negras cores? De início, as religiões dos homens no mundo têm que mudar nomenclaturas de crença e admitir, em conjunto, que a morte é apenas fenômeno natural e que, em espírito, iremos reencontrar com os nossos afetos mais queridos. O Inferno como o Céu, pintados por certas Igrejas e Templos como lugares respectivamente de sofrimentos eternos e de alegrias aparentes terão a sua nomenclatura desmistificada como posicionamentos íntimos que cada um de nós tem encerrado no coração. A nossa consciência será nosso juiz intimorato, por onde poderá ressurgir dela, claridades diamantinas de tranqüilidade ou simplesmente ser aprisionada com as correntes pesadas da Mea Culpa, ainda a ser mais bem diagnosticada.
O orador espiritual Albano Metelo, asilado por pouco tempo na colônia nos planos invisíveis “Templo da Paz” discorria a respeito da tão indesejada morte, para uma platéia assídua, onde André Luiz, autor do livro em estudos “Obreiros da Vida Eterna”, psicografado por Chico Xavier, se fazia também presente. Vejamos algumas citações: “As criaturas, porém, atravessam breve período de existência no mundo carnal”. E quantas se desviam do caminho do aperfeiçoamento espiritual, iludidas, ainda, pelo inebriante contato com as ilusões do mundo! Contudo, não é o mundo que as fazem desviar do roteiro de salvação, mas sim, seus próprios habitantes que teimam em mistificar libertação espiritual com graduados momentos de ansiedade, de dúvida, de virações angustiantes de uma fé cega e cruel.
Com a mesma inflexão na voz, continuou o exímio palestrante: “A maioria demora-se nas estações expiatórias do resgate difícil…”. Compulsoriamente, milhares e milhares de almas são enviadas para mundos em estágios de expiações – no momento, como a Terra – para sorver todos os delitos perpetrados contra a Justiça Divina. E nessas idas e vindas, o quanto elas sofrem para admitir os erros e tentar solucioná-los à Luz esclarecedora da Misericórdia Divina!
E para fechar esse raciocínio, Albano Metelo conclui: “Fazem da morte uma deusa sinistra”. Encarceramo-nos, sem uma definição mais sensata sobre a morte, numa psicosfera de terror e apego por não aceitarmos a continuidade da Vida depois da vida. Infelizmente, é o que podemos notar que milhares de fieis são orientados, erroneamente, quanto ao seu destino no além-túmulo. Se salvos do inferno escaldante e eterno, serão submetidos a um paraíso regido por falsas notas de tranqüilidade, onde o coração será forçado a encarar uma realidade que está aquém dos ensinamentos religiosos até então recebidos. Ninguém em sã consciência deixará de auxiliar um parente ou amigo que esteja em regiões trevosas sofrendo “infinitamente” sem sequer se tenha uma assistência mais velada e mais fraterna. E como é bom saber que existe um Deus Misericordioso e Justo para com Seus filhos, não acha, Amigo Leitor? Cap.1-h