Para os derrotadas da guerrilha comunista que cultivam aquele trecho da música de Lupicínio Rodrigues, que diz “… mas enquanto houver força em meu peito eu não quero mais nada; só vingança…, vingança…, vingança aos Santos clamar…”, a única “verdade” que merece ser aceita é a deles, ou seja, a de que lutavam contra uma “ditadura” (que sequer teve a figura do ditador) e que eram vítimas de atos desumanos, na condições de pobres perseguidos do “regime opressor”. Testemunhos de antigos companheiros, confessando publicamente que integravam um grupo de traidores pátrios, tentando implantar o regime comunista no Brasil, de nada valem. São tidos como palavras soltas ao vento. Não explicam, porém, o porquê dessas revelações que os desmascaram, se os que assim procedem nada têm a lucrar – já que são eles, os traidores de ontem, que estão no poder – a não ser ficar em paz com a própria consciência e transmitir a seus descendentes lições de dignidade, mostrando-lhes a sabedoria do provérbio que diz “Errar é humano, mas persistir no erro é burrice”. Como essa que pode ser vista a seguir, assinada por Paulo Roberto de Almeida.
Lino Tavares
A “Omissão da Verdade” e a deformação da História
(Paulo Roberto de Almeida – 9 de novembro de 2012)
Fico cada dia mais surpreendido. Na minha juventude pertenci a pelo menos três organizações que “lutavam contra o regime militar” (a alternância se justifica, pelas divisões, redivisões e separações entre os grupos armados). Nunca cheguei a participar de ações armadas; era apenas um candidato a futuro guerrilheiro. Ainda assim pretendia discutir “politicamente” com os meus contatos. Nunca consegui. Naquela altura, 1968-69, estavam apenas voltados para a própria sobrevivência.
Apenas posso dizer que o programa político não tinha por objetivo apenas a luta armada contra a “ditadura militar”, mas essencialmente a construção do socialismo no Brasil, por meio da ditadura do proletariado, ou seja, um regime repressivo, provavelmente muito mais do que jamais o foi a “ditadura militar” no Brasil.
Muito antes de Marighella ser morto pelo aparelho de repressão, desde 1965, ele já tinha declarado guerra ao regime militar, e passou a organizar ações e grupos armados, com a ajuda material, financeira, logística e de inteligência dos cubanos. Ou seja, não foi a ditadura que começou matando guerrilheiros, e sim os guerrilheiros que começaram atacando os “alvos da ditadura”.
Não tenho nenhum problema em revelar o que sei, e o que sei é a verdade histórica, não as falcatruas que estão sendo cometidas atualmente por guerrilheiros reciclados e seus simpatizantes.
Eu fui um simpatizante, na época. Deixei de ser quando percebi que tudo aquilo era loucura. Saí do Brasil e continuei um opositor político da ditadura militar, mas nunca considerei que devêssemos implantar uma ditadura do proletariado no Brasil.
O que estão fazendo hoje é uma monstruosa deformação da história, uma mentira continuada, uma terrível omissão da verdade. Essa “comissão” inventada vai contribuir para deformar um pouco mais a história real.
Vou escrever a respeito.
Paulo Roberto de Almeida é Doutor em Ciências Sociais e membro da carreira diplomática desde 1977.