Participei de um concurso de contos promovido pelo blog O Lado Negro da Mente Humana, e para minha surpresa fui contemplado com o segundo lugar com o conto O Messias, sendo que o terceiro lugar ficou o conto “Foi tudo por amor” da Luna e Em primeiro lugar ficou o conto “Sobre as vezes que me Matei” de H. Fábio.

O 1º Concurso de contos do Blog O Lado Negro da Mente Humana foi idealizado por Debby Lenon e teve a organização de Debby Lenon, Sandra Franzoso e Sidney Sampaio.

Deixei aqui trecho dos contos que foram premiados com o primeiro e terceiro lugares que podem ser lidos na íntegra no blog O Lado Negro da Mente Humana e a integra de meu conto:

Terceiro colocado:

Foi tudo por amor

Dandara desde muito criança se apaixonou. Um amor daqueles que arrebata a primeira vista.
Era seu primeiro amor. Mas Júlio porém, não correspondia. Para ele, Dandara era como uma irmã, por ela apenas conseguia sentir carinho e ternura.

Todos a volta da pequena Dandara com seus apenas nove anos de idade diziam que ia passar, que outros amores viriam. Mas os anos passavam e cada vez mais crescia nela o sentimento que carregava consigo. Se via Júlio passar, mesmo que ele nem a notasse, seu coração pulava no peito, suas mãos ficavam frias e seu coração quente.

Depois de alguns anos começou a crescer entre os dois uma amizade. Ela nunca havia chamado muito a atenção de Júlio, só que um dia, numa dessas oportunidades únicas que a vida oferece, Dandara estava conversando numa roda de amigos quando Júlio chega aflito. Ele conta que sua casa estava cheia de policiais na porta e não o deixavam entrar. Estava muito preocupado com sua mãe, que havia deixado em casa quando foi para o colégio e não sabia o que fazer.

O pai de Dandara era policial, então para aproveitar a oportunidade de ajudar o amado, correu para casa e voltou rápido com aquele que conseguiria saber o que se passava na casa de Júlio. Ao entrar o pai de Dandara se depara com uma cena de…

Leia a continuação em foi tudo por amor

Primeiro colocado:

Sobre as vezes que me Matei

 

– Estou em pânico.
– Eu falei enquanto encarava o pequenino espelho que trazia comigo. –
Tenho personalidades múltiplas e…
– Tudo bem, já chega.
– Ele fechou o jornal e falou no seu conhecido tom de seriedade.
– Sou seu psiquiatra há anos. Sei de suas personalidades, sei de seus traumas, sei que ama ser várias pessoas em um só corpo, sei que cada pessoa que vive aí nesta cabeça confusa só existe para ajudar você a superar um desafio, conheço você melhor do que conheço meus filhos, minha mulher e, por deus, conheço mais você do que a mim mesmo. Quem está aqui agora? Henry, o sábio; Lourenço, o honesto; Fabian, o galante; Enckel, o Impetuoso; Rique, o dissimulado ou Simone, o afeminado?
– O doutor dobrou o jornal, tentando conter a raiva. Eu quis responder à pergunta, mas ele me interrompeu.
– Quieto Lourenço. Eu reconheceria você até de boca fechada. Por tudo que é mais sagrado. Será que não compreendes que a solução para o seu caso é a mesma que recomendo há anos. Eu não contive as lágrimas.
– Não é mais assim doutor. Tudo mudou. –
Mudou?
– Em anos, aquela era a primeira vez demonstrava interesse. Falei com a voz trêmula.
– Existe um assassino, um ser mesquinho, que só consegue pensar em si próprio. Seu egoísmo é tanto que ele quis tomar a minha mente inteira para ele.
– Está dizendo que uma das suas personalidades está matando as outras?
– Estou dizendo que segui seu conselho, fui até o sítio para ficar sozinho e tentar descobrir quem de fato sou eu. E lá estávamos cinco de nós que dividimos o mesmo cérebro. Henry, o sábio, preferiu não nos acompanhar.
O senhor sabe como Henry detesta o contato com a natureza e…
– Prossiga.
– O doutor mantinha os olhos arregalados.
– Estávamos bem, quando Fabian descobriu que haviam duas garotas num chalé próximo. Lésbicas que…

Veja o restante do conto em sobre as vezes que me matei

O Segundo lugar:

O Messias

Era uma linda e próspera cidade do interior, onde a agricultura e a
pecuária traziam a riqueza da boa vida rural para todos os seus
moradores. Estes de boa índole, trabalhadores e de grande fé.
Uma boa notícia chegou a um casal de felizes moradores. Teriam em
breve um filho, o primeiro herdeiro, talvez até, o primeiro de muitos.
Criança linda e saudável, criada com o mais puro e sincero amor,
educada em colégio particular, administrado por uma instituição
religiosa, onde todos os dias uma professora vinha ensinar as glórias
de se ter uma vida cristã.
Cresceu entre muitos amigos e familiares, se tornando um rapaz querido
e respeitado.
Bonito, educado e de sorriso fácil ele logo se tornou uma referência
para todos aqueles que o conhecia.
Ótimo aluno, sempre tinha as melhores notas e não se negava a ensinar
seus colegas, quando estes sentiam dificuldade em alguma matéria.
Trabalhava com alegria nas terras dos pais e não faltava em nenhum
culto dominical.
Sua fama era tanta que até em cidades vizinhas se escutavam histórias
de sua conduta e do bom exemplo que era para todos.
Em meados de abril, aos 20 anos de idade, ele proclamou ter recebido a
revelação. Sim, Deus o havia contatado e lhe dado uma missão divina,
agora ele era o iluminado pastor das ovelhas, o discípulo vivo que
veio trazer a redenção e o caminho da vida eterna ao lado de Deus.
A notícia logo se espalhou rapidamente e vieram pessoas de todos os
cantos para ouvi-lo. Ele pregava as palavras da revelação em praça
pública, onde centenas de pessoas se aglomeravam para ouvir suas
palavras.
Ele virou uma referencia entre a fé e os anseios da população daquele lugar.
Lançou livros, criou regras, mudou hábitos. As pessoas lhe procuravam
para ouvir seus conselhos e pedir bênçãos.
Ele atendia a todas aquelas pessoas, que formavam imensas filas ao
redor de sua casa.
De tempos em tempos vinha uma nova revelação, em forma de profecia,
que ele lançava ao povo como parábolas. Todos se encantavam e a fé
crescia de forma arrebatadora.
O comercio da região cresceu e prosperou, houve uma farta expansão
imobiliária e o prefeito da cidade logo providenciou infra-estrutura
para que os visitantes fossem bem acolhidos.
A maior parte da produção local, que antes era vendida para outras
cidades, logo passou a abastecer o comercio local, onde nenhum deles
dava conta de atender o grande número de clientes diários.
Pensaram a principio na construção de um templo, mas logo alguém
alertou que, além do jovem Messias ficar mais alegre quando pregava ao
ar livre, o templo teria que ter proporções enormes, como os de uma
catedral, para conter todos os fieis que lhe procuravam e os custos,
deste tipo de construção, para eles naquele momento era inviável.
Decidiu-se então que, com a ajuda de todos, comprariam um belo sitio e
ali seria o local de pregação. Todos se reuniram, juntaram suas
economias, fizeram rifas, bingos, pediram doações.
Enfim conseguiram reunir o dinheiro necessário para comprar o sítio, o
melhor da região, bem amplo, bonito, de fácil localização e que o dono
fez questão de vender abaixo do valor de mercado, como que para também
colaborar com o grandioso projeto.
Todos se reuniram e em mutirão realizaram obras de melhoria, pintando
as cercas, plantando muitas flores, aparando a grama, melhorando a
iluminação para as reuniões noturnas e deixando dentro da casa vários
presentes para seu jovem ídolo.
Depois de tudo pronto, no dia dos pais, todos os moradores da cidade e
seus visitantes saíram em romaria, levando o jovem a conhecer seu novo
local de pregação, entoando por todo caminho, hinos alegres de louvor
e agradecimento.
Todos começaram a freqüentar o local que vivia sempre cheio de pessoas
das mais atentas e subservientes.
Em um belo dia de outono, todos ali presentes ouviram a mensagem que
finalmente os libertaria de todas as suas angustias e lhes
proporcionariam a paz eterna e a recompensa a tanto esperada.
O jovem rapaz anunciou a grande revelação divina:
“- Para Deus, toda riqueza do mundo não tem nenhum valor.
– Todo bem material que vocês juntaram durante suas vidas, apenas
serve para corromper seus corações e desagradar ao Pai.
– Aquele que ostenta riqueza não merece entrar no paraíso.
– A verdadeira vontade do Pai é que vocês, os filhos escolhidos para
ouvirem a revelação, vendam tudo o que tem e tragam o dinheiro para
cá, para que com as notas, façamos a fogueira sagrada.
– Meus irmão, a revelação final se dará aqui, em trinta dias, a contar de hoje.”
As pessoas que ali se encontravam saíram sem questionar e começaram a
vender tudo o que tinham, e no dia combinado, pegaram todo dinheiro
que tinham e levaram junto contigo ao sítio.
Após se apresentarem ao messias, cada um pegou seu pacote de dinheiro
e arrumando onde seria a grande pira sagrada.
“- Antes de acender o fogo – disse o messias – daremos graças a nosso
Deus e tomaremos o néctar sagrado, que preparei segundo as orientações
do Pai”.
E assim como recomendado, todos ali presentes tomaram daquela porção.
Aos poucos todas aquelas pessoas foram perdendo suas forças, caindo ao
chão e em alguns minutos nenhuma delas estava respirando, pois todas
foram envenenadas.
Ao ter certeza de que todos ali haviam morrido, o jovem pegou todo
aquele dinheiro que estava empilhado, jogou em seu carro, mudou-se
dali e nunca mais se ouviu falar dele.

Parabéns ao pessoal do blog O Lado Negro da Mente Humana por conduzir de forma profissional este concurso e obrigado pela oportunidade que me deram de participar dele.

6 thoughts on “Concurso "O Lado Negro da Mente Humana"

  1. Rose says:

    Boa essa, rs.
    Mesmo assim parabéns !
    Acredito que de tanto levar choque elétrico vc se tornou bastante inteligênte, rs

  2. Giba says:

    Quando escrevi este conto eu trabalhava como eletricista de manutenção, hoje sou técnico de sistemas de tv.
    Ou seja, sou especialista em levar choques elétricos.

  3. Rose says:

    Valei seu 2º, p/ mim seria o 1º, bem escrito seu conto, parabéns.
    Vejo que vc gosta de escrever, é formado em jornalismo ?
    abraço

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