Lino Tavares
Quando um gol é anulado em situação de impedimento, não se discute a legitimidade da anulação, alegando exagero por parte do juiz, pelo fato de o jogador impedido estar posicionado apenas alguns centímetros à frente da linha de zagueiros. Quando ocorre erro processual, ainda que numa simples multa por infração de trânsito, por menor que seja esse equívoco, o trâmite do processo é interrompido, podendo até ser tornado nulo de pleno direito.
À luz de realidades como essas, fica muito difícil entender por que motivo toda a sociedade ficou calada, notadamente os partidos da oposição, diante do fato de a Justiça Eleitoral ter reconhecido abusos cometidos pela candidatura Dilma Roussfeff a presidente da República, apoiada pelo então presidente Lula, posto que puniu a ambos, sem ter cogitado sobre a hipótese de anulação da referida candidatura, por descumprimento da Lei Eleitoral.
Ora, nem é preciso ser analista político, para perceber que milhões de votos sufragados em favor da candidatura Dilma devem ter sido conquistados por conta dessa prática ilegal da campanha, punida tão somente com multas irrisórias, considerando a situação financeira dos punidos e do partido que respaldava a candidatura, municiado pelas doações inconfessáveis, que a lei eleitoral chama de caixa dois e os beneficiários da ilegalidade classificam como verbas de campanha não contabilizadas, ou coisa que o valha.
Alguém pode até considerar um absurdo colocar “em xeque” a legitimidade da eleição presidencial que guindou Dilma Rousseff à mais alta magistratura da nação. Mas, com toda a certeza, os que assim pensarem jamais devem ter considerado absurdas as cassações de prefeitos de municípios pouco influentes, ocorridas de forma freqüente, vítimas de enquadramento em deslizes de campanha, como o abuso do poder econômico e outros. Diante disso, fica no ar a seguinte pergunta: afinal, os rigores da Lei Eleitoral não deveriam ser aplicados de forma igualitária em todos os níveis do poder ?
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Lino Tavares é jornalista diplomado, colunista na mídia gaúcha e catarinense, integrante da equipe de comentaristas do Portal Terceiro Tempo da Rede Bandeirantes de Televisão, além de poeta , compositor e um grande amigo.
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