E o presidente Bolsonaro na mesma linha: não gastando com verbas publicitárias, incorporando-se a comunicação janista

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Famoso por suas excentricidades, Jânio Quadros foi também um gênio do marketing pessoal. Com maestria sabia como atrair publicidade para si e para seus atos. Em 6 de janeiro de 1986, dias após tomar posse como prefeito de São Paulo e em meio aos rumores de que se candidataria à Presidência, Jânio pendurou um par de chuteiras na porta do seu gabinete. Junto à porta também fixou um bilhete com os dizeres: “O prefeito não é candidato a qualquer cargo eletivo. Este é o seu último mandato e a matéria não pode ser objeto de conversa.”

Polêmica na posse. Jânio já havia causado certa comoção na sua posse, ao desinfetar a cadeira de prefeito, ocupada pelo oponente nas eleições municipais de 1985, Fernando Henrique Cardoso, candidato do PSDB.

O reforço e a solidificação de valores e atitudes foram explorados em detrimento da imposição de novos estilos. Entre os discursos de campanha, comia sanduíches de mortadela e pão com banana, numa tentativa de identificar sua imagem com o eleitorado mais pobre. Jânio procurou sempre se diferenciar dos outros políticos. Vestia roupas surradas, usava cabelos compridos, deixava a barba por fazer, os ombros cheios de caspa e exibia caretas aos fotógrafos.

Sua sintaxe era um caso à parte. Em seus discursos procurou sempre utilizar um vocabulário apurado, recheado por frases de efeito. É um enigma saber como conseguia se comunicar de forma eficiente com seus eleitores, a maioria sem instrução escolar.

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Chefe do Executivo fosse municipal, estadual ou federal, o autoritarismo e o carisma foram seus traços característicos. Seus bilhetinhos, com ordens a subordinados, se tornaram célebres.

Artista completo, sua “parte” não está somente nas palavras. Em horas trágicas ou solenes, a composição de sua imagem parece levar a um único fito:  o desconcerto. O senso crítico era sua grande arma.

As contrações faciais e o olhar projetado ao infinito criavam, às vezes, a impressão de Jânio se movia sob os refletores de cena. A composição da imagem do artista varia conforme a natureza do espetáculo. Note nos flagrantes, o cabelo penteado, a barba feita, a gravata correta, o paletó abotoado, enfim, o ar distinto com que Jânio aparecia em ocasiões especiais. Padecia de leve estrabismo, mas o olhar interior estava certeiramente dirigido a um ponto único. Jânio sabia o que queria.

Apoiando nos votos e nos ombros de Marrey Jr., elegeu-se prefeito de São Paulo. Daí em frente, ninguém mais o conteve.

Muita caspa desprendeu-se dos cabelos de Jânio por ocasião da campanha pelo governo do Estado. Eleito governador, a importuna regrediu e o caso exigiria apenas tesoura e pente. Na carreira meteórica, que o levou de vereador a presidente em apenas 12 anos, ele já havia criado mitos suficientes sobre si mesmo: a fala rebuscada; a caspa deixada propositadamente no paletó para se assemelhar a um “homem comum”.

O temperamento forte; o populismo levado ao extremo – Jânio pouco lembrava a figura “presidencial” de Getúlio Vargas ou Juscelino Kubitschek. Jânio é considerado um grande marqueteiro da política nacional.

Sua sintaxe era um caso à parte. Em seus discursos procurou sempre utilizar um vocabulário apurado, recheado por frases de efeito. É um enigma saber como conseguia se comunicar de forma eficiente com seus eleitores, a maioria sem instrução escolar.

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Fernando Henrique Cardoso, Jair Messias Bolsonaro e Jânio da Silva Quadros

Ninguém na história deste país arrebatou multidões tão apaixonadas, mãos levantadas em aplausos e tão plenas de esperanças quanto ele. Tudo era ao vivo. Suas maneiras de convencimento eram devastadoras.  O comício era o grande cenário; ele, o próprio espetáculo. Ele foi o nosso primeiro e grande comunicador político a utilizar técnicas não convencionais. Carregava nos tons da voz, que levantava no exato instante os temas da paixão. Despertava o ódio, açulava a revolta, levando multidões ao delírio. Em seguida, suavemente dizia o que todos queriam ouvir: a mensagem salvadora. A multidão, aquele mar agitado, parava para escutá-lo, subjugada. Jânio da Silva Quadros, refez a linguagem política do País. Assim era Jânio.

A revista “O mundo ilustrado”, nos meses de fevereiro em março de 1957, começa a ser a revista mais lida em São Paulo. Começa a estampar, em suas páginas, as famosas reportagens do “caso Diva”. “Decifrando uma esfinge” …,” O fim da comédia”, “ Satanás usa bigodes”, “D. Juan de Gabinete”…”, “Qual é o pente que penteia sua moral”. São os títulos dessas reportagens. E muito mais.

Jamais um político foi castigado tão duramente pelos seus inimigos. Mas, a verdade….

Assim narra Diva a sua história:

“No dia 03 de setembro de 1955, por volta das 15 horas, fui procurar o sr. governador. Após ser introduzida em seu gabinete, para pleitear a readmissão no Departamento de Saúde, fui informada que minha pretensão seria atendida.

“Nessa oportunidade’ – prossegue a jovem Diva no relato – “notei que o sr. Jânio Quadros, pela maneira de fitar-me, não alimentava boas intenções. Ao mesmo tempo o sr. Jânio Quadros, visivelmente transtornado, se aproximava de mim, abraçando-me, rasgando minha roupa e estava muito ofegante! Diante de minha recusa, o sr. Jânio Quadros desapontado, conduziu-me a sua mesa, onde teve esta expressão:

– Foi melhor Diva… Foi melhor você ter-me resistido”.

“Nunca mais fui readmitida em seu Gabinete para que pudesse defender os meus direitos”.

Essa é a narrativa de Diva

Jânio Quadros e, reiteradas vezes perguntava: – “A quem aproveita esse crime?”

Diva, após um longo tempo, trazia consigo uma pasta de papeis e passou a lê-los. Que eram? Pasmem! Uma retratação por inteira, escrita, assinada, com testemunhas, da própria Diva Pereira de Lima.

Dizia a infeliz moça que o indivíduo Arnaldo Alves Ferreira, incentiva-a a denegrir a reputação de Jânio. Diva, declarou estar arrependida do que havia feito.

Assim terminava a mais horrível campanha já presenciada pelo povo paulista, em toda a vida política do Estado.

JQ solicitou que instaurasse Inquérito Policial e ao procurador geral do Estado que processasse todos os culpados pela insidiosa trama.

Assim como o ex-presidente Jânio Quadros, que pendurou chuteiras na porta de seu gabinete quando prefeito de São Paulo, simbolizando sua aposentadoria nunca cumprida e a imprensa publicava sobre o gesto (como se fosse uma bola de cristal) ele era a própria publicidade e não gastou um tostão com verbas publicitárias. E o presidente Bolsonaro na mesma linha: não gastando com verbas publicitárias, incorporando-se a comunicação janista.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aproveitou a manhã de domingo para saudar e cumprimentar pessoas que se aglomeraram em frente ao Palácio do Planalto. A presença do presidente Jair Bolsonaro voltou a provocar aglomeração de apoiadores em frente ao Palácio do Planalto. Algumas pessoas usavam máscaras, mas a maioria estava sem a proteção. Sem citar nomes, o presidente disse não querer acreditar que as medidas de isolamento sejam parte da vontade de “políticos” que, segundo ele, querem “abalar a Presidência da República”. O avesso da comunicação janista.

“Não vão me tirar daqui, tenho certeza”! Bolsonaro utiliza a máxima do exército brasileiros (desde Guararapes, Caxias) que “militar é superior ao tempo e reveses” e o discurso é do tempo da caserna, quando o mesmo afirma: “ Gripezinha” “resfriadinho” – com objetivo de elevar o moral da tropa e de seus seguidores. E a imprensa escrevendo sobre o seu gesto. Bolsonaro é uma cópia de Jânio Quadros mal feita, horrível, desastrosa. O que ele diz de manhã, não se confirma a tarde e desmente-se a noite. Enfim, uma série de desmentidos desigualmente desiguais.

Jânio Quadros é inimitável, irrepetível e único na comunicação política.

 

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