Lino Tavares
Nunca uma “lambreta” valeu tanto no mercado internacional quanto aquela do Lendro Damião, no jogo contra a Argentina. Tudo indica que esse atleta, que já anda sendo apontado como ‘o cara’ da bola, nasceu sob a proteção da dupla São Cosme e São Damião, na qual figura como xará de um de seus integrantes. Nem mesmo aquela lambreta a que se referia Roberto Carlos na famosa música Calhambeque, nos primórdios da Jovem Guarda, ficou tão famosa quanto essa que o atacante colorado aplicou no primeiro jogo do renascimento da Copa Roca.
Dois fatores reais e um satírico contribuem para a valorização dessa ‘lambreta’, também conhecida como ‘carretilha’, e, por extensão, do artista da bola que a realizou. Os reais são a própria jogada em si, que foi de uma plasticidade fora do comum, e o fato de ter acontecido diante da seleção argentina, uma das mais respeitadas do mundo, até pelo que representa como principal rival da equipe
Canarinho , a mais famosa do Planeta. O satírico fica por conta do fato de o “lambretaço de São Damião” ter sido aplicado em cima do “Papa” (zagueiro argentino) , configurando um ‘sacrilégio’ aos olhos da Igreja Católica Apostólica Romana.
A partir daquele lance que encantou a todos, a vida de Leando Damião passou a ser dividida em duas etapas: a anterior e a posterior à ‘lambreta’ (ou carrretilha) que aplicou em cima de “los hermanos”. Se o atacante colorado que veste a camisa da seleção valia ‘x’, antes daquele ‘gol de placa sem bola na rede’, depois dele passa a valer ‘2x’, o que vem em muito boa hora para o clube do Beira-Rio, que pode ter,na venda desse jogador, um bom reforço de caixa para enfrentar os gastos elevados com a reforma de seu estádio, visando aos jogos da Copa de 2014.
Lino Tavares é jornalista diplomado, colunista na mídia gaúcha e catarinense, integrante da equipe de comentaristas do Portal Terceiro Tempo da Rede Bandeirantes de Televisão, além de poeta e compositor.
