Massucatti Neto
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Particularmente eu não apoio nem endosso atitudes dos nossos amigos “green go home”, nem acho que os fins justificam os meios como é amplamente aceito acima do equador, sou ainda um tolo que acredita em princípios como liberdade de expressão, direito a preservação da imagem, inviolabilidade de informações e a privacidade do cidadão. Até entendo a indignação da nossa presidente e demais representantes, o que me causa estranheza é toda essa valentia do nosso governo agora, quando situações muito mais ofensivas e danosas a imagem da nação e prejudiciais a economia foram tratadas com diplomacia, até branda demais, por parte do governo. Quem não lembra do caso BOLÍVIA vs PETROBRAS. Não lembram? Então um breve relato:
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CRONOLOGIA DA CRISE:
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22.04.06 Governo do presidente Evo Morales, da Bolívia, completa três meses sob protestos. É acusado de não cumprir promessas eleitorais, como a nacionalização do gás e do petróleo
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01.05 Morales decreta a nacionalização do setor de gás e petróleo e manda tropas militares ocuparem refinarias, inclusive a Petrobras. Essa invasão foi criticada pelas empresas e considerada marketing político
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02.05 Lula diz que decisão da Bolívia é ato soberano do país e deve ser respeitada.
Petrobras ameaça recorrer a tribunais internacionais para garantir seus direitos
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03.05 Presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, anuncia em entrevista coletiva que a empresa estatal estava cancelando novos investimentos na Bolívia
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04.05 Presidente Lula reúne-se com Morales, Hugo Chávez (Venezuela) e Nestor Kirchner (Argentina) para discutir a nacionalização, mas o encontro é criticado por não ter decidido nada sobre preço do gás e indenização à Petrobras
Numa entrevista em outro momento, Morales declara que, ao anunciar suspensão de investimentos na Bolívia, a Petrobras estava “chantageando” o país
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05.05 Lula diz que a Bolívia precisa de ajuda, “não de arrogância”, critica os defensores de uma postura mais dura e diz que o governo quer ajudar o país mais pobre da América do Sul
O presidente afirma que a Bolívia tem direito de aumentar o preço do gás, assim como a Petrobras deve defender seus interesses
Lula diz que não haverá aumento de preço para o consumidor brasileiro e, se for necessário, a Petrobras absorverá esse custo.
A Petrobras informa que dará 45 dias à Bolívia antes de procurar arbitragem em tribunal internacional
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08.05 A Bolívia nomeia diretores para assumir a direção da Petrobras e de outras petrolíferas
Lula descarta “retaliação” e diz que negocia de forma “carinhosa”. “Não vamos fazer retaliação a um país que é infinitamente mais pobre que o Brasil, um povo mais faminto que o povo brasileiro”, afirma
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09.05 Petrobras rejeita indicação de novos diretores para a empresa, anunciada no dia anterior pelo governo de La Paz, e diz que isso depende de mudanças na lei boliviana
A oposição a Lula no Brasil considera a atuação do país “frouxa” com a Bolívia
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, diz que Lula não gostou da suposta interferência do presidente Hugo Chávez, da Venezuela, na decisão de nacionalização. “Foi transmitido ao presidente Chávez nosso desconforto e o desconforto pessoal do presidente Lula com algumas dessas ações”, declara Amorim
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10.05 Ministros de Minas e Energia do Brasil, Silas Rondeau, e de Hidrocarbonetos da Bolívia, Andrés Soliz Rada, e os presidentes da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e da Yacimientos Petroleros Fiscales Bolivianos (YPFB), Jorge Alvarado, fazem reunião em La Paz para discutir os preços do gás
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11.05 Evo Morales faz uma série de declarações polêmicas: diz que a Petrobrás operava ilegalmente na Bolívia, chama as petrolíferas de “contrabandistas” (subentende-se que a Petrobras esteja incluída), revela que não vai pagar indenização nenhuma e alega ter tentado conversar com Lula antes da nacionalização, mas teria sido barrado por assessores. Fala até que o Brasil comprou o Acre da Bolívia em troca de um cavalo
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, responde e diz que o governo brasileiro ficou “indignado”
Reportagem da revista britânica “The Economist” avalia que Lula foi “humilhado” por Hugo Chávez e transformado em um “espectador irrelevante” nesse episódio do gás
Nos bastidores, Lula diz que vê ação eleitoral de Morales e agora pensa em plano B, que seria ameaçar suspender a importação de gás da Bolívia, o que estrangularia a economia do vizinho
A Bolívia recua publicamente e diz que os diretores de petrolíferas nomeados no dia 8 só assumem após negociação
Brasil e Bolívia anunciam a criação de grupos técnicos de trabalho para tratar da atuação da Petrobras naquele país
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12.05 O Brasil ameaça novamente recorrer à Justiça internacional
O ministro boliviano de Hidrocarbonetos, Andres Soliz Rada, afirma que a Bolívia não vai participar do Gasoduto do Sul (projeto que liga a Venezuela à Argentina) se a Petrobras fizer parte
Celso Amorim (Relações Exteriores) responde que, sem o Brasil, não haverá gasoduto nenhum
Em outra direção, Evo Morales baixa o tom, diz que não está expulsando a Petrobras da Bolívia e vai se reunir com Lula para um acordo
O presidente em exercício da Bolívia, Álvaro García Linera, oferece às empresas de petróleo a garantia de regras duradouras, de segurança jurídica e espaço para lucro
Celso Amorim diz que reação forte à Bolívia será tomada no momento adequado e não descarta retirar embaixador do Brasil de La Paz
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13.05 Lula e Morales reúnem-se em Viena para discutir a crise. Dizem que “viraram a página dos mal-entendidos” e culpam a imprensa pelas declarações polêmicas. Morales promete “racionalidade” e afirma que quer exportar mais gás para o Brasil, Os presidentes dizem que vão se visitar. Lula convida Morales para jogar futebol no Brasil e declara que havia “mais fumaça do que fogo” na crise”
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14.05 O vice-presidente boliviano, Álvaro García Linera, diz que o Brasil é mais importante para a Bolívia do que a Venezuela e que o seu governo espera contar com mais investimentos da Petrobras. “O Brasil é nosso principal aliado e sócio, e a Petrobras é muito importante para nós”, afirma Linera
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15.05 Lula diz que o Brasil buscará a auto-suficiência em gás natural e continuará a comprar gás boliviano, “desde que o gás da Bolívia seja conveniente do ponto de vista de preço para o povo brasileiro”
A companhia petrolífera francesa Total, sócia da Petrobras em campos bolivianos, afirma que não aceitará “qualquer tipo de condição” imposta à permanência na Bolívia e que pode sair do país
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12.09 A estatal YPFB passa a exercer o direito de propriedade sobre toda a produção de derivados de petróleo e de GLP (gás de cozinha). A medida, que exclui o gás natural, confisca a renda da Petrobras e prejudica as operações da companhia, pois proíbe a empresa de exportar diretamente derivados de petróleo e de fixar preços para produtos não-regulados, caso dos lubrificantes.
O governo boliviano decide adquirir o controle das refinarias da Petrobras no país sem pagar nada por isso, por considerar que a estatal brasileira já teve “ganhos extraordinários”, segundo resolução divulgada pelo ministro de Hidrocarbonetos, Andrés Soliz Rada.
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14.09 A Petrobras divulga nota, contestando a decisão da Bolívia de assumir suas refinarias sem pagar e informando que avalia “possíveis medidas” legais contra o Ministério de Hidrocarbonetos e Energia do país. O presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, cancela visita que faria à Bolívia no dia seguinte
Sob pressão do governo brasileiro, a Bolívia recua e suspende a decisão de confiscar a renda e transferir o controle das refinarias para o monopólio estatal
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15.09 Com o recuo sobre o confisco de renda das empresas estrangeiras, o ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Andrés Soliz, renuncia ao cargo. Assume Carlos Villegas
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07.12 A Petrobras e a estatal YPFB concordam em ampliar por mais 120 dias as negociações sobre o preço do gás. O prazo se encerraria em 10 de dezembro
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15.02.07 Brasil e Bolívia chegam a um acordo que vai fazer o Brasil pagar até US$ 100 milhões a mais por ano. O preço de US$ 4,30 por milhão de BTUs não muda, mas o Brasil vai pagar um valor maior por componentes “nobres” do gás, como etano, gás liquefeito de petróleo e gasolina natural
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Bem depois dessa sucinta explanação como ficou? Ficou que arcamos com um prejuízo de mais de US$ 100 milhões/ano, fomos chamados de especuladores e exploradores da classe do proletariado da Bolívia e nosso presidente agiu com carinho com a pobrezinha Bolívia, ou seja, nossa soberania foi jogada na privada e dada descarga. Tudo isso em nome da unificação de uma américa comunista. Agora nosso governo se sente ofendido, agredido violentado e quer mostrar ao mundo que vai enfrentar o monstro capitalista, não se preocupando com possíveis sanções ou retaliações comerciais que possam advir dessa birra da nossa presidente. Não sou protetor da política norte americana, acho até que na história da humanidade cometeram mais erros do que acertos, assim como aquela conversa do ataque do 11 de setembro ainda não desceu bem, mas temos que admitir que apesar dos vários problemas econômicos que passa ela ainda é uma potência com representação mundial, a meu ver é muito mais vantajoso manter relações amistosas com os EUA do que com Bolívia ou qualquer outro país da América Latina, isso no entanto não quer dizer que não deva a presidente se impor e exigir explicações, mas agora a essa altura do campeonato cancelar um encontro com o presidente americano é uma demonstração de estupidez e pouco tato diplomático.
Vejo agora pela mídia vários políticos exasperados, exigindo explicações, até CPI estão cogitando (como se isso assustasse os EUA, afinal se nem os assuntos nossos são resolvidos em CPI’s o que dirá esse), mas na época do problema com a Bolívia não vi ninguém tão exaltado, pelo contrário, a base governista principalmente, endossava cada pronunciamento absurdo do então presidente LULA, frases como: “ Bolívia é um país soberano….tem todo direito de aumentar…que precisa de ajuda e não de arrogância..”. Afinal não deveria ser a primeira obrigação de um presidente lutar pelos interesses de seu pais e não do país do seu amigo de ideologia marxista? E a nossa soberania quem defende? Nossos interesses econômico como ficam?
Mas vamos analisar agora essa espionagem feita contra nossa representante maior a presidente, na classificação norte americana o Brasil representa risco potencial, vi reportagens em que foi falado tratar-se de riscos econômicos, que potencialmente o Brasil é dentro do cone do Mercosul o país que pode competir economicamente com outras potencias, inclusive EUA. Mas vamos analisar: entre as conversas monitoradas a de se ressaltar as da nossa presidente com o candidato mexicano Enrique Peña Neto e entre outros assuntos quais seriam seu ministros caso eleito, isso não me parece apenas uma preocupação de cunho comercial, todos sabemos que os EUA sempre foi ferrenho opositor ao comunismo, chegando às raias da paranoia, agora vejamos, todos sabem o que é o foro de São Paulo, se não sabem pesquisem:
http://www.averdadesufocada.com/index.php/foro-de-so-paulo-especial-102
A ideia básica do foro é uma américa latina comunista, ou uma nova URSS, com países todos unidos em um bloco comunista, uma digamos União das Republicas Socialistas Americanas do Sul, não é então de se estranhar que os EUA estejam tão preocupados e monitorem nosso governo, eu faria o mesmo afinal o governo petista até agora deu motivo.
Torno a repetir não endosso qualquer tipo de intervenção na soberania de uma nação, nenhuma, seja as de direita e muito menos as da esquerda, não endosso essa espionagem mas entendo a preocupação e até certo ponto fico aliviado que alguém em algum lugar tem a devida preocupação com o risco que o FORO DE SÃO PAULO representa para a democracia.
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