Regina Plá Gil, Agnes Fett e Marcos Ávila
Conclusão: Vanda Simões
“E, se alguém julga saber alguma cousa, com efeito não aprendeu ainda
como convém saber” – (I Coríntios 8.2).
“Julgai todas as cousas, retendo o que é bom” – (I Tessalonicenses 5.21).
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Ainda é muito comum, nos dias atuais, encontrar pessoas constrangidas ou mesmo aterrorizadas quando ouvem falar de Espiritismo, pois elas imaginam a ação do Espírito do mal.
Se você pensa assim e acredita que Espiritismo não é uma doutrina cristã, nós o convidamos a abrir estas páginas.
O objetivo desta obra é dar-lhe uma breve idéia do que é a Doutrina Espírita. Queremos despertar a sua curiosidade de forma que lhe permita formar um juízo pessoal, independente de todas as crendices e tolices oriundas do pensamento dos que nada entendem do assunto.
Não temos a pretensão de ser donos da verdade, pois , acreditamos que nenhum grupo, religião ou seita detém o privilégio de monopolizá-la.
Com a finalidade de levar um esclarecimento simples e objetivo sobre o assunto, esta pequena obra foi elaborada na forma de perguntas e respostas que foram escolhidas visando dissipar dúvidas e preconceitos
existentes entre os que não conhecem a Doutrina Espírita, contribuindo, assim, para o esclarecimento.
Procuraremos fundamentar as idéias em citações bíblicas e de estudiosos do assunto para melhor
entendimento do que pretendemos expor.
“A ignorância dos princípios fundamentais é causa das falsas apreciações da maior parte dos que julgam o que não compreendem, ou que o fazem com base em idéias preconcebidas” – (Allan Kardec)
A BÍBLIA CONDENA A COMUNICAÇÃO COM OS ESPÍRITOS?
Os textos das Sagradas Escrituras são ricos em elementos necessários para o nosso entendimento das coisas divinas. Como é do conhecimento de todos, enquanto o Velho Testamento expõe a tradição dos hebreus,
seus mestres, reis e profetas, o Novo Testamento retrata a vida, obra e ensinamentos do Mestre Jesus. Ele afasta a opressão contida nas leis civis feitas pelo próprio Moisés e clarifica as leis morais, que são os Dez Mandamentos, ditados por Deus. Há, no Novo Testamento, a nítida substituição do olho por olho, dente por dente, pelas mensagens de perdão e de amor a Deus e ao próximo. Além disso, Jesus veio mostrar
que a morte não existe e que a alma sobrevive ao corpo carnal.
A imortalidade da alma é fato incontestável e definitivamente demonstrado pelo Mestre quando de Sua passagem pelo planeta.
“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra viverá” – (João 11:25).
Infelizmente em pleno alvorecer de uma nova era, muitos homens ainda permanecem atrelados às velhas concepções, com medo da verdade, receosos de rever conceitos e reestruturar posturas.
Permanecem na superficialidade das coisas, sem compreenderem as verdades que a Bíblia verdadeiramente ensina, a racionalidade confirma e a própria ciência já começa a aceitar.
Na Bíblia, a condenação da comunicação com os Espíritos aparece no Velho Testamento, em citações tais como estas:
“Não vos virareis para os adivinhadores e encantadores; não os busqueis, contaminando-vos com eles: Eu sou o Senhor vosso Deus” – (Levíticos 19.31).
Contudo, no próprio Velho Testamento, a prática da comunicação com os mortos é citada como tendo a aprovação de Moisés.
“Porém no arraial ficaram dois homens; o nome de um era Eldade, e o nome do outro Medade; E repousou sobre eles o Espírito (porquanto estavam entre os inscritos, ainda que não saíram à tenda), e profetizavam no arraial.
Então correu um moço, e o anunciou a Moisés, e disse: Eldade e Medade profetizam no arraial. E Josué, filho de Num, servidor de Moisés, um dos seus mancebos escolhidos, respondeu, e disse: Senhor meu, Moisés, proíbe-lho.
Porém Moisés lhe disse: Tens tu ciúmes de mim? Oxalá todo o Povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu Espírito!
Depois Moisés se recolheu ao arraial, ele e os anciãos de Israel” – (Números 11.26-30).
Jesus, no Novo Testamento, não só não condena a comunicação com os mortos, como a pratica e confirma.
“Seis dias depois, toma Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte, E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandesceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz.
E eis que lhes aparecerem Moisés e Elias, falando com ele” – (Mateus 17.1-3).
Um dos pontos em que se fundamentam os que condenam tais práticas é a palavra de Moisés no Velho Testamento. Necessário analisarmos a questão à luz da razão.
Se as leis civis de Moisés utilizadas para o controle do povo judeu, como a condenação da comunicação com os Espíritos, devem ser obedecidas na atualidade, então por que não devemos também apedrejar
adúlteras ou cortar as mãos dos ladrões como tais leis também exigem?
Evidente que seria um contra-senso para os dias atuais.
Além do mais, há que se considerar as razões pelas quais o legislador hebreu determinou tal lei. Ele necessitava de mais rigor para disciplinar um povo naturalmente rebelde e distante das coisas divinas.
Moisés precisou coibir tal coisa, porque a prática da consulta aos mortos tinha se tornado uma constante entre o povo e naturalmente o abuso deu vazão a toda sorte de problemas decorrentes dos aproveitadores da ignorância humana. E depois, convenhamos: se ele proibiu a evocação dos mortos, certamente era porque eles poderiam vir até nós.
Por outro lado, há no Velho como no Novo Testamento, inúmeras citações de claras situações onde se praticava com muita naturalidade a evocação dos Espíritos. E isto é completamente desconsiderado pelos
que condenam a Doutrina Espírita. Se as Escrituras funcionam como autoridade nesse campo, porque não o é em outros?
O que não pode ser aceito pelo homem da atualidade é que seja feito um julgamento (e condenação) de uma religião ou crença, baseado na parcialidade da Lei com propósitos de conveniência. A verdade não tem
diferentes faces e o verdadeiro cristão deve seguir o modelo de Jesus e se espelhar nos seus ensinamentos, vivenciando o amor e respeito aos seus semelhantes.
A REENCARNAÇÃO ESTÁ NA BÍBLIA?
Diversas passagens de maneira clara ou indireta, contidas nos ensinamentos de Jesus e dos profetas, mostram que a reencarnação está na Bíblia:
“Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Por ventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?
Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.
O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.
Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.
O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.
Nicodemos respondeu, e disse-lhe: Como pode ser isso?
Jesus respondeu, e disse-lhe: Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?
Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que vimos: e não aceitais o nosso testemunho.
Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?” – (João 3.3-12).
“Eis que eu vos envio o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor; E converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição” – (Malaquias 4.5-6).
“E, descendo eles do monte, Jesus lhes ordenou, dizendo: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do homem seja ressuscitado dos mortos.
E os discípulos o interrogaram, dizendo: porque dizem então os escribas que é mister que Elias venha primeiro?
E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro e restaurará todas as coisas;
Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o filho do homem.
Então entenderam os discípulos que lhes falara de João Batista” –
(Mateus 17.9-13).
“Porque, eu te peço, pergunta agora às gerações passadas, e prepara-te para a inquirição de seus pais. Porque nós somos de ontem, e nada sabemos, porquanto nossos dias sobre a terra são como a sombra” – (Jó 8.8-9).
“Mas alguém dirá: Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão?
Insensato! O que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer” – (I Corintios 15.35-36).
A reencarnação não foi inventada pelo Espiritismo. Ela consta nos princípios de diversas religiões orientais desde a mais remota antiguidade. E como mostra as citações acima, ela está explícita ou implicitamente contida na Bíblia, sendo necessárias as mais fantasiosas explicações para colocar ali outro sentido que não as
múltiplas experiências na carne.
Racionalmente não há como negar a reencarnação. Se tivéssemos apenas uma oportunidade de vida terrena, a justiça de Deus seria incompreensível. O Pai, em sua imensa sabedoria, criou seus filhos em igualdade de condições e deu a eles igualmente as mesmas oportunidades de crescimento. Não fosse assim teríamos que admitir um Deus parcial, intolerante, injusto e severo, que permitiria todas as misérias e desigualdades sempre existentes no mundo, aquinhoando uns e castigando outros a seu bel prazer.
A pluralidade das existências é, pois, necessária ao aprimoramento das qualidades do ser imortal e para bem entender a justiça de Deus. Só pelas múltiplas oportunidades de vida poderemos compreender o amor do
Criador por suas criaturas. Ele permite o aprendizado na carne para a conquista da verdadeira morada , a vida espiritual, através do esforço de cada um em vencer suas más tendências para atingir a plenitude, a
perfeição.
Somos todos seres atrelados às leis divinas que regem o universo, quer acreditemos ou não. Uma delas é a lei de evolução dos seres. Seria insensatez supor que em apenas uma existência terrena, atingiremos a
tão sonhada perfeição de que nos fala o Mestre em Mateus, capítulo V, versículos 44-48:
“Sede vós logo perfeitos, assim como vosso Pai Celestial é perfeito”.
“Somente a reencarnação pode dizer ao homem de onde ele vem, para onde
vai, por que se encontra na Terra e justificar todas as anomalias e todas as injustiças aparentes da vida” – (Allan Kardec).
“Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens” – (I Corintios 15.19).
O QUE É ESPIRITISMO E QUAIS SÃO SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS?
O termo “Espiritismo” é sinônimo de Doutrina Espírita, porém, frequentemente, é utilizado erroneamente para designar qualquer prática do mediunismo (comunicação com os Espíritos), ou confundido com cultos afro-brasileiros (Umbanda, Candomblé, entre outros).
O Espiritismo é uma doutrina que trata da natureza, da origem e do destino dos Espíritos e de suas relações com a vida material. Foi revelada por Espíritos Superiores e codificada (organizada) em 1857 por um professor francês conhecido como Allan Kardec.
Surgiu, pois, na França, há mais de um século. Traz em si três faces: filosofia, ciência e religião (moral).
Os adeptos da Doutrina Espírita são os espíritas e suas práticas se baseiam no estudo das obras básicas da Codificação e na assistência material e espiritual aos necessitados.
O Espiritismo possui cinco princípios básicos, de onde procedem todas as suas práticas:
1 – A existência do Espírito e sua sobrevivência após a morte.
“Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular ao alto monte, E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e os seus vestidos se tornaram brancos como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele” – (Mateus 17.1-3).
Veja também: I Pedro 3.19-20 – I Pedro 4.6 – Marcos 12.26-27 e Romanos 11.15.
2 – A reencarnação.
“Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João. E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” – (Mateus 11.13-15).
Veja também Mateus 17.9-13 e João 3.3-13
3 – A lei de causa e efeito.
“Então Jesus disse-lhe: Enfia no seu lugar a tua espada; porque todos que lançarem mão da espada à espada morrerão” – (Mateus 26.52).
“Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso também ceifará” – (Gálatas 6.7).
Veja também: Mateus 18.7
4 – A comunicação entre o mundo material e espiritual.
“E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos mancebos terão visão, e os vossos velhos sonharão sonhos;
E também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e minhas servas naqueles dias, e profetizarão;” – (Atos 2.17-18).
“E disse-me o Espírito que fosse com eles, nada duvidando; e também estes seis irmãos foram comigo, e entramos em casa daquele varão;” – (Atos 11.12).
Veja também: Mateus 17.1-3 – I Samuel 28.11-20 e Números 11.26-30
5 – A evolução progressiva dos Espíritos.
“Um semeador saiu a semear a sua semente, e, quando semeava, caiu alguma junto do caminho, e foi pisada, e as aves do céu a comeram; E outra caiu sobre pedra, e, nascida, secou-se, pois que não tinha umidade;
E outra caiu entre espinhos, e crescendo com ela os espinhos, a sufocaram; E outra caiu em boa terra, e, nascida, produziu fruto, cento por um. Dizendo ele estas coisas, clamava: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. E os seus discípulos o interrogavam, dizendo: Que parábola é esta? E ele disse: A vós vos é dado conhecer os mistérios de Deus, mas aos outros por parábolas, para que, vendo, não vejam, e, ouvindo, não
entendam.
Esta é pois a parábola. A semente é a palavra de Deus; E os que estão junto do caminho, estes são os que ouvem; depois vem o diabo e tira-lhes do coração a palavra, para que se não salve, crendo; E os que estão sobre pedra, estes são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria, mas, como não têm raiz, apenas crêem por algum tempo, e no tempo da tentação se desviam; E a que caiu entre os espinhos, esses são os que ouviram, e, indo por diante, são sufocados com os cuidados, e riquezas e deleites da vida, e não dão fruto com perfeição;
E a que caiu em boa terra, esses são os que, ouvindo a palavra, a conservam num coração honesto e bom, e dão fruto com perseverança” – (Lucas 8.5-15).
Veja também: Gênesis 28.12
Tais princípios estão contidos na Bíblia e nas cinco obras básicas da Codificação, que os analisa de maneira racional e interessante. São elas:
– O LIVRO DOS ESPÍRITOS (1857). Obra de caráter filosófico. É
considerado a espinha dorsal do Espiritismo, já que todas as outras
obras partem de seus princípios.
– O LIVRO DOS MÉDIUNS (1861). Demonstra as conseqüências morais e
filosóficas decorrentes das relações entre o mundo material e
espiritual.
– O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO (1864). Parte religiosa e moral da
Doutrina Espírita. Ensina a moral cristã através de comentários sobre
as principais passagens da vida de Jesus Cristo.
– O CÉU E O INFERNO (1865). Allan Kardec apresenta a verdadeira face
do desejado Céu, do temido Inferno, como também do chamado Purgatório.
Põe fim às penas eternas, demonstrando que tudo no universo evolui.
– A GÊNESE (1868). Mostra como foi criado o mundo, como apareceram as criaturas e como é o Universo. É a parte científica da Doutrina.
Explica a Criação, colocando a Ciência e a Religião face a face.
ESPIRITISMO E ESPIRITUALISMO SÃO A MESMA COISA?
Espiritualismo é o oposto do materialismo. Este, como se sabe, é o grande móvel da derrocada do homem, com sua doutrina imediatista, egoísta e exclusivista. Todas as religiões que acreditam existir no homem uma individualidade (alma ou Espírito) que sobrevive à morte do corpo carnal são espiritualistas. Entretanto, nem todo espiritualista é espírita.
O Espiritismo, como já citamos, também acredita na sobrevivência do Espírito e sua comunicação com o mundo material, contudo, tem sua base científica, filosófica e religiosa (moral) pautada na Codificação de
Allan Kardec e no Evangelho de Jesus Cristo. Portanto tem um corpo doutrinário-filosófico organizado, utilizado por seus adeptos em suas vidas cotidianas e nas sociedades espíritas.
COMO O ESPIRITISMO EXPLICA O CÉU, O INFERNO E PURGATÓRIO?
Segundo o Espiritismo, as virtudes são eternas e os defeitos temporários. O objetivo da criatura é trabalhar incessantemente pela abolição das imperfeições e aquisição dos valores morais que eleva progressivamente o Espírito ao bem, ou à conquista do chamado “céu”.
Por acreditar que o mundo espiritual é a verdadeira morada, só aqueles que se elevam ao bem habitam as regiões celestiais ditas paraíso onde, diferente de outras religiões, o Espiritismo acredita habitarem Espíritos que trabalham na edificação do mundo novo. Na verdade, o céu não se trata de um lugar demarcado, mas de um estado de perfeição espiritual conquistado individualmente pelo Espírito, através de seu constante esforço. O que vale dizer que uns apressam e outros retardam seu próprio progresso.
“Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras” – (Mateus 16.27).
“A felicidade suprema é prêmio exclusivo dos Espíritos perfeitos ou puros. Eles a atingem só depois de haver progredido em inteligência e moralidade” – (Allan Kardec).
Deus em sua perfeição suprema, sendo a concepção da bondade e da caridade, só pode ter criado os Espíritos para um dia usufruírem da sua glória, e não para condená-los a sofrimentos eternos. É lógico concluir que as penas eternas são incompatíveis com a justiça do Pai.
A criação do inferno cristão se origina das concepções pagãs das penas e gozos eternos, com uma grande dose de exagêro. Deus condenaria sem piedade seus filhos maus a expiarem para sempre em regiões de dores e sofrimentos terríveis. Entretanto, em sua doutrina, Jesus nos trouxe um ensinamento contrário a esse pensamento :
“…Ou qual de vós, porventura, é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, porventura, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? Pois se vós outros, sendo maus, sabeis dar boas
dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos Céus, dará boas dádivas aos que lhas pedirem” (Mateus – 7.11).
Portanto Deus, em sua infinita bondade e justiça, jamais condenaria seus filhos às penas eternas. Ao contrário, dá tantas oportunidades quantas precisamos para nosso crescimento espiritual.
O inferno, ou trevas segundo a Doutrina Espírita, é um estado de consciência compartilhado por aqueles cujos defeitos e sentimentos ruins predominam em suas personalidades, que se inclinam ao mau e nele se comprazem. São apenas irmãos imperfeitos e ignorantes, que têm o inferno dentro de suas próprias consciências e que, através de novas oportunidades dadas pelo Pai Celestial, através de sucessivas
experiências encarnatórias também alcançarão a perfeição.
“E Ele lhes propôs esta parábola, dizendo: Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e não vai após a perdida até que venha a achá-la?
E, achando-a, a põe sobre seus ombros, gostoso; E, chegando a casa convoca os amigos e vizinhos, dizendo-lhes:
Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida.
Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” – (Lucas 15.3-7).
“Assim também não é vontade de vosso Pai, que está nos céus, que um destes pequeninos se perca” – (Mateus 18.14).
O chamado purgatório, por sua vez, é uma condição de sofrimento temporário para as almas que necessitam da conscientização de seus erros e ali permanecem até o arrependimento destes. Esta idéia é defendida por várias religiões, inclusive o Espiritismo, com alusão ao fato de que a permanência neste estado espiritual é mais ou menos longa, de acordo com a necessidade individual de cada Espírito sofredor. Conhecido como umbral na Doutrina Espírita, o purgatório é também um estado de espírito e não um local definido ou circunscrito onde habitam eternamente os Espíritos sofredores.
Analisando a questão por outro aspecto e levando-se em consideração que somos seres imortais trabalhando constantemente pela depuração do Espírito, pode-se compreender que cada reencarnação em mundos de
provas e expiações, como a Terra por exemplo, funciona como uma “purgação” para o Espírito que almeja sempre sua felicidade em condições melhores.
“O purgatório não é, portanto, uma ideia vaga e incerta: é uma realidade material que vemos, tocamos e sofremos. Ele se encontra nos mundos de expiação e a Terra é um deles. Os homens expiam nela o seu
passado e o seu presente em benefício do seu futuro” (Allan Kardec).
“Mas, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia.
O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a tem por tardia; mas é longânimo para convosco, não querendo que alguns se percam, se não que todos venham a arrepender-se” – (II Pedro 3.8-9).
O ESPIRITISMO COLOCA O HOMEM SOB A INFLUÊNCIA DOS DEMÔNIOS?
Só o preconceito pode justificar essa afirmativa. Afinal, como uma doutrina embasada no Evangelho de Jesus pode ligar alguém a demônios?
O Espiritismo não veio criar uma nova moral, mas sim facilitar aos homens a compreensão e a prática da moral do Cristo, ao dar uma fé sólida, racional e esclarecida aos que buscam a verdade. Prega que o homem de bem, o verdadeiro cristão, é aquele que pratica a lei de justiça, amor e caridade em sua plenitude.
Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que faz em dominar suas más inclinações.
O Espiritismo nos ensina que Deus, na sua bondade e sabedoria infinitas, não criou seres voltados ao mal por toda a eternidade. Há Espíritos ignorantes e imperfeitos que nos inflamam más paixões e nos induzem ao mal, assim como os bons podem nos influenciar para o bem.
O diabo é a representação alegórica do mal, que resume em si todas as mazelas dos Espíritos imperfeitos.
São os chamados demônios, que nada mais são que Espíritos ignorantes e imperfeitos, ainda distantes do
bem, que diante de corações impuros e preconceituosos, se comprazem com eles e lhes induzem ao erro, promovendo-lhes más idéias e julgamentos. Esses Espíritos não são patrimônio do Espiritismo e, como
os bons, também podem estar em todo lugar, podendo ser atraídos por todos os que se afinizam com seus propósitos.
Lembramos que o próprio Jesus foi citado por seus inimigos de ser possuído por demônios, por falar de uma doutrina contrária aos valores vigentes. Contudo suas obras evidenciaram sua grandeza. É dele mesmo a
afirmação de que cada árvore é conhecida pelo seu fruto e o fruto da Doutrina Espírita é evidenciado pelas suas boas obras. A maior e mais importante obra do Espiritismo é transformação da criatura através do
estímulo ao autoconhecimento, retirando o homem do estado de ignorância em que se encontra, instruindo-o ao nível da luz.
“Mas alguns deles diziam: Ele expulsa os demônios por Belzebu, príncipe dos demônios. E outros, tentando-o, pediam-lhes um sinal do céu.
Mas, conhecendo Ele os seus pensamentos, disse-lhes: Todo o reino, dividido contra si mesmo, será assolado; e a casa, dividida contra si mesma, cairá.
E se também Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Pois dizeis que eu expulso os demônios por Belzebu.
E, se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os expulsam vossos filhos? Eles pois serão os vossos juizes.
Mas, se eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente a vós é chegado o reino de Deus” – (Lucas 11.15-20).
Veja também: Mateus 9.34 – Mateus 11.18 – Mateus 12.33 – Marcos 3.22.
POR QUÊ CONFUNDEM ESPIRITISMO COM UMBANDA?
A Umbanda é um culto religioso respeitado pelos espíritas como todos os outros o são, até mesmo porque está amparado no princípio geral da liberdade de crença contido na Constituição do Brasil. Contudo, ela
não é Espiritismo. Seu acervo de símbolos, objetos, instrumentos, práticas, etc, não se ajustam de maneira alguma à Doutrina Espírita.
Aqueles que confundem Umbanda com Espiritismo se apegam às seguintes afirmações: a Umbanda é espiritualista, rende culto a Deus, fundamenta-se em fenômenos produzidos por Espíritos desencarnados,
aceita a reencarnação e faz caridade. Todavia, a Umbanda tem culto material, rituais, vestimentas específicas, imagens, altares, pontos riscados e denominações totalmente especiais para médiuns (cavalos) e Espíritos (exús, pretos-velhos, caboclos, ibegis), que não existem no Espiritismo. Além dessas abismais diferenças, a Umbanda não se rege pela Codificação de Allan Kardec. Portanto, está claro que embora espiritualista e ter características mediúnicas, a Umbanda não constitui variante nem modalidade do Espiritismo. Essa confusão se dá pelo desconhecimento do que seja a Doutrina Espírita e consequente interpretação errônea dos fenômenos da mediunidade.
O ESPIRITISMO FAZ MACUMBA, DESPACHO OU QUALQUER OUTRO RITUAL?
O Espiritismo não tem culto material e nem tem rituais, não prescreve qualquer vestimenta, nem função sacerdotal, não usa imagens, nem faz sacrifícios de animais ou seres humanos, não tem símbolos ou sinais
cabalísticos, não faz cerimônias matrimoniais, ou de batismo, nem exorcismo.
Resumindo, a Doutrina Espírita tendo como principal objetivo o cultivo dos valores do Espírito é totalmente isenta de atos exteriores. Sua nomenclatura se baseia nas obras da Codificação e suas práticas mediúnicas são executadas dentro de um ambiente evangélico de harmonia e oração, sem qualquer culto exterior ou movimentos e palavreado estereotipados. Suas reuniões mediúnicas são fechadas ao público e conduzidas com rigor, onde não existem velas, cantos, danças, cigarro bebida ou cobrança de taxas.
Compreende-se, portanto, que qualquer culto que contenha tais práticas, não pode e não deve receber a designação de espírita.
“Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade” – (João 4.24).
“Amados não deis crédito a qualquer Espírito. Antes, provai os Espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo afora” – (I João 4.1).
“E não consentia que alguém levasse algum vaso pelo templo.
E os ensinava, dizendo: Não está escrito – A minha casa será chamada por todas as nações casa de oração? Mas vós a tendes feito covil de ladrões.
E os Escribas e príncipes dos sacerdotes, tendo ouvido isto, buscavam ocasião para o matar; pois eles o temiam, porque toda multidão estava admirada acerca da sua doutrina” – (Marcos 11.16-18).
“Porque eu quero misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que o holocausto” – (Oséias 6.6).
O ESPIRITISMO FAZ USO DE BOLA DE CRISTAL, PRATICA QUIROMANCIA,
ASTROLOGIA, HIPNOTISMO, MAGIA OU PARAPSICOLOGIA?
Dentre uma série de práticas rotuladas erroneamente como espíritas, estão estas e também outras como a terapia regressivas a vidas passadas (TRVP), a transcomunicação instrumental (TCI), a cristalterapia , a cromoterapia, ufologia etc. A maioria delas não possui fundamentação doutrinária lógica, e não encontram respaldo nas obras de Allan Kardec, portanto, não são práticas espíritas.
Qualquer Centro Espírita que se utilize de tais práticas está se desviando dos seus verdadeiros e nobres objetivos.
As notícias frequentemente veiculadas pela mídia em geral, de que os espíritas previram o futuro, fizeram oferendas a Iemanjá, estão ligados a culto demoníaco, dentre outras, comprovam o desconhecimento que existe sobre a Doutrina Espírita, apesar da sua atual expansão e crescente número de adeptos. O Espiritismo não é responsável pelos que abusam do seu nome e o exploram.
Assim como a ciência médica não o é pelos charlatões que vendem suas drogas ou como a religião também não o é pelos sacerdotes que abusam do seu ministério.
“Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores.
Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?” – (Mateus7.15-16).
“Se alguém ensina alguma doutrina, e se não conforma com as sãs palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, É soberbo, e nada sabe mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas” – (I Timóteo 6.3-4).
“Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e estranhas, por que bom é que o coração se fortifique com graça, e não com manjares, que de nada aproveitaram aos que a eles se entregaram” – (Hebreus
13.9).
POR QUÊ ALGUMAS RELIGIÕES COMBATEM TANTO O ESPIRITISMO?
Não há razões sensatas para o combate a uma doutrina que segue o Evangelho de Jesus Cristo, baseada no bem e no amor a Deus e ao próximo, discordante apenas das convicções filosóficas de algumas outras.
A intolerância religiosa é marca dos falsos profetas, ignorantes na carne e no espírito, fruto das idéias preconcebidas e da presunção de serem donos da verdade. O combate ao Espiritismo se deve ao desconhecimento das suas idéias e à confusão que é semeada no meio, por aqueles que não se dispõem a examiná-las com racionalidade.
Contudo, a Doutrina do Cristo frutificou apesar da falsa interpretação e oposição daqueles que não a compreendiam.
Se as pessoas que detratam o Espiritismo seguissem o ensinamento do Apóstolo Paulo, quando nos exorta a examinar tudo e reter o que é bom, certamente teriam outro posicionamento diante de determinadas idéias
que repudiam sem conhecimento de causa. Se Jesus e seus discípulos recuassem diante dos inimigos de sua doutrina, o mundo hoje estaria órfão desse código de conduta que norteia a humanidade.
“Há verdadeiramente duas coisas diferentes: saber e crer que se sabe.
A ciência consiste em saber; em crer que se sabe reside a ignorância” – (Hipócrates).
“E agora digo-vos: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará.
Mas, se é de Deus, não podereis desfazê-la; para que não aconteça serdes também achados combatendo contra Deus” – (Atos 5.38-39).
“Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos Céus;
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo, disserem, todo o mal contra vós, por minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque é grande o nosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós” – (Mateus 5.10-12).
EXISTE ESPIRITISMO DE MESA BRANCA?
A Doutrina Espírita não comporta nenhuma ramificação. Como já explicado, por suas convicções dispensa qualquer ritual ou aparato. A designação popular de mesa branca pode ter advindo do fato de que as
reuniões mediúnicas espíritas ocorrem, para simples acomodação, com os participantes dispostos ao redor de uma mesa, algumas vezes, com uma toalha branca recoberta sobre ela, o que é absolutamente dispensável.
Como tais reuniões tem caráter íntimo e privado, disciplinado e beneficente, o termo mesa branca surgiu para diferenciar o Espiritismo de outros cultos, sendo este termo utilizado popularmente também como sinônimo de Kardecista. Trata-se de um equívoco generalizado, uma vez que só há um Espiritismo (termo criado pelo próprio Allan Kardec) e este não adota práticas exteriores para ser diferenciado. Assim , nem mesa branca, alto ou baixo Espiritismo, Espiritismo elevado etc, são sinônimos de Doutrina Espírita.
OS ESPÍRITOS PODEM INTERFERIR EM NOSSAS VIDAS?
Allan Kardec perguntou aos Espíritos Superiores (pergunta 459 do L.E.) sobre esta questão e a resposta é clara e precisa:
“Nesse sentido a sua influência é maior do que supondes, porque muito frequentemente são eles que vos dirigem”.
Os Espíritos atuam frequentemente sobre o nosso pensamento, dando-nos sugestões mais ou menos sensatas, boas ou más segundo sua natureza.
Quando desencarnados, os Espíritos continuam com seus vícios ou virtudes e são bons ou maus, sérios ou brincalhões, trabalhadores ou preguiçosos, cultos ou medíocres, verdadeiros ou mentirosos, e estão por toda parte. Sendo assim, facilmente nos influenciam o pensamento e ações, e dependendo de nossa condição moral, recebemos boas ou más influências, pela sintonia que se estabelece entre os dois planos da vida.
Aqueles providos de virtudes facilmente poderão ser auxiliados pelos bons Espíritos, ao contrário dos indivíduos voltados às paixões vulgares.
Nos textos bíblicos encontramos uma série de citações que nos falam dessa realidade. Eis alguns:
“E, pensando Pedro naquela visão, disse-lhe o Espírito: Eis que três varões te buscam. Levanta-te pois, e desce, e vai com eles, não duvidando, porque eu os enviei” – (I Atos 10.19-20).
“Quando o Espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares secos, buscando repouso; e, não o achando, diz: Tornarei para minha casa donde saí.
E, chegando, acha-a varrida e adornada.
Então vai, e leva consigo outros sete Espíritos piores do que ele, e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem é pior do que o primeiro” – (Lucas 11.24-26).
COMO NOS LIVRAMOS DAS INFLUÊNCIAS NEGATIVAS?
Toda moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, sentimentos contrários ao egoísmo e ao orgulho, fontes das más inclinações. Em todos os ensinamentos do Mestre, as virtudes são apontadas como o
caminho para a paz espiritual e a felicidade eterna. Sabendo-se que os Espíritos aliam-se a nós pela afinidade de pensamentos e sentimentos, o cultivo dos bons pensamentos, o esforço para melhoria íntima e a prática da caridade aliados à oração, dificultam muito ou até mesmo impossibilitam o acesso dos maus Espíritos ao nosso pensamento.
A doutrina de Jesus tem como objetivo levar o ser ao entendimento de sua condição de Espírito imortal, fadado à perfeição. Através do autoconhecimento, trabalhando incessantemente para exterminar vícios e
adquirir virtudes, poderemos nos livrar com mais facilidade das más companhias espirituais.
“Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o Espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” – (Marcos 14.38).
“Por isso vos digo que tudo que pedirdes, orando, crede que o recebereis, e te-lo-eis; E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos Céus vos perdoe as vossas ofensas;
Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai que está nos Céus, vos não perdoará vossas ofensas” – (Marcos 11.24-26).
O QUE É MEDIUNIDADE?
É uma faculdade natural de toda criatura viva. Podemos dizer que é um canal psíquico que todos possuem e que liga o Espírito encarnado ao mundo invisível. É, portanto, através da mediunidade que os encarnados
recebem a influência dos desencarnados, funcionando como uma ponte entre os dois planos.
Embora seja faculdade comum a todos as criaturas, em alguns indivíduos ela se encontra mais exacerbada, sendo capaz de produzir fenômenos ostensivos como a profetização, a psicografia e os efeitos físicos.
Sendo uma faculdade orgânica, não depende da qualidade moral de quem a possui. Isso faz com que haja uma grande diversidade no uso que se faz dela, existindo tanto aqueles que a utilizam para o bem, como para
fins ilícitos, inclusive os comerciais.
“Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes” – (I Corintios 12.1).
“Todas as nossas faculdades são favores que devemos agradecer a Deus, pois há criaturas que não as possuem. Podias perguntar porque Deus concede boa visão a malfeitores, destreza aos larápios, eloquência aos que só a utilizam para o mal. Acontece o mesmo com a mediunidade.
Criaturas indignas a possuem porque dela necessitam mais do que as outras, para se melhorarem” – (Livro dos Médiuns – Questão 226).
O QUE É MÉDIUM?
Se todos são dotados desse canal psíquico por onde recebem influência espiritual, logo todas as pessoas são médiuns. Há aqueles, contudo, com uma capacidade ostensiva de receber e transmitir comunicações de
Espíritos, atuando como intermediários ou como agentes das manifestações dos Espíritos. Estes são dotados de mediunato, uma faculdade especial, suscetível de desenvolvimento, e que, quando bem direcionada, pode ser utilizada como um importante meio que os Espíritos superiores utilizam para edificar o ser ao nível do
entendimento.
Segundo sua aptidão, o médium pode exercer sua tarefa em uma das muitas variedades de mediunidade, como por exemplo escreventes ou psicógrafos, falantes, de efeito físico, videntes, curadores, entre outros.
A pessoa dotada deste dom divino, tem a obrigação de se instruir sobre ele a fim de colocá-lo a serviço da obra do Senhor. A mediunidade só tem sentido quando praticada com essa finalidade.
“Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil.
Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;
E a outro, pelo mesmo Espírito a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;
E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os Espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas” – (I Corintios 12.7-10).
A MEDIUNIDADE FOI INVENTADA PELO ESPIRITISMO?
A mediunidade, tampouco os médiuns, são privilégios do Espiritismo ou foram inventados por ele. A mediunidade sempre existiu, uma vez que sempre existiram os planos material e espiritual. A própria Bíblia
refere-se às suas manifestações em diversas de suas passagens, assim como é identificada nas práticas de muitas religiões da atualidade, embora com outros nomes.
O Espiritismo simplesmente trouxe os ensinamentos capazes de nos orientar a tirar melhor proveito da mediunidade, no sentido de fazer dela um instrumento moralizador e de libertação dos Espíritos. É uma
fonte material que prova a sobrevivência da alma após a morte, ampliando nossos conhecimentos acerca dos ilimitados horizontes espirituais. Sua prática não tem como meta apenas a produção de fenômenos destinados a despertar os incrédulos ou curar suas enfermidades espirituais ou carnais; serve para alertar o ser humano
de sua necessidade de despertar para o sentido verdadeiro da vida.
Quando bem utilizada é uma importante alavanca para a evolução espiritual.
“Então disse Saul aos seus criados: Buscai-me uma mulher que tenha o Espírito de adivinha, para que vá a ela e a consulte. E os seus criados lhe disseram: Eis que em Endor há uma mulher que tem o Espírito de adivinhar.
E Saul se disfarçou e vestiu outros vestidos, e foi ele, e com ele dois homens, e de noite vieram à mulher; e disse: Peço-te que me adivinhes pelo Espírito de adivinha, e me faças subir a quem eu te disser.
Então a mulher lhe disse: Eis aqui tu sabes o que Saul fez, como tem destruído da terra os adivinhos e os encantadores; porque, pois, me armas um laço a minha vida, para me fazer matar?
Então Saul lhe jurou pelo Senhor, dizendo: Vive o Senhor, que nenhum mal te sobreviverá por isso. A mulher então lhe disse: A quem te farei subir? E disse ele: Faz-me subir a Samuel.
Vendo, pois, a mulher a Samuel, gritou em alta voz; e a mulher falou a Saul, dizendo: Por que me tens enganado? Pois tu mesmo és Saul.
E o rei lhe disse: Não temas; porém que é o que vês? Então a mulher disse Saul: Vejo deuses que sobem da terra.
E lhe disse: Como é a sua figura? E disse ela: Vem subindo um homem ancião, e está envolto numa capa. Entendendo Saul que era Samuel, inclinou-se com o rosto em terra, e se prostrou” – (I Samuel 28.7-14).
O QUE É REUNIÃO MEDIÚNICA OU SESSÃO ESPÍRITA?
O Espiritismo nos ensina que as comunicações inteligentes ocorrem por uma ação do Espírito sobre o médium, devido a uma afinidade ou sintonia entre o pensamento de ambos. Tais comunicações podem ser
realizadas espontaneamente ou por meio das evocações dos Espíritos e, como já citado, tem caráter privado e moralizador. Através da comunicabilidade estabelecem-se as condições para se consolar os Espíritos sofredores, desvendar os laços entre aqueles que se odeiam e se acham perturbados e ainda receber orientações dos bons Espíritos.
Estas práticas são realizadas nas chamadas reuniões mediúnicas, ou sessões espíritas, conduzidas de acordo com a disciplina da Codificação Kardequiana e com o Evangelho de Jesus, com o máximo de simplicidade, seriedade e preferencialmente, nos Centros Espíritas. Dela participam médiuns e orientadores, estes últimos denominados dirigentes da reunião, que são incumbidos da interpretação das comunicações e orientação dos médiuns e Espíritos.
Uma reunião mediúnica séria e confiável é aquela onde prevalecem os bons sentimentos, a harmonia e homogeneidade de pensamentos entre a equipe de trabalho. É prudente ter cautela com aquelas que não
obedecem certos critérios de disciplina, que não valorizam o estudo, tampouco se preocupam com a moralização dos médiuns.
“Se o médium é de baixa moral, os Espíritos inferiores se agrupam em torno dele e estão sempre prontos a tomar o lugar dos bons Espíritos a que ele apelou. As qualidades que atraem de preferência os Espíritos
bons são: a bondade, a benevolência, a simplicidade de coração, o amor ao próximo, o desprendimento das coisas materiais” – ( Allan Kardec).
“Que fareis, pois irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação.
Faça-se tudo para edificação.
E, se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e por sua vez, e haja intérprete.
Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, fale consigo mesmo e com Deus.
E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.
Mas se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cala-se o primeiro.
Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros; para que todos aprendam, e todos sejam consolados” – (I Corintios 14.26-31).
TODOS OS QUE LIDAM COM ESPÍRITOS SÃO ESPÍRITAS?
Sabendo-se que os Espíritos estão por toda parte e que a mediunidade é uma faculdade inerente a qualquer pessoa, é evidente que nem todos os que lidam com Espíritos são espíritas. As pessoas que assim pensam têm total desconhecimento do que é o Espiritismo.
Esse falso julgamento faz com que as pessoas tenham uma idéia errônea do que seja a Doutrina Espírita e dela se afastem sem buscar conhecê-la.
PARA SER ESPÍRITA TEM QUE RECEBER ESPÍRITOS?
Espírita é aquele que crê, estuda e segue a Doutrina Espírita. É reconhecido pelo esforço que faz em aprimorar-se dentro dos princípios cristãos, não tendo necessariamente que trabalhar com a mediunidade.
A faculdade mediúnica como missão, ou mediunato, como todas as demais faculdades, não deve ser imposta.
Uma vez detectada e em acordo com o desejo do médium, deve ser desenvolvida em sessões espíritas
apropriadas, com dedicação sincera e humildade, para ser verdadeiramente produtiva. O espírita pode servir em muitas outras frentes de trabalho que nada tem a ver com a mediunidade, buscando, contudo, em todas as oportunidades fazer o melhor possível.
OS ESPÍRITOS PODEM REALIZAR CIRURGIAS OU TRATAMENTOS DE CURA ATRAVÉS DE MÉDIUNS?
O funcionamento do organismo humano está subordinado a uma direção espiritual, uma vez que a saúde ou a enfermidade reflete o panorama interior do Espírito. Disso se conclui que a alma retém todos os recursos curadores definitivos.
Todos somos dotados de uma energia, um magnetismo ou fluido natural, específico, denominado fluido vital.
É o princípio da vida material e pode ser de melhor ou pior qualidade dependendo da ação de nosso
pensamento sobre ele. Tal fluido tem a capacidade de atuar na intimidade celular, alterando as estruturas moleculares. Fazendo parte da estrutura orgânica do ser, pode ser doado ou recebido por intermédio da nossa vontade. Algumas pessoas não têm a capacidade de secar uma planta ou adoecer uma criança através de um simples olhar mal intencionado? Outros não nos dão a sensação de bem estar apenas nos tocando ou olhando? São fenômenos naturais da emanação do fluido vital e fonte de muito conhecimento ainda obscuro no campo da ciência oficial.
Tal fluido, vindo do médium, pode ter sua capacidade voltada para a cura, quando auxiliado por um bom Espírito. Ambos podem dar-lhe um determinado fim que o faz adquirir propriedades novas, facultando-lhe
a possibilidade de substituir moléculas doentes por sadias, proporcionando assim a cura das enfermidades físicas. Desta forma é que ocorrem as cirurgias ou tratamentos espirituais, que se utilizam destes fluidos com capacidade curadora através das qualidades morais que lhe são impostas.
Tais procedimentos podem ser realizados pela simples imposição das mãos, ou simplesmente do pensamento dirigido ao enfermo.
As práticas de cura mediúnica em que são utilizados instrumentos de corte e ou receitas não são recomendados, inclusive pela ilegitimidade legal das mesmas em nossa sociedade. Estas, muitas vezes legítimas, têm apenas a finalidade de promover ou despertar a atenção dos incrédulos acerca dos fenômenos espirituais.
Assim, uma grande força fluídica, aliada à soma das qualidades morais de quem a utiliza, pode operar verdadeiros prodígios sobre as enfermidades, ressaltando que a ocorrência destes está ligada ao merecimento e a fé dos enfermos.
“E ele lhe disse: Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou; vai em paz” – (Lucas 8.48).
“E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários, a ponto de levarem aos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal, diante dos quais as enfermidades fugiam das suas vítimas, e os Espíritos
malignos se retiravam” – (Atos, 19 – 11, 12).
O QUE É O PASSE?
O passe é uma transmissão de fluidos benéficos, com caráter assistencial e regenerador, que é aplicado pela simples imposição de mãos, dispensando qualquer contato físico entre o passista e o receptor. O passe permite a regeneração dos enfraquecidos, física ou espiritualmente. O passista detém uma grande responsabilidade, pois cabe a ele impor as mãos sobre as pessoas carentes e abençoá-las em nome do Criador. Ele não é nenhuma pessoa especial, necessita apenas ter o desejo sincero de servir e viver uma vida sadia, sem vícios e cultivando bons pensamentos.
“E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho isso te dou.
Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta e anda” – (Atos 3.6).
“E rogava-lhe muito dizendo: Minha filha está moribunda; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para que sare e viva. E foi com ele, e seguia-o uma grande multidão que o apertava” – (Marcos 5.23-24).
“Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios: De graça recebestes, de graça dai” – (Mateus 10.8).
“Pegarão nas serpentes, e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão” -(Marcos 16.18).
“E os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos” – (Atos 6.6).
O QUE É CENTRO ESPÍRITA E QUAIS SÃO SUAS ATIVIDADES?
Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” – (Mateus 18.20).
O Centro Espírita é uma casa religiosa onde se ensina, pratica, estuda e divulga a Doutrina Espírita. Em suas atividades estão incluídas palestras públicas, nas quais são comentados ensinamentos da Codificação Kardequiana e do Evangelho de Jesus, além de assistência espiritual e material aos necessitados.
O socorro espiritual é obtido através do atendimento individual àqueles que se encontram em aflição e desequilíbrio, com orientações e passes como fonte de regeneração e amparo. Também inclui sessões
espíritas reservadas onde se lida com a mediunidade na área da desobsessão (perturbações espirituais), sem a participação dos necessitados, onde são esclarecidos e afastados Espíritos sofredores ou de corações endurecidos que porventura sejam a causa de seus problemas.
O Centro Espírita tem como objetivo primeiro, orientar as pessoas no sentido de melhorar sua qualidade de vida através da ação reeducadora da moral do Cristo. Endereçando o homem a esse entendimento, ele de
forma mais ou menos rápida, poderá livrar-se das más influências e atrair as boas, que o ajudarão a seguir adiante de forma equilibrada e sadia.
Ao procurar um Centro Espírita, todos poderão receber orientação individual através de entrevistas particulares, participar de palestras públicas e receber passes. O contato com o estudo da Doutrina e com os Espíritos depende de normas rígidas e particulares de cada Centro, mas o bom senso nos diz que a disciplina e o estudo são metas que devem ser observadas com rigor para o sucesso das atividades.
O socorro material, por sua vez, considerado como uma atividade paralela, mas de grande importância, é dado através da assistência a necessitados em forma de alimentos, vestuário, abrigo, remédios, etc.
Os recursos são obtidos através de uma variedade de promoções realizadas em cada Centro Espírita, como almoços, jantares, bazares beneficentes, campanhas de arrecadação de alimentos etc, evitando-se rifas, bingos e outras atividades pouco éticas.
O comportamento dos servidores e frequentadores dos Centros Espíritas se pauta na harmonia, cordialidade, desejo de servir ao próximo em nome de Jesus e dos bons Espíritos, de maneira que qualquer casa que
cobrar taxa pelas orientações ou assistência não são espíritas, mesmo que mantenham uma placa na porta com essa designação.
COMO RECONHECER UM BOM CENTRO ESPÍRITA?
Nunca é demais repetir que um bom Centro Espírita é aquele que segue os preceitos da Doutrina Espírita, com orientação pautada nas obras da Codificação Kardequiana. Todo aquele que adota práticas contrárias às contidas em tais obras, que pratica atos exteriores e desprovidos de racionalidade, deve ser evitado.
O Centro Espírita, como porta-voz do Espiritismo, no seu aspecto tríplice: religioso, científico e filosófico, desenvolve suas atividades baseado no “dai de graça o que de graça recebestes”, proporcionando um entendimento mais completo das leis de Deus e suas aplicações. Logo, o Centro Espírita é um local de paz, harmonia, consolo, onde ao adentrar suas portas, o homem que sofre com tantas tragédias e desequilíbrios que o atingem e à toda humanidade, inicia a formação do alicerce para uma mudança interior que o amparará
racionalmente por toda a sua vida.
O QUE A DOUTRINA RECOMENDA PARA AS PESSOAS COM SOFRIMENTOS FÍSICOS E ESPIRITUAIS?
Recomenda que devemos nos interessar sempre por ideais nobres, ocupar nosso tempo com estudo e trabalho, praticar a caridade especialmente para com terceiros e manter a vigilância sobre nossos atos e
pensamentos. A maneira segura de afastar as influências más é atrair as boas, uma vez que onde há luz não permanecem as sombras.
O próprio Codificador nos esclarece que fechar portas e janelas ou fazer uso de defumadores e velas não afasta Espíritos perturbadores.
Contudo, pensamentos elevados não são alvo destes irmãos ignorantes e desocupados, que não se aproximam por faltar-lhes afinidade.
Uma postura elevada alivia os sofrimentos morais e físicos que, associada ao passe, um recurso energético de renovação, pode operar verdadeiros prodígios. As enfermidades físicas , muitas vezes, têm também causa espiritual e podem ser atenuadas ou até sanadas pela prática citada acima, porém tem seu componente orgânico que não dispensa, em hipótese alguma, um tratamento médico especializado.
Portanto, a Doutrina Espírita prima por simplicidade, conforme exorta Jesus a seus seguidores. Ao invés de fórmulas mirabolantes, amuletos, talismãs ou outra coisa qualquer, prescreve única e exclusivamente a
reforma íntima como remédio. Tendo Evangelho de Jesus como código de conduta, o homem descobrirá o segredo da felicidade, vivenciando o amor a Deus e ao próximo. Levar o homem a essa descoberta é o maior bem e o maior objetivo da Doutrina Espírita.
A tratamento das enfermidades físicas e psicológicas pelos métodos espíritas não dispensam, em nenhuma circunstância, a consulta ou o tratamento médico.
QUEM FOI ALLAN KARDEC?
Allan Kardec foi o pseudônimo do homem que codificou a Doutrina Espírita. Seu nome verdadeiro era Hippolyte Léon Denizard Rivail.
Usava tal pseudônimo para evitar que seu nome, já bastante conhecido nos meios literários, ficasse em evidência. Nasceu em Lion, na França, em 03 de outubro de 1804 e desencarnou subitamente em consequência de um aneurisma, em 1869 aos 65 anos de idade. Era casado, falava quatro idiomas, estudava astronomia e fenômenos ligados ao magnetismo.
Estudou na escola de Pestalozzi, o pai da pedagogia moderna. Escreveu diversos livros didáticos e lecionava para alunos sem recursos financeiros.
Em certa ocasião foi convidado por um amigo de nome Fortier, para assistir a uma brincadeira de salão em evidência na época: as mesas girantes que se comunicavam através de batidas com seus pés.
Pensando tratar-se de algum fenômeno ligado ao magnetismo aceitou o convite. Após algumas sessões foi se intrigando, uma vez que, descartadas as causas conhecidas ou truques, convencia-se de que, por detrás das mensagens, havia alguma causa inteligente responsável pelos movimentos.
A causa inteligente que se manifestava dizia que os fenômenos eram provocados por Espíritos de homens que já haviam vivido no mundo.
Passou a estudar o fenômeno e numa das reuniões, agora promovidas pelo próprio Kardec, um Espírito que usou o nome de Verdade, dizia que caberia ao professor desenvolver, dar corpo, codificar uma nova
doutrina filosófica e religiosa.
Allan Kardec desempenhou com sucesso as obrigações de que fora incumbido, explicando todos os fenômenos de maneira racional, revivendo e reforçando os ensinamentos de Jesus e da Espiritualidade
Superior.
Utilizou-se de vários médiuns diferentes, que foram cuidadosamente escolhidos, uma vez que o próprio Kardec não era médium. Fazia perguntas aos Espíritos, revisando e comparando repetidamente as
respostas.
Todos os ensinamentos da Doutrina Espírita, foram reunidos em cinco obras básicas: O Livro dos Espíritos (1857), O Livro dos Médiuns (1861), O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864), O Céu e o Inferno
(1865) e A Gênese (1868).
QUEM FOI CHICO XAVIER?
Trata-se de um expoente dentro do Movimento Espírita no Brasil.
Nascido em 1910 e doente dos pulmões desde os doze anos de idade, dedicava-se, há mais de sessenta anos, ao Espiritismo. Éra médium psicógrafo, recebia as mensagens de desencarnados transcrevendo-as para
o papel. Já escreveu mais de 290 livros com mais de 10 milhões de exemplares vendidos, sendo os direitos autorais totalmente doados à causa Espírita.
Órfão desde os cinco anos, este Espírito missionário sofreu todos os tipos de privações, foi perseguido, caluniado, ironizado, traído, mas sempre perseverou na sua tarefa, com paciência e serenidade, que sempre foram suas marcas.
Sua obra já foi comprovada cientificamente, tanto pelo teor fidedigno das informações fornecidas por pessoas já desencarnadas que se comunicaram por seu intermédio, quanto à autenticidade das assinaturas
de alguns autores das mensagens.
Sendo o escritor que mais vende no Brasil até hoje, é um dos grandes responsáveis pela
propagação do Espiritismo e tem levado o conforto e o esclarecimento a muitos que se encontram em sofrimento.
PORQUE A MAIORIA DAS PESSOAS SÓ SE TORNAM ESPÍRITAS DEPOIS DE GRANDES
SOFRIMENTOS?
Os sofrimentos fragilizam as pessoas que, diante deles, buscam o consolo e o esclarecimento para seus males. Esgotados os recursos terrenos e a fé em doutrinas materialistas ilusórias e irracionais, chegam a total descrença, revoltando-se com Deus por seus próprios males.
O Espiritismo vem trazer as provas àqueles que negam ou duvidam que a alma existe, é eterna e que sobrevive ao corpo. Explica que sobre ela recaem as consequências de seus atos, que a reencarnação é a prova da justiça divina ante às aflições, entre tantos outros fundamentos esclarecedores. Assim abranda as amarguras e os desgostos da vida, acalma os desesperados e as agitações da alma, dissipa as incertezas e
os temores do futuro. Por isso consola e torna felizes aqueles que nele ingressam. Aí está o grande segredo da fácil aceitação ante os sofrimentos.
Fornecendo uma explicação racional para as causas de tudo, o homem que sofre descobre que depende de si não sofrer mais, e que de acordo com sua semeadura terá boa ou má colheita. Trabalha, portanto, para sua
felicidade, entendendo quem é, de onde vei e para onde vai.
POR QUE ESTÁ AUMENTANDO O NÚMERO DE ADEPTOS DO ESPIRITISMO?
O crescimento exagerado do materialismo, um sistema que ao mesmo tempo que impulsiona o desenvolvimento científico e tecnológico da humanidade, gera a competitividade selvagem e a opressão, fez com que os valores morais que equilibram o bem estar social fossem perdendo suas forças. Os povos, devido às variadas revoluções internas e externas em todos os sentidos, sofrem com a degradação da essência da vida coletiva: as leis do Evangelho. Na tentativa de conquistar adeptos entre os frágeis e carentes, as religiões e cultos se multiplicam, caminhando para um colapso dos pensamentos e crenças. As novidades acerca do que é a vida e os seus mistérios se avolumam, muitas desprovidas de qualquer base científica, lógica ou racional exacerbando a crise que precede a um esperado terceiro milênio de regeneração.
Entre as religiões, o caráter racional e consolador do Espiritismo faz com que ele se sobressaia e exerça forte influência sobre aqueles que o procuram, pois fornece-lhes o equilíbrio tão almejado, a fé provida de lógica e a esperança compreendida. Esta é a causa da sua propagação.
MAS AFINAL, O QUE É ESPIRITISMO?
O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, consiste nas relações que se pode estabelecer com os Espíritos; como filosofia, compreende todas
as conseqüências morais que decorrem dessas relações.
Segundo Allan Kardec, o Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos Espíritos, e das suas relações com o mundo corporal. No Brasil, organizou-se como um movimento religioso, com aproximadamente 7 mil centros espíritas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao fim desta pequena obra, esclarecemos que o seu principal objetivo foi posicionar a Doutrina Espírita no lugar que lhe é de direito, face a tantas controvérsias, confusões e preconceitos que envolve seu nome,
por desconhecimento de seus fundamentos.
Não tivemos a intenção de contrariar qualquer outra crença, mesmo porque, como espíritas, acreditamos que todas têm sua utilidade e buscam a Deus. O Mestre Jesus nunca nos ensinou que devêssemos ser desta ou daquela religião, mas que conduzíssemos nossas vidas de acordo com os ensinamentos do Pai, filosofias à parte.
Eis que estamos diante do fato inegável de que o Espiritismo joga por terra o materialismo e as idéias preconceituosas que fazem dele os que se julgam donos da verdade. Ele é o Consolador Prometido por Jesus, que afugenta as dúvidas e soluciona racionalmente os dramas da existência. É uma Doutrina absolutamente séria e despojada de culto exterior. Talvez por estas e outras tantas razões vem sofrendo os
ataques da intolerância que assombra todas as revoluções de idéias.
Temos consciência de que entre os que não são espíritas poucos chegarão às últimas linhas deste escrito, como são poucos os que se dispõem a analisar seriamente as idéias novas, desprovidos de preconceitos.
Contudo, se entre estes poucos encontram-se alguns que queiram clarear seus Espíritos, fugindo da falsa ortodoxia dominante nos nossos tempos, estes irmãos nos serão muito caros.
Seguidores ou não do Espiritismo, ao menos comporão o rol daqueles que detém a grande responsabilidade e o prazer de respeitar seu próximo e ser chamado de verdadeiro cristão. Infelizmente, ainda restarão
dúvidas a serem dissipadas. Nem mesmo tentamos esclarecer todas elas, mas deixamos, no final, uma relação de obras às quais poderão ser consultadas e examinadas cuidadosamente pelo leitor interessado em
conhecê-las mais profundamente. Nos perdoem a repetitividade de algumas idéias, o que julgamos em certas ocasiões ser necessário, e que os Espíritos Superiores possam abençoar a todo homem de bem, independente de sua religião ou raça.
Sem mais, ficamos com as palavras do espírito Erasto: (Paris, 1863), quando indagado sobre como reconhecer os verdadeiros espíritas:
“Vós os reconhecereis pelos princípios, de verdadeira caridade que eles professarão; vós os reconhecereis pelo número de aflições às quais eles terão levado consolações; vós os reconhecereis pelo seu amor ao próximo, pela sua abnegação, pelo seu desinteresse pessoal; vós os reconhecereis enfim pelo triunfo dos seus princípios, porque Deus quer o triunfo da sua lei; aqueles que seguirem sua lei são seus eleitos e Ele lhes dará a vitória, mas esmagará aqueles que falseiam o espírito dessa lei e fazem dela um meio para satisfazer sua vaidade e sua ambição”.
RELAÇÃO DAS OBRAS A SEREM ESTUDADAS PELO INTERESSADOS:
* O Livro dos Espíritos
* O Livro dos Médiuns
* O Evangelho Segundo o Espiritismo
* Céu e Inferno
* A Gênese
Todas as obras citadas são de autoria de Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo.
EXCELENTE TRABALHO, MEU IRMÃO. SE PERMITIRES A MINHA MODESTA INTROMISSÃO, ME ATREVO A LEMBRAR,(RESSALTO QUE NUNCA OUVI NUMA PALESTRA), A PROMEÇA FEITA POR NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, QUE MAIS TARDE ELE ENVIARIA UM OUTRO CONSOLADOR, O ESPÍRITO DA VERDADE…CITADA PELO APÓSTOLO JOÃO, NO CAPÍTULO 14, DO EVANGELHO. PROVA INCONTESTE DA ORIGEM DIVINA DA DOUTRINA ESPÍRITA, CODIFICADA PELO MAGNÍFICO PEDAGOGO HIPOOLYTE LÉON DENIZARD RIVAIL – ALLAN KARDEC…
QUERIDO IRMÃO,MUITA PAZ E LUZ – UM ABRAÇO FRATERNO HOMERO A.C.
Homero, confesso que já participei de uma palestra onde o tema era exatamente este, a promessa do consolador.
Mas não esqueça que, há muitas moradas na casa do Pai.
Fico feliz que tenha gostado do texto.
Sinta-se sempre bem vindo ao Gibanet.
Um grande abraço
Great work keep it up :) kudos to the site owner. This is absolutely awesome.
OLA, A PAZ DE CRISTO PARA TODOS,
IRMAOS COM TODO O RESPEITO, A DOUTRINA DO ESPIRITISMO NAO SE ENCONTRA NA SAGRADA ESCRITURA, TUDO QUE FOI RELATADO NA VERDADE É UM ERRO DE INTERPRETAÇÕES, Ex.todas as citaçoes falam de um Deus vivo, e nao de gente que morre e depois vem dar recado para os vivos, aqueles que estavam na tenda eram sim espiritos, mas de pessoas santas e que em nenhum momento eles reencanaram em alguem, GENTE VAMOS ACORDAR, ESSA DOUTRINA NOS DISTANCIA DE JESUS CRISTO, SE TIVESSE ALGUM SENTIDO, ENTAO PRA QUE JESUS TERIA VINDO NOS SALVAR, SE A DOUTRINA DIZ QUE DEVEMOS NOS REENCAR PARA PURIFICAR NOSSOS PECADOS, OUTRO exemplo CLARO FOI QUANDO JESUS ESTAVA COM 2 LADROES NA CRUZ, ENTAO O QUE ELE DIZ PARA AQUELE QUE PEDIU O PERDAO, HOJE MESMO ESTARA COMIGO NO PARAISO, SE EXISTESSE A REENCARNÇAO O QUE JESUS NATURALMENTE IRIA DIZER, NAO MEU FILHO NAO SE PREOCUPE, VOCE VOLTARA PARA PURIFICAR OS PECADOS, MAS NAO ELE NAO DIZE ASSIM, DIZE CLARO HOJE MESMO ESTARA COMIGO NO PARAISO, OU SEJA ACEITO JESUS
OLHEM ESSE ENTROS OUTROS VERSICULOS
Não se ache entre vós quem purifique seu filho ou sua filha, fazendo-os passar pelo fogo, nem quem consulte os advinhos ou observe sonhos e agouros, nem quem use malefícios, nem quem seja encantador, nem quem consulte os necromantes, ou advinhos, ou quem indague dos mortos a verdade. Porque o Senhor abomina todas essas coisas, e por tais maldades exterminará esses povos à tua entrada"(Deut. XVIII, 9-12).
Olá Gilberto,
Bem interessante seu artigo.Muito interessante.
Caiu-me às mãos o Livro dos Espíritos. Confesso que é o livro que mais demorei de ler . Ainda não consegui terminar porque, para mim, é uma leitura um bocadinho perturbadora e inquietante,HEHE…
Gosto imenso da filosofia do espiritismo. Gosto dessa responsabilidade pessoal (repito, apesar de inquietante ) que espiritismo nos ensina , tipo: nesta vida você tem que ajudar a si mesmo, ninguém vai fazer isso por você.
Somos responsáveis por nosso pensamentos, por nossa ações e atos.
Imagine : Reconhecer agora que temos o poder para mudar e que é isso é nossa responsabilidade é um bocadinho perturbador , mas não deixa ser muito bonito.Eu acho !
Um abraço
Obrigada pelo post :)
Eninha
Minha amiga Rose, muito obrigado por complementar este artigo com tão brilhantes palavras.
Sua presença aqui enche este blog de luz.
Um grande beijo
Giba
Giba,existe uma confusão muito grande a respeito do que é ou não é Doutrina Espírita ou Espiritismo. Isto porque há pessoas que não sabem que as palavras "espírita" e "espiritismo" foram criadas em 1857, na França, pelo codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec. Somente deveriam utilizarem-se destes termos os locais religiosos ou pessoas que seguissem os postulados desta doutrina.
Assim, cultos e religiões que de alguma forma têm em suas práticas a comunicação de Espíritos e a crença na reencarnação são confundidas erroneamente com o Espiritismo.
Na verdade, embora mereçam todo o respeito dos espíritas verdadeiros, estas seitas são adeptas do espiritualismo ou esoterismo, e não do Espiritismo.
Todos aqueles que acreditam na existência do Espírito são espiritualistas. Mas nem todos os espiritualistas são espíritas, praticantes do Espiritismo.
Para que uma casa religiosa seja espírita, ela deve seguir os ensinamentos contidos nas Obras Básicas da Doutrina Espírita e no Evangelho de Jesus. Geralmente, os locais espíritas recebem o nome de: Centro, Grupo, Casa, Sociedade, Instituição ou Núcleo Espírita. Deve ser legalmente constituído, de acordo com as leis vigentes no país em que está instalado. Mesmo ostentando este nome, quem os visita necessita estar atento para quais as atividades e as formas como as mesmas são praticadas por seus dirigentes e auxiliares (veja o que um centro espírita faz).
Visando ajudar àqueles que não conhecem o Espiritismo, mostraremos abaixo o que se encontra e o que não deve ser encontrado em uma casa espírita verdadeira.
Umbanda é uma religião, conforme vc descreveu em um dos seus posts, p/ quem tiver dúvida é só dar uma olhada re reler, vale a pena.
Amigo, mais uma vez parabéns, este blog está ficando ótimo, bjos no coração.(Rose)
Que aula! Quanta informação numa só postagem!
Seria bom se as pessoas que tem preconceitos, lessem e pudessem compreender melhor.
Parabéns, amigo!
;)
Olá Giba querido!
Bem, acho que está tudo aqui, muito bem explicado…Infelizmente muitas pessoas ainda confundem espiritismo com umbanda ou macumba. Em minha família mesmo existe essa ala. Eu já li os principais livros de Kardec, onde se explica bem os fundamentos do espiritismo. Mas a sua postagem mostra de forma bem resumida as informações contidas nos livros.
Muito bom!
Grande beijo,
Jackie