Cominicação
Comunicação

Nelson Valente

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A palavra comunicação tem origem no latim communnis, comum, ou seja, quando uma pessoa procura comunicar-se com alguém, está tentando estabelecer uma comunidade com ele, uma sintonização entre ambos.

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Resumindo:

Comunicação é toda transmissão de informações. Toda vez que alguém dá alguma informação a alguém, está havendo comunicação.

A comunicação exige, pelo menos, três elementos:

Emissor (fonte ou comunicador) – que emite informação;

Mensagem – qualquer sinal cujo significado possa ser interpretado;

Receptor (destinatário ou perceptor) – pessoa que recebe a mensagem.

Logo, comunicação é um processo de dar e receber informações.

Para que uma mensagem possa ser recebida e interpretada corretamente, emissor e receptor devem conhecer o código utilizado.

No processo de comunicação, os papéis de emissor e receptor se alternam. Ora um é o emissor, ora é o receptor – de acordo com a mensagem e a resposta dada.

Esse mecanismo de retorno ou resposta da mensagem – que garante se houve compreensão – é indispensável à afetividade do processo de comunicação e recebe o nome de retroalimentação, embora a forma mais conhecida seja a expressão inglesa feedback.

Canal e ruído são outros elementos integrantes do processo de comunicação. Canal é o meio utilizado para a transmissão da mensagem e ruído ou bulcos é a denominação de qualquer interferência que prejudique a comunicação.

Observe o esquema a seguir:

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O processo de comunicação

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Uma pessoa comunica simultaneamente através de seus gestos, expressão facial, movimentos e postura corporal, tom de voz, e até mesmo pelo modo de se vestir.

Logo, comunicação é um processo verbal e não-verbal de fazer solicitações ao receptor.

A comunicação é uma atividade complexa. O receptor tem de avaliar todas as diferentes maneiras pelas quais o emissor transmite suas mensagens, e tem também que ter bom conhecimento a respeito de seu próprio sistema de recepção, isto é, seu próprio sistema de interpretação.

Exemplo:

Quando A fala, B avalia o significado verbal da mensagem de A

Ele também presta atenção ao tom de voz com que A fala.

Ele também observa o que A faz; ele observa a linguagem corporal e as expressões faciais que acompanham a mensagem de A

Ele também avalia o que A está dizendo dentro de um contexto social. O contexto pode ser o modo pelo qual B tenha visto as reações de A quanto a ele próprio e a outras pessoas no passado. Enfim, o receptor B concentra-se na avaliação tanto do conteúdo verbal quando do conteúdo não verbal da mensagem de A, visando estabelecer um julgamento sobre o que A queria dizer com sua comunicação.

 

No processo de comunicação, que simplificadamente podemos entender como a troca de uma mensagem entre um Emissor e um Receptor, os Signos (SIGNO – segundo Charles Sanders Peirce, é aquilo que representa alguma coisa para alguém, sob determinado prisma. A coisa representada denomina-a objeto) desempenham um papel fundamental. Sem Signos, não há mensagem, nada podemos pôr em comum. Os Signos são tão importantes que se pode (e costuma) definir, de forma essencial, a Semiótica como a “ciência dos signos”.

CHARLES SANDERS PEIRCE (1839-1914), pensador norte-americano, instituidor do pragmatismo como método de conhecimento, manteve relações intelectuais com todos os filósofos importantes de seu momento histórico – dentre eles: William James, Henry James, John Dewey, Gottlob Frege, Bertrand Russell.

Não realizou carreira universitária, e seus textos foram publicados esparsamente, reunidos pós-morte.

 

A posição pragmática (espécie de versão neopositivista mais avançada) consiste no método para a determinação de significados, concebidos como produtos factíveis.

O pragmatismo não se propõe, com Peirce, como filosofia. Seu estamento é de recurso para o pensamento filosófico, instrumento para o que-fazer filosofante.

 

Algumas constantes na metodologia peirceana.

Sua estrutura de raciocínio e demonstração apóia-se sempre em relações triádicas. Nisso, deriva direta sugestão da dialética hegeliana (tese, antítese, síntese).

Todo significado parte de uma hipótese, a que se segue uma operação – que vai até uma experimentação (ou mesmo um resultado).

O objeto é conhecido e diferenciado pelas consequências práticas que acarreta e pelos fatos em que resulta.

A concepção de um objeto equivale à concepção de como funciona ou do que pode realizar. Tal a proposição pragmática, da metodologia de C. S. Peirce.

 

Três são os elementos lógicos que permitem a decifração dos fenômenos, ou sua conceituação: PRIMEIRIDADE, SEGUNDIDADE e TERCEIRIDADE.
Esse sistema triádico identifica as categorias lógicas para C. S. Peirce.

 

PRIMEIRIDADE é uma qualidade sensitiva, ou sensação percebida (um orgasmo, um soluço, por exemplo). Resume-se na ideia daquilo que independe de algo mais. A primeiridade caracteriza os fenômenos singulares, idiossincráticos, excludentes. Os sentimentos ou as qualidades puras incluem-se na categoria das primeiridades.

 

SEGUNDIDADE é reação, resposta. Existindo um duplo termo, nas quais uma coisa acontece à outra. O nome de uma coisa ou fato é uma relação de duplo termo. Assim, a percepção sensível que permite conhecer os eventos ou sua mudança (troca de estado, troca de posição, referencial) – constitui-se na categoria lógica da segundidade.

 

TERCEIRIDADE é representação. A ideia que se faz de um terceiro, entre um segundo e um primeiro; uma ponte entre dois termos ou elementos. A terceiridade predomina na generalidade, na continuidade que permite, por exemplo, a elaboração de leis. Toda lei depende de um referencial (primeiro e segundo), de que ela é o terceiro. O signo, segundo Peirce, é a ideia mais simples da terceiridade.

 

SIGNO – segundo Charles Sanders Peirce, é aquilo que representa alguma coisa para alguém, sob determinado prisma. A coisa representada denomina-a objeto.

 

O primeiro signo denomina-se REPRESENTAMEN. Cria na mente da pessoa, o qual é direcionado como emissão, um signo equivalente a si próprio.

 

A flor que existe no mundo independe de minha vontade. A palavra flor (ou flower, ou fleur, ou fiore) é um signo gerado pelo primeiro signo que é a flor.

 

Esse outro signo, mais desenvolvido que o representamen, denomina-o Peirce interpretante.

 

Decorre nova relação triádica – signo / objeto / interpretante, como abaixo:

Comunicação
Elementos da comunicação

Entre signo-interpretante e interpretante-objeto, as relações são causais. Já entre signo e objeto não há relação de pertinência, porque arbitrária.

O signo não pertence ao objeto, o objeto não pertence ao signo.

Decorre que o interpretante passa a funcionar como a chave da relação (inexistente) signo e objeto.

As três entidades formam a relação triádica do signo.

Peirce configura a palavra signo numa acepção muito larga e elástica. Pode ser uma palavra, uma ação, um pensamento ou qualquer coisa que admita um interpretante, com o qual mantém uma relação de duplo termo.

 

A partir de um interpretante, e por causa dele, torna-se possível um signo.

 

Nem interpretante, nem signo, estão contidos na primeiridade ou na segundidade. Como categoria lógica, ambos incluem-se na terceiridade.

 

Peirce concebe os signos em três divisões amplas: ÍCONE, ÍNDICE e SÍMBOLO.

A partir da exemplificação abaixo, a indução dos conceitos.

Assim: a impressão digital na carteira de identidade (ÍCONE), a impressão digital do ladrão (ÍNDICE) ou a impressão digital, como símbolo de campanha a favor da alfabetização (SÍMBOLO).

 

ÍCONE é um signo que é uma imagem. Caracteriza-se por uma associação de semelhança, independe do objeto que lhe deu origem, quer se trata de coisa real ou inexistente.

 

ÍNDICE é um signo que é um indicador. Relaciona-se efetivamente com o objeto, por contigüidade. Aquilo que desperta a atenção num objeto, num fato, é seu índice. Permite, por via de consequência, a contiguidade entre duas experiências ou duas porções de uma mesma experiência.

 

SÍMBOLO é o signo que é uma abstração de um concreto. Refere-se ao objeto que denota em virtude de uma lei,e portanto, é arbitrário e convencionado. A possível conexão entre significado e significante não depende da presença (ou ausência) de alguma similitude. Enquanto o índice define contigüidade, o símbolo, não. Fundamental no signo que é um símbolo incide em seu caráter definitivamente convencional.

 

Essa é a divisão triádica dos signos, segundo Peirce.

O signo apresenta, ainda três sub-categorias básicas. A partir dessa nova proposição triádica, C. S. Peirce concebe que todo o signo, em si próprio, pode ser 1) mera qualidade; 2) existência concreta; ou 3) lei geral.

 

QUALI-SIGNO é todo signo que é uma qualidade. Como tal, semanticamente, um determinante. O azul é um determinante (qualidade) de cor.

 

SIN-SIGNO é todo o signo que é uma coisa existente, um acontecimento real. Em princípio, envolve vários quali-signos (ou permite vários determinantes). O vermelho é soma dos quali-signos de vermelho (que é uma cor, que é sinal de proibição, que é sinal de alerta, que é sinal de perigo). O vermelho é o signo de si próprio (sin-signo), somatório de todos os quali-signos de vermelho). Uma palavra, como tal é seu sin-signo.

 

LEGI-SIGNO é o signo que é uma lei. O vermelho como pare, na codificação visual das leis de trânsito, é um legi-signo. Contudo, inexiste legi-signo sem sin-signos prévios. O vermelho existe antes como sin-signo, antes de ser uma lei de trânsito.

 

A semiótica, cada vez mais, vem sendo utilizada no campo comunicacional como método de pesquisa nas mais diversas áreas, seja nos estudos das linguagens musical e gestual,da linguagem fotográfica, cinematográfica e pictórica, linguagem pedagógica, bem como pela linguagem poética, publicitária e jornalística.

Assim, fica cada vez mais evidente a necessidade de se compreender a relação do homem e a infinidade de signos existentes em nossa sociedade atual. A linguagem humana tem se multiplicado em várias formas e novas estruturas e novos meios de disseminação desta linguagem têm sido criado.

Para Peirce, “todo pensamento é um signo”, assim como o próprio homem. “Em qualquer momento, o homem é um pensamento, e como o pensamento é uma espécie de símbolo, a resposta geral à questão: Que é o homem? – é que ele é um símbolo” (idem). A semiótica, portanto, estuda os signos e como eles se relacionam.

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Nelson Valente é professor universitário, jornalista, escritor e inestimável amigo.

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1 thoughts on “Comunicação

  1. Rose says:

    Ótima matéria Nelson, a comunicação é fundamental para a oxigenação da vida, para o congraçamento da espécie, para o avanço da espiritualidade. Para o futuro e para o presente. Ou alguém imagina a vida sem comunicação ???
    abraço
    Rose*

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