A contratação pela Victoria´s Secret de uma modelo cheia de curvas acende o debate sobre o limite entre marketing e inclusão

A marca americana de roupas íntimas Victoria’s Secret contratou sua primeira modelo plus size. Ali Tate Cutler tem 1,77 metro de altura, pesa 65 kg e veste tamanho 14 — medida equivalente aos números 44/46 no Brasil. A modelo é uma das estrelas da parceria da VS com a etiqueta londrina Bluebella, conhecida pelas campanhas inclusivas.

A Victoria´s Secret ficou mundialmente conhecida pelos seus desfiles com Angels, modelos que representam o padrão de beleza relacionado à magreza. Nos últimos tempos, a marca tem sofrido severas críticas de organizações e consumidores que apoiam a diversidade e a chamada beleza real. A contratação de Ali Tate Cutler reascendeu a discussão sobre o que é inclusão e o que é apenas marketing.

Mas, afinal, a modelo realmente pode ser considerada plus size?

A marca americana de roupas íntimas Victoria's Secret contratou sua primeira modelo plus size. Ali Tate Cutler tem 1,77 metro de altura, pesa 65 kg e veste tama
Foto: Fashion Week Daily

A contratação de Ali, porém, trouxe mais polêmicas. No Brasil, a chef de cozinha Paola Carosella demonstrou indignação, em seu perfil do twitter, pelo fato da modelo ser considerada gorda pela grife. “Que pressão estão colocando sobre as mulheres e meninas?’, perguntou Paola.

A marca americana de roupas íntimas Victoria's Secret contratou sua primeira modelo plus size. Ali Tate Cutler tem 1,77 metro de altura, pesa 65 kg e veste tama

Segundo Madeleine Muller, professora de Design em Moda da ESPM Porto Alegre, a marca utilizou uma modelo curvy e não plus size. “Errou no termo, fez a escolha mais fácil. Talvez a VS não tenha entendido como expressar a diversidade de corpos em suas campanhas, já que o padrão sempre foi estilo Gisele Bundchen”, diz:

“Para catálogos de moda em geral, considera-se curvy quem usa manequim 44. Na categoria plus size, estão aquelas que usam a partir a partir do 46”.

A professora explica que é difícil estipular um tamanho padrão da linha plus size, pois as medidas diferem de uma marca para outra. Não existe um padrão global:

“Isso me faz entender o incômodo das mulheres com grande volume corporal e que não se vêem representadas por uma modelo curvy. Talvez seja o momento das marcas repensarem suas estratégias ao surfar numa onda que não é a sua. Diversidade corporal não pode ser só um discurso , tem que mostrar na prática , com uma narrativa de corpos reais e diversos. A Victoria’s Secret tentou, mas arriscou pouco: uma modelo tamanho 44 definitivamente não é uma plus size.”

INFORMAÇÕES À IMPRENSA

Letícia Braun

leticia.braun@novapr.com.br

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