Ashes and Snow a exposição do artista canadense Gregory Colbert consiste numa coletânea de obras fotográficas, filmes e um romance epistolar, todos eles companheiros de viagem de um museu itinerante, o Nomadic Museum, uma estrutura temporária exclusivamente concebida para acolher a exposição. O trabalho explora as sensibilidades poéticas partilhadas pelos seres humanos e pelos animais. Ashes and Snow já viajou até Veneza, Nova Iorque, Santa Mônica, Tóquio e Cidade do México. Até à data, Ashes and Snow já atraiu mais de 10 milhões de visitantes, o que a converte na exposição de um artista vivo mais visitada de todos os tempos.
A potencialidade destas imagens torna desnecessário o uso de qualquer palavra, nos convida a sonhar como todos os que aparecem nelas, tanto os humanos como os animais… Magnífico a sensibilidade deste trabalho!!!
Este vídeo foi indicado pelo amigo Lino Tavares.
Eis aqui a transcrição da legenda:
0:06 Cinzas e Neve [Ashes And Snow]
0:42 Se você vem a mim neste momento
0:45 Seus minutos irão se converter em horas,
0:48 Suas horas irão se converter em dias,
0:53 E seus dias em uma vida inteira.
11:08 À princesa dos elefantes:
11:14 Desapareci exatamente há um ano
11:18 Naquele dia, recebi uma carta.
11:23 Ela me levou de volta ao lugar onde minha vida com os elefantes começou.
11:30 Por favor perdoem-me pelo silêncio ininterrupto
11:33 entre nós durante um ano.
11:36 Esta carta rompe com esse silêncio.
11:39 Ela marca a primeira de minhas 365 cartas para você.
11:46 Uma por cada dia de silêncio.
11:54 Eu nunca serei mais eu mesmo do que nessas cartas.
12:03 Elas são meus mapas do caminho do pássaro.
12:09 e elas são tudo que soube para ser autêntico.
15:09 Você irá se lembrar de tudo. Tudo será como antes.
15:21 No princípio do tempo, os céus
15:24 estavam repletos de elefantes voadores.
15:29 A cada noite eles se deitam no mesmo lugar no céu
15:36 e sonhavam com um olho aberto.
15:40 Quando você olha fixamente as estrelas na noite
15:45 estará vendo os olhos que não piscam
15:49 dos elefantes, que dormem com um olho aberto
15:54 para nos vigiar melhor.
19:58 Desde que minha casa se incendiou eu vejo a lua mais claramente
20:13 Olhei para todos os paraísos que se apresentaram a mim.
20:20 Vi paraísos que tive em minhas mãos,
20:24 mas deixei escapar.
20:26 Vi promessas que não mantive.
20:29 Dores que não mitiguei.
20:32 Feridas que não cicatrizaram.
20:34 Lágrimas que não derramei.
20:38 Vi mortes que não lamentei.
20:42 Preces que não respondi.
20:45 Portas que não abri. Portas que não fechei.
20:51 Amantes que deixei para trás
20:56 e sonhos que não vivi.
21:01 Vi tudo que me foi oferecido, que não pude aceitar.
21:10 Vi as cartas que desejei, mas nunca recebi.
21:16 Vi tudo que poderia ter sido,
24:06 Um elefante com sua tromba levantada é uma carta para as estrelas.
24:14 O salto de uma baleia para fora d’água
24:17 é uma carta do fundo do mar.
24:21 Estas imagens são uma carta para meus sonhos.
24:27 Estas cartas são minhas cartas para você.
28:20 Meu coração é como uma casa
28:25 cujas janelas não foram abertas por anos.
28:29 Mas agora ouço as janelas se abrindo.
28:31 Lembro-me das garças flutuando sobre a neve que se derrete do Himalaia
28:39 dormindo sobra as caudas dos peixes-boi.
28:44 As canções das focas barbudas.
28:48 O relincho da zebra.
28:54 O estalido da areia.
28:57 As orelhas dos caracais.
29:01 O balanceio dos elefantes.
29:04 O salto das baleias.
29:07 E a silhueta de um elande.
29:12 Lembro-me dos dedos curvos do suricata.
29:18 Flutuando no Ganges.
29:26 Subindo pelos degraus do ******.
29:32 Lembro-me de caminhar pelos corredores de Hatshepsut
29:39 e das faces de muitas mulheres.
29:42 Mares sem fim e milhares de quilômetros de rios.
29:49 …lembro-me de pais e filhos… …do sabor…lembro-me…
30:08 …e de descascar o pêssego…
30:16 Mas não me lembro de ter partido alguma vez.
31:05 Lembre-se de seus sonhos.
31:09 Lembre-se de seus sonhos.
31:16 Lembre-se de seus sonhos.
32:01 Quanto mais observo os elefantes da savana,
32:04 mais escuto, e mais me abro.
32:09 Eles me lembram de quem sou.
32:12 Peço que os elefantes guardiães escutem meu desejo
32:16 de colaborar com todos os músicos da orquestra da natureza.
32:19 Quero ver através dos olhos dos elefantes.
32:24 Quero participar da dança que não tem passos.
32:29 Quero me converter na dança.
35:48 Não posso dizer se você está se aproximando ou se afastando.
35:56 Almejo a serenidade que encontrei quando olhava sua face.
36:02 Talvez se sua face pudesse ser devolvida a mim agora,
36:09 seria mais fácil recuperar a face que eu pareço ter perdido.
43:22 Pluma ao fogo, fogo ao sangue,
43:26 sangue ao osso, osso à medula,
43:28 medula às cinzas, cinzas à neve.
43:32 Pluma ao fogo, fogo ao sangue,
43:36 sangue ao osso, osso à medula,
43:38 medula às cinzas, cinzas à neve.
43:42 Pluma ao fogo, fogo ao sangue,
43:47 sangue ao osso, osso à medula,
43:51 medula às cinzas, cinzas à neve.
44:07 Pluma ao fogo, fogo ao sangue,
44:12 osso à medula, medula às cinzas,
44:23 Pluma ao fogo, fogo ao sangue,
44:28 osso à medula, medula às cinzas,
44:34 Pluma ao fogo, fogo ao sangue,
44:38 sangue ao osso, osso à medula,
44:42 medula às cinzas, cinzas à neve.
51:34 As baleias não cantam porque têm uma resposta.
51:41 Elas cantam porque têm uma canção.
60:52 O que importa não é o que está escrito na página.
60:56 O que importa é o que está escrito no coração.
61:09 Então queime as cartas e espalhe suas cinzas sobre a neve,
61:12 na margem do rio, quando chega a primavera
61:16 e a neve se derrete
61:18 e o rio se avoluma. Volte às margens do rio
61:23 e releia minhas cartas com os olhos fechados.
61:27 Deixe que as palavras e as imagens banhem seu corpo como ondas.
61:33 Releia as cartas, com sua mão aconchada sobre seu ouvido.
61:40 Escute as canções do paraíso,
61:44 Página, após página, após página.
61:50 Voe a caminho do pássaro.
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