Nos tempos de colégio a gente estudava as constelações como algo tão longínquo.. distante.
Apenas sabíamos que elas existiam,que eram belas essas constelações e sentíamos que faziam parte unicamente de estudos. Não tinham vida, sequer interferiam no nosso dia-a-dia.
Com o passar dos anos a ciência e a maturidade nos mostrou que aqueles pontos luminosos eram reais, se percebendo com isso que o tempo arrancou de nós a longitude e o que era apenas estudo se tornou presença de fácil visibilidade.
Assim que hoje me noto envelhecendo como outras tantas pessoas que se enquadram nessa faixa etária ou à maior.
Descubro que estou com uma bagagem gigante de “coisas feitas”.
Meus cabelos, minha pele, o caminhar (antes tão leve)hoje ampara um certo peso que não se identifica apenas na balança…
Consigo perceber que o físico mudou, o lado emotivo da minha existência amadureceu e,sem muito gosto, tomo conhecimento de que agora já não estudo mais. Colho os frutos.
Assisti, nesse momento em que todo final do ano nos traz reflexões, um filme no cinema (domingo) tratando desse tema: reconhecer que se está envelhecendo (Late Bloomers – o amor não tem fim).
Com riqueza de interpretação o casal se debate com uma nova fase: das limitações.
E, naquele filme, percebi quantos de nós – acima dos cinquenta, sessenta anos – estamos vivenciando esse estranho mundo de liberdade, filhos criados, amores sólidos ou de solitárias experiências com rotinas pré-determinadas.
Agora me percebo envelhecendo e isso mexe comigo, porque antes considerava a chegada da idade madura como uma constelação: longeeee, incerta, inacessível mesmo crendo que era real.
E eu te percebo…
De certa maneira é muito bom pintar os cabelos, abraçar mais forte e sem a mínima vergonha quem se ama, dizer com mais frequência – sem timidez – que estamos apaixonados aos 60, 70 anos…
Em contrapartida há que se buscar ajuda, seja em conversas, pela leitura ou medicina, nessa fase para entender o porquê dessa pintura…
Como habitar a velhice sem melancolia, sem o desapontamento do tempo se ir na corrida das horas…
Creio que os professores de Física daquela época deveriam ter nos dito:
– Olha, meu aluninho… Aquela constelação lá longeeeee um dia sairá dos livros e virá se apresentar a ti e terás que reconhecê-la, meu menino!
Mas e agora?
O que farei com esses luminosos que surgiram no espelho de minha alma, mostrando como estou, quão diferente fiquei?
Ah! querido professor! Por que já não me preparastes para verdade?
E eu te percebo…
– Ok… Sejas bem vindo, mas me dês um tempinho para acostumar contigo, pode ser?
– Sem problemas…Eu te compreendo.
– Muito obrigada.
Maria Marçal é idealizadora e administradora do blog Maturidade
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