A revista Superinteressante em sua edição de abril de 2010 traz em sua matéria de capa uma reportagem sobre Chico Xavier, onde a jornalista Gisela Blanco traz um bocado de inverdades sobre a vida e obra de Francisco Candido Xavier e sobre as condutas do espiritismo.
Sem conhecimento de causa e com uma condução visivelmente tendenciosa, a jornalista traz nas páginas da revista um texto lamentável e o que é pior, ainda temos o complemento do editorial, assinado por Sérgio Gwercman, Diretor de redação da revista, onde ele tenta separar os significados de respeito e de reverência, como se a reverência não fosse um sinal de respeito.
Também é dito na matéria que Chico Xavier foi um martir do espíritismo, mas martir é aquele que morre por uma causa, o que não foi o caso de Chico, ele viveu o espíritismo e isso é bem diferente. Ele influenciou, ele serviu de exemplo, ele foi o portador de uma inigualavel manifestação de determinação, trabalho e bondade indiscutivel.
Espero sinceramente que pese sobre a referida redação e a citada reporter as consequencias cabidas pelos relatos e comentários irresponsáveis vindo de uma publicação que se diz séria e imparcial.
Abaixo deixo a íntegra de três manifestações a respeito, sendo a primeira vinda de Portugal sob autoria do espírita Mário Correia, a segunda do brasileiro e autor espírita Richard Simonetti, que teve uma de suas publicações citadas na matéria, onde o livro de reflexão espírita “Rindo e Refletindo com Chico Xavier” e dito como sendo um livro de piadas, a terceira do Analista de Sistemas, escritor, profissional de rádio e televisão, Alamar Régis Carvalho, onde cita sua indignação pela explícita parcialidade, preconceito e espírito armado, praticado por Gisela Blanco.
Primeira carta:
Sr. Director da revista Super-Interessante,
A propósito do trabalho “jornalístico” de Gisela Blanco sobre Francisco Cândido Xavier, já tivemos oportunidade de fazer eco das reacções de Alamar Régis Carvalho e de Richard Simonetti, no Blog de Espiritismo, mais precisamente nesta entrada:
http://blog-espiritismo.blogspot.com/2010/04/alamar-carta-revista-super-interessante.html
Nós, espíritas portugueses, apesar da distância física que nos separa do Brasil, conhecemos a biografia de F. C. Xavier, as suas obras psicografadas e o seu exemplar testemunho de vida, que é para nós uma inspiração. Espíritas e não espíritas reconhecem que Chico Xavier foi dos mais maravilhosos seres humanos que pisaram este planeta. Subscrevemos inteiramente essa ideia.
Conhecendo Chico Xavier e sua obra, sabendo da pobreza material em que sempre viveu e da sua exemplar honestidade e amor ao próximo, ficámos consternados e desiludidos com a vossa publicação. Se se tratasse de uma pagela de algum grupo de fanáticos religiosos, nem prestaríamos atenção. Mas trata-se de uma publicação de divulgação científica popular, pela qual temos apreço, tanto pela edição brasileira quanto pela portuguesa.
Solicitamos a reposição da verdade, e, se nos é permitido um conselho, a jornalista Gisela Blanco deve esforçar-se por separar as suas convicções e ódios pessoais, do seu trabalho enquanto profissional.
Com os melhores cumprimentos,
Mário Correia
Portugal
Segunda carta:
Senhor Sérgio Gwercman
Diretor de redação da revista Super Interessante
Sou assinante dessa revista há muitos anos. Sempre a encarei como
publicação séria, fonte de informações a oferecer subsídios para meu
trabalho como escritor espírita, autor de 49 livros publicados.
Essa concepção caiu por terra ao ler, na edição de abril, infeliz
reportagem sobre Francisco Cândido Xavier, pretensiosa e tendenciosa,
objetivando, nas entrelinhas, denegrir e desvalorizar o trabalho do
grande médium.
Isso pode ser constatado já na seção “Escuta”, com sua assinatura, em
que V.S. pretende distinguir respeito de reverência, como se
reverência não fosse o respeito profundo por alguém, em face de seus
méritos.
Podemos e devemos reverenciar Chico Xavier, não por adesão de uma fé
cega, mas pela constatação racional, lúcida, lógica, de que estamos
diante de uma personalidade ímpar, que fez mais pelo bem da Humanidade
do que mil edições de Superinteressante, uma revista situada como
defensora do bom jornalismo, mas que fez aqui o que de pior existe na
mídia – a apreciação superficial e tendenciosa a respeito de alguém ou
de uma notícia, com todo respeito, como pretende seu editorial, como
se fosse possível conciliar o certo com o errado, o boato com a
realidade, o achincalhe com o respeito.
Para reflexão da repórter Gisela Blanco e redatores dessa revista que
em momento algum aprofundaram o assunto e nem mesmo se deram ao
trabalho de ler os principais livros psicografados pelo médium, sempre
com abordagem superficial, pretendendo “explicar” o fenômeno Chico
Xavier, aqui vão alguns aspectos para sua reflexão e – quem sabe? – um
cuidado maior em futuras reportagens.
De onde a repórter tirou essa bobagem de que “toda essa história
começou com as cartas dos mortos?”
Se as eliminarmos em nada se perderá a grandeza de Chico Xavier. A
história começa bem antes disso, com a publicação, em 1932, do livro
Parnaso de Além-Túmulo, quando o médium tinha apenas 22 anos.
A reportagem diz: “Ele dizia que não escolhia os espíritos a quem
atenderia, só via fantasmas e ouvia vozes. Mas parecia ser o escolhido
por celebridades do céu. Cruz e Souza, Olavo Bilac, Augusto dos Anjos
e Castro Alves lhe ditaram versos e prosa.”
Afirmativa maliciosa, sugerindo o pastiche, a técnica de copiar estilo
literário. O repórter não se deu ao trabalho de observar que no
próprio Parnaso há, nas edições atuais, 58 poetas desencarnados, menos
conhecidos e até desconhecidos, como José Duro, Alfredo Nora, Alma
Eros, Amadeu, B.Lopes, Batista Cepelos, Luiz Pistarini, Valado Rosa…
Poetas do Brasil e de Portugal que se identificam pelo seu estilo, em
poesias personalíssimas enriquecidas por valores de espiritualidade.
Não sabe ou preferiu omitir a repórter que Chico psicografou poesias
de centenas de poetas desencarnados, ao longo de seus 75 anos de
apostolado, na maior parte poetas provincianos, conhecidos apenas nas
cidades onde residiam no interior do Brasil. Pesquisadores constatam
que esses poemas não são “razoavelmente fiéis ao estilo dos autores”.
São totalmente fiéis.
Não tem a mínima noção de que a técnica do pastiche, a imitação de
estilo literário, é extremamente difícil, quase impossível.
Pastichadores conseguem imitar uma página, uma poesia de alguém,
jamais toda uma obra ou as obras de centenas de autores.
Afirma que Chico foi autodidata e leitor voraz durante toda a vida,
sempre insinuando o pastiche. Leitor voraz? Passava os dias lendo? Só
quem não conhece sua biografia pode falar uma bobagem dessa natureza,
já que Chico passava a maior parte de seu tempo atendendo pessoas,
psicografando, participando de reuniões e atendendo à atividade
profissional. Não conheço um único documentário, uma única foto
mostrando Chico lendo “vorazmente”. Ah! Sim! Para a repórter Chico
certamente escondia isso.
Fala também que Chico teria 500 livros em sua biblioteca e que “a
lista inclui volumes de autores cujo espírito o teria procurado para
escrever suas obras póstumas, como Castro Alves e Humberto de Campos”.
E as centenas de poetas e escritores que se manifestaram por seu
intermédio. Chico tinha livros deles? E de poetas que sequer
publicaram livros?
Quanto a Humberto de Campos, cuja família tentou receber na justiça os
direitos autorais pelas obras psicografadas por Chico, o que seria
ótimo acontecer, o reconhecimento oficial da manifestação dos
Espíritos, esqueceu-se a repórter de informar que Agripino Grieco, o
mais famoso crítico literário de seu tempo, recebeu uma mensagem do
escritor, de quem era amigo. Reconheceu que o estilo era
autenticamente de Humberto de Campos, mas que o fato para ele não
tinha explicação, já que, como católico praticante, não admitia a
possibilidade de manifestação dos espíritos.
Esqueceu ou ignora que Chico, médium psicógrafo mecânico, recebia duas
mensagens simultaneamente, com ambas as mãos sendo usadas por dois
espíritos. Desafio Superinteressante a encontrar um prestidigitador
capaz de fazer algo semelhante.
Uma pérola de ignorância jornalística está na referência sobre
materialização de Espíritos: “seria necessário produzir um total de
energia duas vezes maior do que é hoje produzido pela hidroelétrica de
Itaipu por ano, segundo os cálculos feitos por especialistas exibidos
por reportagens sobre Chico nos anos 70.” Seria superinteressante a
repórter ler sobre as pesquisas de Alfred Russel Wallace, Oliver
Joseph Lodge, Lord Rayleigh, William James, William Crookes, Ernesto
Bozzano, Cesare Lombroso, Alexej Akzacof e muitos outros cientistas
respeitáveis que estudaram o fenômeno da materialização e o admitiram.
Leia, também, sobre quem eram esses cientistas, para constatar que não
agiam levianamente como está na revista.
A repórter reporta-se às reuniões mediúnicas das quais Chico
participava como shows que o tornaram famoso e destila seu veneno.
Cita o sobrinho de Chico que, dizendo-se médium, confessou que era
tudo de sua cabeça, o mesmo acontecendo com o tio. Por que passar essa
informação falsa, se o próprio sobrinho de Chico, notoriamente
perturbado e alcoólatra, pediu desculpas pela sua mentira? Joga penas
ao vento e espera que o leitor as recolha? Omitiu também a informação
de que ele confessou que pessoas interessadas em denegrir o médium
pagaram-lhe pela acusação.
Eram frequentes nas reuniões a ocorrência de fenômenos como a aspersão
de perfumes no ambiente, algo que, deveria saber a repórter, costuma
ocorrer com os médiuns de efeitos físicos. No entanto, recusando-se a
colher informações mais detalhadas sobre o assunto, limitou-se a dizer
que em 1971 um repórter da revista Realidade, José Hamilton Ribeiro,
denunciou que viu um dos assessores de Chico Xavier levantar o paletó
discretamente e borrifar perfume no ar. Sugere que havia mistificação,
aliás, uma tônica na reportagem. Por que não foram consultadas outras
pessoas, inclusive centenas que tiveram seus lenços inexplicavelmente
encharcados de perfume ou a água que levavam para magnetizar, a exalar
também um olor suave e desconhecido que perdurava por muitos dias?
Na questão das cartas, milhares e milhares de cartas de Espíritos que
se comunicavam com os familiares, sugere a repórter que assessores de
Chico conversavam com as pessoas, anotando informações para dar-lhes
autenticidade. Lamentável mentira. E ainda que isso acontecesse, Chico
precisaria ser um prodígio para ler rapidamente as informações e
inseri-las no contexto de cada mensagem, de cada espírito,
mistificando sempre.
E as mensagens dirigidas a pessoas ausentes? E os recados aos
presentes? Não eram só mensagens. Eram incontáveis recados. A pessoa
aproximava-se de Chico e ele, sem conhecer nada de sua vida,
transmitia recados de familiares desencarnados, na condição de um ser
interexistente, que vivia simultaneamente a vida física e a
espiritual, em contato permanente com os Espíritos.
Lembro o caso de um homem inconformado com a morte de um filho. Ia
toda noite deitar-se na sepultura do rapaz, querendo “ficar com ele”.
Não contava a ninguém, nem mesmo aos familiares. Em Uberaba recebeu
mensagem do filho pedindo-lhe que não fizesse isso, porquanto ele não
estava lá.
Durante muitos anos Chico psicografou receituário mediúnico de
homeopatia. Perto de 700 receitas numa noite. Ficava horas
psicografando. E os medicamentos correspondiam à natureza do mal dos
pacientes, sem que o médium deles tivesse o mínimo conhecimento. Na
década de 70 tive uma uveíte no olho esquerdo. Compareci à reunião de
receituário. Escrevi meu nome e idade numa folha de papel. Não
conversei com ninguém. Após a reunião recebi a indicação de dois
medicamentos. Tornando a Bauru, onde resido, verifiquei num livro de
homeopatia que o dois medicamentos diziam respeito ao meu mal.
Curaram-me.
Concebesse a repórter que, como dizia Shakespeare, há mais coisas
entre a Terra e o Céu do que concebe nossa vã sabedoria, e não se
atreveria a escrever sobre assuntos que desconhece, com o atrevimento
da ignorância.
Outras “pérolas” da reportagem:
Oferece “explicações” lamentáveis para o fenômeno Chico Xavier.
Psicose, confundindo mediunidade com anormalidade.
Epilepsia, descarga elétrica que “poderia causar alheamento, sensação
de ausência, automatismo psicomotor”, segundo a opinião de um médico.
Descreve algo inerente ao processo mediúnico, que não tem nada a ver
com desajuste mental, ou imagina-se que o contato com o Espírito
comunicante não imponha uma alteração nos circuitos cerebrais, até
para que ocorra a manifestação? E porventura o médico consultado sabe
de algum paciente que produza textos mediúnicos durante a crise
epilética?
Criptomnésia, memórias falsas, lembranças escondidas no subconsciente
do médium, ao ouvir informações sobre o morto. Inconscientemente ele
“arranjaria” essas informações para forjar a “manifestação”.
Telepatia. Aqui o médium captaria informações da cabeça dos
consulentes e as fantasiaria como manifestação do morto. Como dizia
Carlos Imabassahy, grande escritor espírita, inconsciente velhaco,
porquanto sempre sugere que é um morto quem se manifesta, não ele
próprio.
Informa a repórter que “acuado pelas críticas na Pedro Leopoldo de 15
mil habitantes, Chico resolveu fazer as malas e partir para Uberaba,
um polo do Espiritismo onde contaria com um apoio de amigos”.
Mentira. Ele deixou Pedro Leopoldo, onde tinha muitos amigos, não por
estar “acuado”, mas simplesmente seguindo uma orientação do Mundo
Espiritual, em face de tarefas que desenvolveria em Uberaba que, então
sim, com sua presença transformou-se em “polo do Espiritismo”.
Na famoso pinga-fogo a que Chico compareceu, em 1971, na TV Tupi, um
marco na história das entrevistas televisivas, com uma quase
totalidade de audiência, diz a repórter que Chico foi “bombardeado por
perguntas. Mas se safou.” Bombardeado? Safou-se? O que foi essa
entrevista, um libelo acusatório contra um mistificador? Se a repórter
se desse ao trabalho de ver a entrevista toda, o que lhe faria muito
bem, verificaria que o clima foi de cordialidade, de elevada
espiritualidade, e que em nenhum momento os entrevistadores
“bombardearam” Chico. E em nenhum momento ele deixou de responder as
perguntas com a sobriedade e lisura de quem não está ali para
safar-se, mas para ensinar algo de Espiritismo.
Falando da indústria (?) Chico Xavier, há um box sobre “Dieta do Chico
Xavier”, que jamais seria veiculada por Chico. Usaram seu nome. Por
que incluí-la nas inverdades sobre o médium, simplesmente para
denegrir sua imagem, aqui sugerindo que seria ingênuo a ponto de
conceber semelhante bobagem? Se eu divulgar via internet que
Superinteressante recomenda o uso de cocô de galinha para deter a
queda de cabelos, seria razoável que alguma revista concorrente
citasse essa tolice, mencionando a suposta autoria, sem verificação
prévia?
Falando dos 200 livros biográficos sobre Chico Xavier, a repórter
escreve: “Tem até um de piadas, Rindo e Refletindo com Chico Xavier”.
Certamente não leu o livro, porquanto não conhece nem o autor, eu
mesmo, Richard Simonetti, nem sabe que não se trata de um livro de
piadas, mas um livro de reflexão em torno de ensinamentos
bem-humorados do médium.
Não fosse algo tão lamentável, tão séria essa agressão contra a figura
respeitável e venerável de Chico Xavier, eu diria que essa reportagem,
ela sim, senhor redator, foi uma piada de péssimo gosto!
Doravante porei “de molho” as informações dessa revista, sem o crédito
que lhe concedia.
A repórter Gisela Branco esteve em Pedro Leopoldo e Uberaba com o
propósito de situar Chico Xavier como figura mitológica. É uma pena!
Não teve a sensibilidade nem o discernimento para descobrir o médium
Chico Xavier, cuja contribuição em favor do progresso e bem estar dos
homens foi tão marcante que, a exemplo do que disse Einstein sobre
Mahatma Gandhi, “as gerações futuras terão dificuldade para conceber
que um homem assim, em carne e osso, transitou pela Terra.”
E deveria saber que não vemos Chico Xavier como um mártir, conforme
sugere. Não morreu pelo Espiritismo. Viveu como espírita. E se algo se
aproxima de um martírio em seu apostolado, certamente foi o de
suportar tolices e aleivosidades como aquelas presentes na citada
reportagem.
Finalizando, um ditado Zen para reflexão dos redatores da Super:
O dedo aponta a lua.
O sábio olha a lua.
O tolo olha o dedo.
Richard Simonetti
Bauru, 3 de abril de 2010.
Terceira carta:
Senhor Redator:
Indignadamente venho protestar, veementemente, pela explícita parcialidade, preconceito e espírito armado, praticado por Gisela Blanco, na edição de abril da Super interessante, quando escreveu a infeliz e lamentável matéria sobre o Chico Xavier, matéria essa que a revista, também, comete um grande equívoco, comprometendo o seu conceituado nome, ao dizer que a suposta “investigação” é da revista e não de uma repórter desprovida de ética e honestidade jornalística, sem perceber que nem todos os seus leitores são acéfalos e desinformados.
Durante anos, lendo com admiração a Super interessante, nunca vi essa, até então, respeitável revista se expor a tamanho ridículo como nesta matéria que, na minha concepção, chega a praticar o que chamo de mau caratismo jornalístico.
Não é que, movido por cegueira religiosa, gostaríamos de matérias apenas elogiosas ao Chico, favoráveis ao Espiritismo ou sempre concordantes com uma determinada idéia, porque aí estaríamos, também, nas mesmas condições dos ridículos. O problema é a infelicidade da repórter, numa revista desse porte, comportando-se como se fosse uma estagiária, que não sabe o que é imparcialidade no escrever e que não tem experiência em checar as fontes das informações, antes de levar a público.
Em princípio, logo no primeiro parágrafo, identificamos o quanto a repórter é despreparada, quando utiliza-se da expressão “Kardecismo”, para se referir a doutrina que tem um nome, que é “Espiritismo”, já identificando, aí, que a sua cultura é a do “ouvi dizer”, o que é lamentável em uma jornalista, sobretudo de uma revista de tamanho conceito em um país, como é a Super interessante que, pelo seu nível e pela posição da editora Abril, deveria selecionar melhor os seus profissionais.
Percebe-se, também, claramente, a má fé da repórter, quando ela coloca o “Há quem diga que Chico tinha um jeito de conseguir os dados”, numa pré-disposição em querer caracterizar, de qualquer jeito, o que ela já vem intencionada a mostrar, que é fraude.
Ora, senhor redator, há quem diga também que Jesus era um homossexual, que tinha os seus apóstolos como seus amantes, a ponto até de colocar esta insana visão na película de um filme, com proposta de ser exibido no mundo todo. Os muçulmanos radicais, que odeiam o Cristianismo, certamente vão adorar esse filme e saírem por aí, conceituando Jesus conforme a cabeça do irresponsável e inconseqüente cineasta. É justo, isto?
Se surgir algum escritor, qualquer, para dizer que os apóstolos trocaram os potes de água por potes de vinhos, enquanto Jesus fizesse um gesto de mágica, para distrair o povo de Canaã e que, ainda, o vinho teria sido roubado, pelo próprio Jesus, de uma grande vinícula de Jerusalém, a Super interessante publicaria uma matéria insinuando que Jesus fora ladrão e trapaceiro, sob a alegação do há quem diga?
Na sua inconseqüência jornalística, Gisela vem também reforçar a tese do “há quem diga”, colocando que “funcionários do centro espírita iam à fila pegar detalhes dos mortos”.
Que funcionários seriam esses? Desde quando centros espíritas possuem funcionários, sobretudo para a prática de atitudes tão estúpidas quanto essas, insinuadas, ainda mais o centro dirigido pelo Chico, que sempre viveu em condições modestas, para servir e nunca para se servir das pessoas?
Será que essa inconseqüente e irracional Gisela não teve o mínimo de inteligência para discernir, antes, que se o Chico quisesse aplicar algum golpe, para enganar, ludibriar e trapacear pessoas, obviamente teria, ele, se apoderado do dinheiro proveniente da venda dos seus livros que, em situação normal, faria qualquer escritor rico, em qualquer parte do mundo?
Onde já se viu, por exemplo, um político corrupto aplicar as suas safadezas e jogadas ilícitas, que não fossem para ter benefícios materiais próprios, que viessem a beneficiar a ele, aos seus familiares e filhos, recheando a sua conta bancária e aumentando o seu patrimônio pessoal? Alguém conhece algum corrupto que não esteja muito bem de vida, do ponto de vista material?
Qual foi o patrimônio do Chico, em Pedro Leopoldo ou Uberaba, que a Gisela viu, para ter feito colocações tão infelizes?
Deixa de ser apenas leviandade jornalística e passa a ser, também, burrice jornalística.
Até hoje está conservada em sua casa, em Uberaba, a cama que ele deitava e onde morreu, bem como os móveis da casa e os seus pertences.
Só mesmo uma pessoa de elevado índice de acefalia para admitir que um homem, com propostas de enganar os outros, por tantas décadas, conseguindo vender mais de 25 milhões dos seus livros produzidos, poderia viver numa casa tão simples como aquela, deitando-se numa cama daquela, só faltando um pinico embaixo.
Teria, no mínimo, uma mansão sofisticada, quarto em mármores e granitos, a mais luxuosa banheira e aposentos semelhantes à casa do Edir Macedo.
Falar nisto, Sérgio, que tal a sugestão para que a mesma Gisela faça uma investigação jornalística, hem? Tem vários nomes, em nosso país e, se você quiser, posso lhe dar várias informações. Quero ver, nos próximos números da Super interessante, se ela vai continuar desenvolvendo o seu trabalho jornalístico, nessa linha investigativa, logo no Brasil que é um prato cheio, para tal.
Quando Gisela coloca a parte da matéria que titula de Pirotecnia, chega a insistir no ridículo, quando fala em “shows do Chico”, luzes coloridas por detrás dos panos, demonstra, mais uma vez, a sua cara e a sua intenção na matéria.
Ela cita também, sempre tendenciosamente, o episódio do tal sobrinho do médium, ocorrido, ainda, na década de 50, mas conta a história pela metade, tendo omitido que aquele jovem, de apenas 25 anos na época, se deixou seduzir por pessoas maldosas, que lhe deram dinheiro, e muito dinheiro, para fazer aquilo. Por que omitiu essa parte, Gisela? Fingiu que não soube disto? É ou não é matéria investigativa?
Ficou parecendo as levianas afirmativas do padre Quevedo, quando diz que as irmãs Fox confessaram que todos os fenômenos de Hydesville eram fraudulentos, mas omitindo o fato delas terem feito a tal “confissão”, seqüestradas por padres, com chicotes e instrumentos de torturas nas mãos, obrigando-as, sob ameaça de morte, a dizerem aquilo.
Que a Super interessante pergunte a si mesma: Será que um universo de milhões de pessoas, dentre elas inúmeras possuidoras de nível intelectual e de inteligência elevada, doutores, mestres, PHDs, pesquisadores, investigadores, cientistas e, inclusive, vários jornalistas também praticantes do jornalismo investigativo seriam todos ingênuos, bobos e desinteligentes, a ponto de não terem percebido as tais fraudes, que a “super inteligente” Gisela aponta, como se fosse uma super revelação?
Ainda bem que nem todo mundo é trouxa, inclusive os leitores da Super interessante, para se deixarem levar pelo veneno que existe na alma de certos repórteres ou jornalistas que se aproveitam de uma poderosa tribuna, da respeitável Editora Abril, para denegrir a imagem de quem teve uma vida, incontestável, semeando o Amor.
Eu poderia entrar em mais detalhes, sobre as aleivosias colocadas na matéria, mas o grande escritor Richard Simonetti, meu amigo, já escreveu para vocês e disse muita coisa que precisava ser dita.
Para concluir, quero dizer que continuarei, sim, a ser leitor da Super interessante, mas, com mais atenção, sabendo dessa sua fragilidade. Não a condenarei, por conta de um momento tão infeliz e estúpido, porque sei que o errar é humano e tenho quase certeza de que a matéria não deve ter agradado nem mesmo a sua chefia de redação; mas vou continuar cobrando, da jornalista investigativa Gisela, que, para demonstrar a sua coerência, traga já nos próximos números da revista, matérias, também investigativas, com o mesmo espírito, da indústria da religião neste país, praticadas “em nome de JE$U$”, amém.
É daí que o Brasil vai perceber quais eram os reais interesses pessoais dela.
Um forte abraço
Alamar Régis Carvalho
Analista de Sistemas, escritor, profissional de rádio e televisão
Pois é Rose,
Todos nós temos o direito a termos nossas opiniões pessoais a respeito de qualquer assunto, mas em jornalismo, deve prevalescer a verdade, garimpada por meio de entrevistas e pesquisa de campo.
Quando uma revista do porte da Superinteressante adota uma postura destas, nossa confiabilidade no restante das matérias publicadas, fica totalmente arranhada.
O editor chefe da revista também foi muito imprudente em seu edital.
Esperamos que o editor, com responsabilidade, venha a responder as críticas que vem sendo veiculadas.
Muito obrigado por seus comentários.
Um grande abraço
Giba
Lendo a matéria acredito que foi uma infelicidade da jornalista e uma total falta de informações sobre esse grande mestre do espiritismo.
Concordo com sua opinião e espero que vcs jornalistas que são formadores de opiniões, tenham o máximo de cuidado ao passar informações verdadeiras de fundo e causa.
Continue escrevendo.
Abraço
Zergui,
Muito Obrigado por sua participação
Um grande abraço
Giba
Opinar sobre o desconhecido é temerário.
A prudência deveria vir acompanhada da humildade.
É preferível não manifestar idéias do que publicar incorreções.
Minha solidariedade e respeito aos espíritas.
A revista além de leviana desinformada e agora desinteressante esqueceu que um grande número de seus leitores são espíritas.
Não devemos partir para revanchismos, mas lembrar as palavras de Jesus: "Sede manso como as pombas e prudente como as serpentes".
Forte abraço!
Felipe
Karol, realmente não entendi o porque você achou leviana a abordagem deste assunto. Você poderia me esclarecer?
Abraços
que pena, um assunto tão sério ser abordado de forma tão leviana…
abraço