Cid Moreira era um showman da arte de comunicar
Lino Tavares
Nesta singela homenagem, eu poderia dizer que o Brasil perdeu hoje um de seus mais completos apresentadores do telejornalismo, com o falecimento de Cid Moreira, aos 97 anos, ocorrido neste 3 de outubro de 2024.
Mas não seria justo pluralizar uma carreira ímpar como a desse jornalista tão especial da mídia brasileira. Por isso, destaco aqui que a televisão brasileira chora hoje a perda de seu maior expoente de todos os tempos do jornalismo falado, no qual se inclui também o radiojornalismo.
Com um potencial de voz inigualável e uma postura visual impecável, mais do que um locutor de jornal, Cid Moreira era um showman da arte de comunicar. Os fatos que narrava com maestria ganhavam um colorido especial ao serem lapidados por sua expressão vocal e facial diferenciada.
Antes de dar início à carreira que o consagraria no jornalismo, o ícone da TV brasileira trabalhou como contador da Rádio Difusora de Taubaté – SP, sua terra natal. Com 20 anos de idade, ingressou na Rádio Bandeirantes como locutor. Em 1951, foi contratado pela Rádio Mayrink Veiga e doze anos depois estreou na TV Excelsior, tornando-se logo em seguida narrador do Jornal do Cinema, no Canal 100, produzido por Carlos Niemeyer.
Em 1958, teve participação como ator no filme Angu de Caroço, sendo contratado onze anos depois pela Rede Globo, como apresentador e principal âncora do Jornal Nacional, no qual permaneceu até 1996. Em 1975, narrou o documentário Brasil: Ontem, hoje e amanhã, descrevendo as conquistas do Brasil ao longo de onze anos do governo iniciado a partir da Revolução de 1964.
Celebrizou-se também pela gravação em áudio da Bíblia Cristã, na íntegra, em 2001, cujos CDs alcançaram enorme sucesso de vendas, chegando a 33 milhões de cópias vendidas. Durante a Copa de 2010, na África do Sul, Cid gravou uma vinheta intitulada Jabulani, exibida em reportagens do Fantástico e programas esportivos da Rede Globo.
Na sua derradeira partida, Cid Moreira deixa como legado décadas exemplares de um jornalismo sadio e objetivo, em que, narrados ou escritos, os fatos chegam a todos os lares com a clareza e o grau de veracidade em que realmente aconteceram.
Sua lição de vida profissional dignificante será citada, com certeza, nos bancos acadêmicos destinados à formação dos futuros comunicadores deste país.