Existem coisas que saltam aos olhos de todos, mas milhares – às vezes milhões – de pessoas não veem ou vingem não ver por questão de conveniência. Um delas é o que aconteceu quando a presidente Dilma Rousseff nomeou Antônio Palocci para minitro-chefe da Casa Civil da Presidência da República. O fato não repercutiu como deveria, havendo até quem aplaudisse essa escolha, sob o argumento de que se tratava de um ex-integrante da gestão anteior, que teria alcançado bons resultados exercendo o cargo de ministro da Fazenda.
O problema é que, independente de julgar o mérito da atuação do ministro à frente de sua Pasta, o que deveria pesar nessa escolha era o lado ético da questão, ou seja, aquele que requer do administrador público uma vida pregressa exemplar, o que não era o caso do senhor Palocci, que havia caído no Governo Lula, em razão do escândalo em que se envolveu, na quebra de sigilo bancário do humilde caseiro Francenildo Santos Costa. Ora, se Antônio Palocci foi demitido por Lula do cargo que lhe confiara, como reconhecimento de que aquela indecorosa quebra de sigilo tornara insustentável sua permanência no governo de então, como explicar o fato de Palocci ter sido trazido de volta ao poder, pela mão da presidente substituta daquele que o demitiu, como se nada tivesse acontecido ?
Diante desse contra-senso, tudo quanto se torna possível concluir é que, ao nomear Antônio Palocci para a Chefia da Casa Civil, a presidente Dilma o fez sob uma dessas duas hipósteses: achando que o ex-minstro fora acusado daquela frande injustamente, o que, se verdadeiro, o tornaria vítima de uma injustiça praticada por Lula que o demitiu por essa razão, ou então, considerando que ilicitudes dessa natureza são coisas insignificantes para inviabilizar a ocupação de um cargo no primeiro escalão do poder central da República.
Se prevalece essa segunda hipótese, é bem possível que Dilma venha a se arrepender acerca da escolha que fez, haja vista que essas acusações de possível enriquecimento ilícito por parte do cidadão Antônio Palocci Filho, veiculadas na Folha de São Paulo, não resistem, com toda a certeza, a um simples “pente fino” da Receita Federal (sério, honesto e sem corporativismo) . Como afirmou um conceituado economista, num telejornal, só acertando na loteria, herdando uma fortuna ou faturando dinheiro sujo, alguém será capaz de aumentar em 20 vezes o seu patrimônio, em menos de cinco anos, como, segundo a notícia, Palocci teria aumentado o seu, desde 2006, quando deixou a Pasta da Fazenda.
O lamentável, em tudo isso, é que a “tropa de choque” da Presidência, liderada pela comissão de ética presidida por Sepúlveda Pertence, declara publicamene que nada será investigado e dá o caso por encerrado. Infelizmente, assistimos estupefatos, mais uma vez, as “vassouras do Planalto” trabalhando a todo vapor para empurrar outra “sujeira” de gente do governo, para debaixo do tapete mais famoso da Praça dos Três Poderes.
(*) Lino Tavares é jornalista diplomado, colunista na mídia gaúcha e catarinense, integrante da equipe de comentaristas do Portal Terceiro Tempo da Rede Bandeirantes de Televisão, além de poeta e compositor.
Mais uma vez,concordo com você,meu caro Lino.Tomemos por exemplo,só para efeito de confirmar o que você diz,o caso deste ultimo escândalo de corrupção no governo do PT.Daqui da tribuna do Senado continuo pedindo o aprofundamento da investigação sobre as denuncias de corrupção no Ministério dos Esportes e punição para o seu Ministro,mas a presidente Dilma prefere prestigiá-lo.O Jornal O GLOBO,em sua edição do ultimo sábado,trás a seguinte manchete “LULA MANDA PCDOB RESITIR E DILMA MANTÉM MINISTRO”. Isso depois de todas as denuncias e do Procurador Geral da Republica ter pedido ao Supremo Tribunal Federal que abra Inquérito contra Orlando Silva e Agnelo Queiroz,este ultimo ex-ministro dos Esportes e atual governador de Brasília.Ambos acusados de desvios de dinheiro publico naquela Pasta.Lula e Dilma prefere prestigiá-los.Devo lembrar que a ação do Procurador é uma decorrência da iniciativa da Oposição que,ao perceber que o governo nada faria contra o Ministro, encaminhou representação pedindo a interferência do Ministério Publico Federal.Como você pode notar,nós da oposição estamos agindo. A presidente Dilma, ao manter o ministro Orlando Silva no cargo, comprova,mais uma vez,aquilo que eu tenho dito aqui da tribuna do Senado,que é balela falar em faxina ética do Palácio do Planalto.Não há faxina alguma.São todos farinha do mesmo saco.Vamos continuar na luta contra esse esquema de corrupção que tem caracterizado o governo do PT.
Cordialmente,
Alvaro Dias