Cumpra-se o Escopo
Cumpra-se o Escopo

Davambe
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Três corujas apareceram do buraco em Tambarinha próximo a Baú da Lua e todos exclamaram.
– Nossa!
– São filhotes, disse o Leão.
– Do mal – Completou a Gazela desconfiada.
Enquanto isso o soberano elefante Cinzano nada podia fazer, naquele momento escutava quieto a zombaria. Na bem da verdade também guardava mágoa sobre aquela espécie de ave. Quando todos se afastaram, não hesitou em encher a tromba de água e disparar contra as três corujinhas, que foram arremessadas pela força da água para bem longe. Duas morreram instantaneamente e uma escapou e passou a sobreviver entre os demais, guardando em seu pequeno coração raiva do elefante. Sempre que visse o monstro se escondia no meio dos demais bichos. Já na idade adulta tentou se vingar, sem sucesso, foi uma tentativa fracassada. Não teve jeito passou a viver entre as alturas devido à perseguição.
Mas como a natureza tem o costume de recompensar de um jeito ou de outro, o elefante precisava da habilidade da coruja para vigiar a lavoura. Para isso o Leão como chefe soberano, contratou a coruja.
– Cuide para que o rato não coma o milho – ordenou o Leão.
– Pois não, farei isso com muito prazer – garantiu a coruja.
Alguns diziam que o prazer da coruja no cuidar do milho se devia ao fato de alimentar-se de ratos, também.  E, conforme combinado, todos os ratos foram exterminados pela ave, nenhum sobrou, mas outro bicho começou a ameaçar a lavoura, era um lagarto verde que apreciava o milho verde, a massa rouca.  Imediatamente o Leão chamou a coruja para conversar.
– Você não está a fazer o trabalho, há bicho comendo o milho – acusou o rei.
– Tenho feito a minha parte, acabei com todos os ratos – Tentou se defender a coruja. Isso ela sabia fazer, era boa de persuasão, seu discurso era convincente mesmo sem razão. Não havia ninguém tão bom de retórica em Tambarinha, como aquela coruja.
– Eu descobri quem está comendo o milho.
– Sério? Quem é?
– O lagarto.
– Caramba!  Por que não o matou? – Perguntou o Leão irritado.
– Esperai. Não combinamos isso.
A coruja encontrava naqueles pequenos e devastadores problemas uma solução para se vingar do elefante pela morte dos seus irmãozinhos e maus tratos de outrora. Olhava o escopo e cumpria rigorosamente o que estava lá e nada fazia, além disso.  Em pouco tempo os lagartos se multiplicaram e devoraram a lavoura do elefante Cinzano, que desesperado procurou pela coruja para novo tratado, mas a coruja ainda temia aquele líquido branco que saia da tromba do elefante sempre que estava nervoso. Tratou de ficar em uma árvore bem longe.
– Desce aqui, vamos conversar; não vou te machucar – implorou.
– Não está no escopo – Dizia nas alturas, sem preocupação.
A ave já era esperta o suficiente para voar bem longe a torcer pela desgraça do elefante. O Leão como um facilitador estabeleceu nó górdio e um novo escopo foi celebrado.

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Davambe é consultor de TI, mais de 25 anos de experiência em TI, Professor, Escritor, Autor dos romances: O Segredo da Felismina, Tanto Lá Quanto Cá e a Sereia de Tupa.

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