José Antonio Karacek
O júri popular em Alagoas decretou que PC Farias não foi morto pela namorada Suzana Marcolino que depois se suicidou. Ao contrário dessa tese, prevalece oficialmente, o que aconteceu, segundo este júri, é que os dois foram assassinados.
Essa é uma conclusão que já se chegou há muito tempo. E há muito tempo se chegou, também, a conclusão de que ninguém sabe quem os matou e por que.
Essa é a cara do Brasil. Um julgamento que acontece há tantos anos depois do crime. Tantos anos, que em mais três anos se o Ministério Público não descobrir os verdadeiros assassinos eles ficarão impunes por prescrição de suas penas, e não se sabe quem matou e durante todo este tempo se descobriu o óbvio: que o PC e a Suzana foram mortos, mas não se descobriu o importante: quem matou? Por que matou? Quem mandou matar?
E um julgamento típico do Brasil. Um julgamento que mantém a impunidade no Brasil. É um julgamento que explica várias posições de homens públicos no Brasil que criticam a impunidade, mas nada fazem de concreto para acabar com ela.
Veja o caso, lá de Alagoas ainda, sabendo que, por exemplo, o irmão de PC, Augusto Farias foi acusado por dois delegados de ter tentado corrompê-los, para sair impune do julgamento.
Ou os delegados falaram a verdade e Augusto deveria estar preso, ou os delegados mentiram e aí teriam que ser processados por falso testemunho. O que não se pode é ouvir os delegados, constatar o que os delegados disseram e não punir nem os delegados por falso testemunho, nem o Augusto Farias por ter tentado erguer obstáculo para a justiça, pagando propina.
Infelizmente, é esta a justiça no Brasil. Uma justiça lerda, que descobre o óbvio, mas não tem um ‘aparelho’ de investigação competente, para descobrir autoria e o mando de um crime, mesmo sendo um crime importante, quanto foi o assassinato da namorada e do tesoureiro do homem que cuida da caixa 2 do ex-presidente Fernando Collor de Mello.
Charge gentilmente cedida por Humor Político