Quem viveu a era do chamado “Regime Militar” tem opinião formado sobre o que viu e sentiu naquele período de exceção de nossa história republicana. Cabe-lhe , portanto, assumir uma postura consentânea com aquilo que vivenciou nos 20 anos de governo dos militares. Se era contra o regime, por uma ou outra razão, deve criticá-lo nos dias atuais. Se era a favor, precisa continuar defendendo-o, por questão de coerência.
Mas não é bem isso o que acontece nesse “vale tudo” hoje colocado em prática na política brasileira, em nome de uma governabilidade que nada mais é do que troca de favores em prol da continuidade do poder corrupto que aí está. O Partido Progressista (PP) é um exemplo típico dessa incongruência histórica. Herdeiro do espólio da antiga ARENA, é hoje um fiel aliado da base do governo, minada de antigos traidores pátrios que um dia ajudou a combater , quando figurava como base de sustentação política do governo revolucionário instalado no Brasil em 31 de março de 1964.
Essa forma de acomodação, que beira as raias da covardia e do servilismo, ocorre em todos os setores da sociedade, não sendo portanto uma exclusividade da classe política promíscua e corrupta que hoje assalta a nação. Nos quadros da mídia ela é muito comum. Para citar um exemplo, chamo a atenção para um disparate dito pelo famoso diretor e produtor de TV, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho – o Boni – durante uma entrevista na televisão, em que afirmou de forma categórica que o governo da época do “Regime Militar” foi um desastre total.
Isso dito agora por um dos homens fortes daquela Rede Globo, comandada por Roberto Marinho, que sempre andou de mãos dadas com o “Regime Militar, é de uma desfaçatez capaz de irritar o mais pacato e desatento observador político . Boni cresceu profissionalmente à sombra de um canal de televisão que compactuou silente e servil com as ações do governo militar que hoje classifica como desastrado.
Atitudes como essa, somadas aos arroubos “esquerdoides” de velhos militantes da direita, como José Sarney, Fernando Collor, Delfim Neto, Severino Cavalcanti e diversos outros que aí estão, dizendo-se esquerdistas desde criancinha, revoltam o estomago daqueles cidadãos da terceira idade que viveram os dois períodos, representados pela “Ditadura Militar” e a fase de redemocratização, hoje transformada em porta aberta para a entrada no poder de ladrões de todos os matizes políticos e ideológicos.
Lino Tavares é jornalista diplomado, colunista na mídia gaúcha e catarinense, integrante da equipe de comentaristas do Portal Terceiro Tempo da Rede Bandeirantes de Televisão, além de poeta e compositor
Clique aqui e leia mais artigos de Lino Tavares
Para você configurar seu avatar com sua foto, para que esta fique visível nos comentários, siga os três passos:
1. Vá até www.gravatar.com, clique em SIGN UP.
2. Adicione o e-mail que você utiliza em seus comentários aqui.
3. Complete o cadastro.