Ponto de vista de um candidato à vereador por São Paulo, Nelson Valente
Nelson Valente
A educação brasileira tem uma série de nós. Os administradores chamam isso de entropia. Mas, a nosso ver, nenhum suplanta o fenônemo da repetência, com os seus desdobramentos.
Vivemos um tempo em que se falava muito de evasão e repetência. Hoje, sabe-se que a evasão, na escola brasileira, não passa de 3%, o que desmente a tese de que as nossas crianças não gostam de suas escolas.
O que existe de fato, é uma enorme repetência, além de uma escandalosa distorção idade/série. Os dois fatores são intercomplementares, o que acaba por justificar a incrível estatística de que 86% das crianças estudam fora das séries respectivas, com um atraso apreciável.
Para completar os oito anos de ensino fundamental, é comum levar de 11 a 12 anos, gerando uma sobrecarga no sistema que é bastante onerosa.
A repetência apresenta justificativas que se somam. Em primeiro lugar, a preocupação dos sistemas de ensino de valorizar a aprovação, como se nessa idade isso fosse importante. O que interessa, sobretudo na faixa etária dos 7 aos 10 anos de idade, é a presença da criança na escola, adquirindo hábitos de convivência, respeito aos mestres e adesão às tarefas da relação ensino-aprendizagem,
Em segundo lugar, mas que pode ser o primeiro, a atuação das professoras, em geral com pouco preparo e salários rídiculos. Não residirá aí a falta de motivação das próprias crianças e uma boa base para se considerar o proclamado fracasso escolar?
Em terceiro lugar, o apoio sincopado do MEC. Não são todas as escolas que recebem meranda, nem todas elas são aquinhoadas com livros didáticos ( estes, quando chegam, em geral é muito tempo depois de iniciadas as aulas). Se reduzirmos a repetência a proporções modestas, haverá vagas para todos – e não se precisará mais pensar nesses “ monstros de concretos” que fazem a alegria das empreiteiras.
Nelson Valente é jornalista, professor universitário e escritor. Pesquisador nas áreas de psicanálise, comunicação, educação e semiótica. É mestre em Comunicação e Mercado e doutor em Comunicação e Artes. O autor também é especialista em Legislação Educacional, Psicanálise,Teoria da Comunicação e Tecnologia Educacional e já publicou 16 (dezesseis) livros sobre o ex-presidente Jânio Quadros e outros sobre educação, parapsicologia, psicanálise e semiótica, no total de 68 (sessenta e oito) livros e alguns no prelo. Ex-presidente da Academia Blumenauense de Letras/ALB, Acadêmico. Membro da Sociedade dos Escritores de Blumenau/SEB
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Prezado José Massucatti Neto,
nos dois últimos governos inventaram índices, condições de oferta, Sinaes, Conaes, IGCs, CPCs, CCs ,Pronatec, sistemas de Cotas, SISU e AIEs (Avaliação Institucional Externa), produziram especiosos e detalhistas, senão ineficazes, instrumentos de avaliações, além de Enade, Enem, provinhas e provões, decretos-pontes, reformas universitárias, dilúvios de portarias ministeriais, micro (ou nano) regulatórias, enfim, uma parafernália de mudanças.
Tudo muito bonito, mas efetivamente inócuo.
Não se discute o ensino superior no Brasil, discute-se o acesso ao ensino superior, por isso, não existe uma política universitária, uma política educacional do ensino superior. Minha decepção nesse período é que não tenhamos discutido os objetivos do ensino superior no Brasil. Hoje, o Brasil é a 6ª economia do mundo.
Se pegarmos a lista de melhores universidades mundiais, não encontramos nenhuma universidade brasileira entre as 100 primeiras. Vemos alguma lá na 180ª posição, que são as paulistas, a USP, a Unicamp, seguidas pela UFRJ, UFMG. O Brasil nunca definiu se deseja ter uma grande universidade de qualificação mundial. A Coreia do Sul está lutando bravamente para constituir universidades de qualificação mundial.
A China tem um plano de fazer 100 universidades de qualificação mundial até 2021. A Alemanha tem um programa de 2,5 bilhões de euros para a qualificação. O presidente francês deu autonomia para as principais universidades e exigiu que elas se qualifiquem. Portugal e Austrália também têm feito movimentos nessa direção. A Inglaterra tem pelo menos três universidades de classe mundial e os EUA tem um caminhão delas. E o Brasil, quer o que com seu ensino superior?
Alguns dirão: a expansão, que é uma política social; outros dirão: as cotas, que também é uma política social; outros, o Prouni (Programa Universidade para Todos), que também é uma política social. Mas, as universidades devem ensinar o quê? É para continuar formando quais profissionais na graduação? Nós queremos universidades de qualificação mundial no Brasil? Queremos universidades de ponta comparadas às de outros países? O que devemos ensinar aos estudantes universitários? Não se discute o ensino superior no Brasil, discute-se o acesso ao ensino superior, por isso, não existe uma política universitária, uma política educacional do ensino superior.
Abraços,
Nelson Valente
Sem professores o que há? Apenas prédios, mas nada, a valorização dos profissionais e devido preparo é imprescindivel. Os paises como Coreia do Sul, apenas chegaram ao patamar de desenvolvimento atual graças a uma política voltada com todos esforços para a Educação, desde jardim de infância a formação acadêmica. Porém pior do que a desistência e a repetência, está no que hoje chamo de “ABRIGO DA INCOMPETÊNCIA /ESCONDERIJO DA IGNORÂNCIA/ PALANQUE DA ARROGÃNCIA”, ou seja, os diplomas comprados nas centenas de Faculdades que pululam, em um comércio absurdo, não do saber mas do diplomar. Pessoas que sem o mínimo preparo, sem fundamentos, apenas e tão somente por estarem com um diploma, se dizem doutores, vomitam isso aos quatro ventos. Advogados, médicos etc, que não sabem ler ou escrever, mas enchem o peito e dizem, sou formado!!! Enganados pela propaganda das universidades particulares.
Enquanto tivermos esse comércio com algo que a meu deveria ser apenas obrigação do Estado , a Educação, estiver nas mãos de empresarios, enquanto a qualidade de quem estará a frente da saude, justiça e/ou ensino for tão precária, não poderemos esperar muito do futuro desse país.