José Antonio Karacek
O que é que chama a atenção nos números e nos casos de violência das últimas semanas em São Paulo e no Rio de janeiro?
No Rio de Janeiro os números da violência até que não são tão grandes. Em São Paulo são cada vez mais impressionantes e, apesar de acompanhar o ex-secretário de Segurança Nacional José Vicente dizer que estes números estão em queda, é preciso lamentar ainda o alto grau de violência que a polícia de São Paulo não consegue coibir.
Mas nos casos dos últimos dias, é preciso chamar a atenção para dois episódios:
O primeiro episódio foi uma quadrilha ter queimado viva uma dentista em São Bernardo do Campo porque ela avisou que não tinha muito dinheiro na conta bancária, e ainda assim, eles ficaram enraivecidos, irados e destemperados, porque só havia R$ 30,00 na sua conta, e cometeram esta barbaridade – a queimaram viva.
A outra história aconteceu no complexo da maré, uma favela ainda não pacificada do Rio De Janeiro, onde o craque do meio de campo do Vasco, Bernardo, foi torturado barbaramente e o que segundo consta, só não foi morto porque outro jogador, Welinton Silva, do Fluminense, convenceu os traficantes que o tinham em mãos, que isto poderia lhes criar problemas com a polícia. Ele foi torturado porque se envolveu, num baile funk, com uma ex-namorada de um traficante-chefe do complexo da Maré, conhecido como Menor P.
É claro que o caso da dentista é um caso bem mais brutal, até porque resultou em morte e uma morte bárbara. Mas os dois casos mostram, de certa forma, o mesmo fenômeno: o crime não respeita mais, o crime não tem mais nenhum limite em relação a possibilidade de vir a ser reprimido, então os motivos são os mais fúteis. Um sujeito com uma arma na mão e a impunidade ao seu alcance, age como se fosse Deus, decretando a morte das pessoas e até, vamos dizer, uma espécie de “solteirice permanente” de qualquer mocinha que tenha namorado algum dia um traficante de droga.
Isso precisa acabar! As nossas autoridades precisam mudar o estatuto da criança e do adolescente, precisam mudar o estilo de repressão, precisam acabar com essa história de que a culpa é da sociedade e começar a tratar o crime como ele merece.
A sociedade não merece mais este tipo de coisa!