Arte da Guerra é mais que um canal no YouTube sobre assuntos militares, é uma sala de aula sobre geopolítica. Vale cada segundo de vídeo
O nosso entrevistado de hoje é o Comandante Robinson Farinazzo, do Canal Arte da Guerra.
Ele é natural de Catanduva-SP, palestrante e articulista, é oficial da Marinha brasileira com extensa expertise em tecnologia aeronáutica.
Piloto de aviões, graduado em Administração de Empresas, atuou em diversos cargos em sua carreira militar, especializando-se através de cursos, seminários, simpósios e intensa experiência de campo.
Participou de inúmeros projetos tecnológicos importantes para nosso País.
É autor do livro “As leis de sucesso dos pilotos de guerra”, uma didática adaptação das modernas soluções aeronáuticas às atuais demandas e desafios das empresas e demais organizações.
O Comandante Robinson Farinazzo também é um dos colaboradores do Blog Velho General.
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Vamos conversar um pouco com nosso convidado
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- Quando percebeu sua vocação para ser militar da Marinha?
Desde minha adolescência eu queria ser militar.
- Quais foram seus maiores desafios dentro da corporação?
Eu penso que a auto-superação. O militar é muito exigido o tempo todo, se ele não se reinventar e se adaptar à adversidade diuturnamente, certamente vai fracassar em sua carreira.
- Quais as maiores lições?
Aprender a conviver e trabalhar em equipe.
- Quais as maiores vitórias?
Acho que conseguir reconhecer alguns de meus erros e pedir desculpas às pessoas com as quais pisei na bola.
- A população brasileira sabe muito pouco sobre as Forças Armadas, sua atuação, as especialidades e sobre os cursos preparatórios e profissionalizantes. Esta deficiência é por ação dos governantes ou uma deficiência da própria comunicação das forças Armadas?
Eu acredito que isso se deve a um processo histórico. O Brasil ficou muito tempo fora do radar dos interesses mundiais, logo a possibilidade de um conflito ficou afastada do nosso imaginário popular. Soma-se a isso a natural (e necessária) discrição dos militares brasileiros. Entretanto, nos últimos anos a comunicação social das Forças Armadas tem melhorado bastante, e acredito que vão se aperfeiçoar muito em virtude do quadro geopolítico turbulento que enfrentaremos em breve.
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- Na questão defesa, quais são as áreas de atuação da Marinha?
São centenas de atribuições, as quais estão discriminadas no documento “POLÍTICA NAVAL” da Marinha do Brasil, um “paper” que é facilmente encontrado na internet. Mas eu destacaria como principais a manutenção de nossas vias de comunicação marítimas, de vez que a maior parte do nosso comercio se processa pelos oceanos e a sua interrupção fatalmente colapsaria a economia brasileira. A defesa do Brasil começa no mar.
- A Marinha também atua no combate às drogas e contrabando?
A Marinha cumpre seu papel constitucional e colabora com as demais instituições nesse sentido.
- E no combate aos crimes ambientais, a Marinha tem alguma participação?
Eu penso que esta pergunta, bem como a anterior, será melhor respondida pelo Ministério da Defesa, eles são muito mais qualificados e gabaritados do que eu nesse quesito.
- O Brasil tem dimensões continentais e este fator ocasiona problemas em proporções estratégicas, no caso da defesa, quais problemas o Senhor Identifica hoje e quais os caminhos para soluções a curto, médio e longo prazo?
Eu entendo que são 3 os principais desafios da Defesa no Brasil hoje, todos entrelaçados e a saber:
- Por diversos motivos, a sociedade desconhece o assunto, logo não mobiliza os parlamentares, os quais desta forma se desinteressam pelo tema, e como consequência recursos desesperadamente necessários ao setor bem como a aprovação de uma legislação amigável não andam;
- Uma das decorrências negativas da insuficiência de investimentos no setor é que o Brasil gasta apenas cerca de 1,4 % do seu PIB com Defesa, o que, embora seja expressivo em face da realidade social brasileira, é insuficiente para o tamanho dos desafios que se apresentam, e isso vai implicar em que:
- A indústria de defesa nacional acaba não tendo escala de demanda do governo brasileiro para se tornar autossustentável e financiar seus próprios projetos de pesquisa e desenvolvimento, logo as Forças Armadas acabam dependendo da importação de muito material militar, ficando o país longe da autossuficiência. Devemos sempre lembrar que, ao adquirir insumos militares no exterior estamos eliminando a possibilidade de criação de postos de trabalho no Brasil, além de enviar divisas para fora bem como aumentando nossa dependência do mercado externo. O grande empresariado brasileiro do setor bem como as entidades que os representam (SIMDE, ABIMDE, FIESP) precisa se atentar para esses quesitos e adotar medidas pró-ativas no sentido de melhorar a comunicação de suas necessidades junto à sociedade para que a mesma cobre os parlamentares. O ideal mesmo seria a criação de uma bancada da Defesa no Congresso dedicada ao tema.
Em suma, temos um círculo vicioso que faz o segmento patinar, e só vamos sair desse atoleiro se iniciamos um forte movimento suprapartidário de cunho nacionalista.
- Quais benefícios de uma base militar na Antártica?
O Continente Antártico abriga possibilidades e recursos cujo vulto e importância ainda estão bem longe de serem definidos e metrificados. Todas as grandes potências tem pleno conhecimento dessas oportunidades e se fazem presentes ali, logo o Brasil não pode ficar alheio.
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- Para a realidade brasileira, a nossa Marinha está equipada adequadamente?
Eu acredito que ela esteja materialmente dotada num patamar bem aquém das missões que lhe são impostas, mas nosso pessoal faz o possível com os recursos disponíveis. Com mais investimentos, fariam muito mais mantendo qualidade. Estaríamos mais fortes e iríamos mais longe.
- O Brasil tem um bom relacionamento com outros países na questão de troca de tecnologia na área militar?
Sim tem, e sempre absorvemos muito mais Know How do que nos é disponibilizado. O brasileiro é criativo e engenhoso, ele consegue extrair leite das pedras!
- A vinda para o Brasil de empresas como a Tatra Trucks traz alguma vantagem estratégica ou tecnológica para as Forças Armadas brasileiras?
Com certeza. A Tatra tem uma longa tradição na área de produtos militares e fornecerá uma base tecnológica local fundamental para o desenvolvimento de novos veículos e soluções para nossas Forças Armadas.
- A grande quantidade de ONG’s estrangeiras no País pode trazer algum risco a segurança e soberania nacional?
Disso eu não tenho a mínima dúvida. Veja, existem cerca de 15.900 ONGs na Amazônia, será que todas elas estão ali a serviço dos interesses brasileiros? Recentemente o governo da Índia expulsou mais de 13.000 ONGs do seu país que estavam em situação irregular no tocante à legislação, arrecadação de impostos e até crimes comuns. Em paralelo, essas entidades também atrapalhavam muito a implantação de projetos de interesse do povo indiano, sabe-se lá motivadas por qual interesse.
Só aqui no Brasil temos essa farra sem fiscalização, isso precisa acabar.
- Em 18 de novembro de 2020, foi assinado um Memorando de Entendimento entre a Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM) e a Indústrias Nucleares do Brasil (INB). Qual a importância deste tipo de acordo para o Brasil?
É bastante positivo para o setor nuclear no sentido de que promove a nacionalização de processos e produtos, ou seja, mais um passo na direção da autossuficiência do Brasil no segmento. Pode resultar numa conquista estratégica à médio prazo e é uma prova de que a Marinha do Brasil procura sempre se integrar às demais instituições civis e militares do país no sentido de obter sinergia corporativa visando proporcionar maiores ganhos à sociedade.
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- Desde que o Dr. Enéas Carneiro levantou a questão, entrou para o debate público a necessidade de o Brasil desenvolver a tecnologia nuclear para o desenvolvimento de uma bomba nuclear brasileira. Qual sua visão sobre o assunto?
Extremamente necessária. Foi a possibilidade de emprego de armas nucleares por Israel que salvou o pequeno país de extinção na Guerra do Yom Kippur em 1973, a Ucrânia precisou entregar o território da Criméia à Rússia em 2014 porque abriu mão de suas armas nucleares em 1991 e a Índia desafiou os EUA e Europa em 1998 para poder realizar seus testes nucleares no deserto do Rajastão, pois sabia que sua soberania e integridade territorial estavam em jogo. Um país com as riquezas que o Brasil tem não pode abrir mão de sua defesa num nível estratégico.
- Em que a população brasileira pode contribuir positivamente nesta questão?
Mobilizando-se no sentido de pressionar os parlamentares para que destravem os dispositivos legislativos que limitam nossos projetos nucleares. No dia em que o assunto Defesa se traduzir em voto, os parlamentares começam a tomar providências nesse sentido.
- Há uma intensa movimentação política em prol do globalismo e muitos dos que defendem esta bandeira defendem ideais comunistas. O que devemos fazer a respeito?
Tomar consciência. Pessoas bem informadas decidem melhor. É preciso despertar a sociedade para os problemas que nos ameaçam.
- Conhecer e se atualizar sobre as questões de geopolítica, qual importância?
Total. É preciso entender o mundo em que vivemos, pois só conseguiremos transforma-lo a nosso favor se tivermos pleno conhecimento de seu funcionamento. E não podemos esquecer que o estudo da geopolítica deixa patente o quanto o Brasil está suscetível no cenário internacional, ao mesmo tempo que nos fornece as ferramentas necessárias a lidar com esses desafios.
- O terrorismo islâmico atualmente oferece algum risco à segurança nacional brasileira?
No atual momento, penso ser pouco provável pois o Brasil não oferece motivos nem ambiente que incentivem seu florescimento. Acredito que as ameaças ao Brasil virão da ganancia de políticos americanos e europeus, os quais já tem feito ameaças explícitas a nossa soberania amazônica.
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- Como o Senhor avalia o governo Jair Bolsonaro?
Se, conforme a frase que colocaram na boca do premiê Chu En Lai em 1972 “ainda é cedo para avaliar a Revolução Francesa” (que ocorreu em 1789), quem sou eu na fila do pão para opinar sobre um governo que ainda está na metade…
- Quando surgiu a ideia do Canal a Arte da Guerra e qual foi sua inspiração?
Algum tempo antes de passar à reserva no ano de 2016 eu já intencionava trabalhar com comunicação de massa no com a intenção divulgar as boas práticas da Marinha para a sociedade, mas achava que faria isso na forma de palestras. Uma vez na vida civil, percebi que as redes sociais tem uma amplitude e velocidade muito maiores do que as exposições presenciais. Daí surgiu o Canal.
- Qual objetivo do Canal?
Levar um conhecimento concreto da vida militar para as pessoas. O debate de defesa andava muito infantilizado, principalmente na plataforma Youtube onde havia a predominância de matérias sensacionalistas e de comparações rasas realizadas por pessoas sem qualificação militar, então lutamos bastante para mudar isso, aproximando a abordagem da realidade da caserna. Costumo dizer que não há diferença entre o que é passado nos vídeos e o ambiente das Forças Armadas, levamos o quartel para as telas!
- Hoje, quantos inscritos e quais são suas metas?
No momento dessa entrevista, caminhamos para 220.000 inscritos de 32 milhões de visualizações. É razoável para o ambiente Youtube (uma plataforma que prioriza entretenimento) mas se lembramos que o Canal tem uma função educativa, considero esses números bastante expressivos. Quanto às metas, não temos um parâmetro numérico, o nosso target é criar massa de conscientização, e as conquistas de nossa comunidade junto ao Senado mostram que estamos tendo sucesso nesse sentido.
- Tem muita informação falsa na internet. Quais os canais confiáveis que o Senhor indica para informações das questões militares?
O Blog “Velho General” do Albert Caballé, o site da Revista “Tecnologia & Defesa” do Francisco Ferro, canais “Aviação Militar”, do Coronel Sergio Blaso, “Na hora da guerra”, do Coronel Nohra, e “Ao bom combate” do Coronel Jorge Shwerz. Para questões políticas, eu indico o canal “Pátria & Defesa“.
- Surge diariamente informações sobre censura das plataformas tradicionais, como YouTube, Facebook e Twitter. O Senhor acha que devemos incentivar a utilização de alternativas brasileiras para fugir desta censura? Tem alguma indicação?
Tenho certeza. Recomendo a rede social Patriabook.
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Bate Bola com Robinson Farinazzo
- Um Esporte – Andar. Muito.
- Uma Música Nacional – “Canção do Novo Mundo”, com Milton Nascimento
- Uma Música Internacional – You will be my music (Frank Sinatra)
- Um Livro – A Arte da Guerra
- Um autor – Frederick Forsyth
- Um Filme Nacional – Portinari do Brasil
- Um filme internacional – O irlandês
- Um ator nacional – Paulo Gracindo
- Um ator internacional – Robert De Niro
- Uma atriz nacional – Marisa Orth
- Uma atriz internacional – Meryl Streep
- Um lugar – a cidade de São Paulo
- Personalidade Nacional Feminina – a professora Heley de Abreu
- Personalidade Internacional Feminina – Catharina a Grande, da Rússia
- Personalidade Nacional Masculina – Duque de Caxias
- Personalidade Internacional Masculina – David Ben Gurion
- Uma boa lembrança – Estar com a família
- Um sonho – o Brasil irmanado
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Encerramento
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- Quem é Robinson Farinazzo na visão de Robinson Farinazzo?
Uma pessoa imperfeita que teve mais sorte do que merecia.
- Deixe sua mensagem para nossos leitores.
Acreditem no Brasil, Vocês estão no melhor País do mundo!
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Redes Sociais
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- Email: robinsonfarinazzo@gmail.com
- Facebook https://www.facebook.com/canalartedaguerra
- Patriabook https://patriabook.com/robinsonfarinazzo#
- Instagram https://www.instagram.com/canalartedaguerra/?hl=pt-br
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- Linkedin https://www.linkedin.com/in/robinsonfarinazzo/
- YouTube https://www.youtube.com/channel/UCNlCllCWYAtU7TzBNKwaMHw/community
- Site https://velhogeneral.com.br/
- Blog https://velhogeneral.com.br/
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REFERENCIAS:
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Link para baixar a Política Naval da Marinha do Brasil:
https://www.marinha.mil.br/politicanaval
Revista Tecnologia & Defesa
Blog Velho General:
Canal Aviação Militar:
https://www.youtube.com/channel/UCxxmtmTz1XzATFQ-d3xBfuA
Canal “Na hora da guerra”:
https://www.youtube.com/channel/UCkjw_BEpqjjyOO_mhfFbxDA
Canal Ao bom combate!:
https://www.youtube.com/channel/UCbvdyureZF3CWgEJxc8ooUg
Canal Pátria & Defesa:
https://www.youtube.com/user/edsilvammn1
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Livro
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Livro “As leis de Sucesso dos Pilotos de Guerra”:
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Vídeos
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O que é interessante saber sobre o Dia D
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Liderança Militar: três dicas que servem para qualquer profissão.
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Explosões nucleares: como são feitos os testes subterrâneos?
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Galeria
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Table of Contents
Muito bom, canal Arte da Guerra é a academia militar do YouTube!
Concordo com você Pedro. Conteúdo muito bom e elaborado com muita responsabilidade.
Tremenda matéria. Foca tudo que a população precisa saber sobre a atividade militar, suprindo assim a enorme lacuna deixada pela grande mídia que, salvo as raras exceções, procura denegrir a imagem das Forças Armadas patrióticas por mero ranço ideológico. Difundir essa entrevista é pulverizar cultura sadia neste País dominado em vários setores por mentes doentias. Parabéns ao Gibanet.com e a seu diretor, meu particular amigo Gilberto Vieira de Sousa.
Pois é meu amigo Lino, você como jornalista sabe muito bem como é que a grande imprensa se empenha em esconder assuntos tão importantes e relevantes como o tratado pelo nosso entrevistado Comandante Robinson Farinazzo.
É por isso que nós do Gibanet.com trabalhamos para preencher esta lacuna.