Lino Tavares
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Mais um expoente da qualificada música brasileira de todos os tempos despede-se de seus fãs, com a partida para o outro plano do cantor e compositor Pery Ribeiro, aos 74 anos, ocorrida na manhã de 24/02/2012, no Rio de Janeiro. O astro deixa como legado obras inesquecíveis, que embalaram os sonhos de gerações, principalmente nas décadas de 1960 e 1970, quando o mundo ‘surfava’ numa era de grandes sucessos, tanto no plano artístico quanto nos meios políticos e culturais, época em que experimentamos no Brasil o desenvolvimento sustentável do “Milagre Brasileiro”e o auge de movimentos musicais como a Bossa Nova, o Tropicalismo, a Jovem Guarda e outras expressões artísticas da MPB.
Pery carregava consigo o privilégio de ter sido o primeiro cantor a gravar “Garota de Ipanema”, de Tom e Vinícius, obra prima que se tornaria nosso maior sucesso internacional, fazendo da Bossa Nova uma espécie de “cartão postal” do Brasil no exterior. Embora sendo filho de Herivelto Martins e Dalva de Oliveira – expressões artísticas da MPB que dispensam comentários – Pery Ribeiro não dependeu da fama dos pais para chegar onde chegou, posto que possuía “luz própria” e tinha consciência plena do seu talento, revelado já aos 3 anos de idade, quando participou da dublagem de produções da Walt Disney.
Muito pelo contrário, viveu uma infância e uma adolescência em que a circunstância de ser filho de pais famosos, de certo modo, mais atrapalhou do que ajudou no seu crescimento como cidadão e artista, haja vista a vida conturbada do casal Herivelto e Dalva, que suscitava maus exemplos de convivência nos quais jamais se espelhou. Num dos raros relacionamentos artísticos que manteve no seio familiar, teve a música de sua autoria “Não devo insistir” gravada pela mãe Dalva de Oliveira, em 1960.
Mas seu primeiro sucesso veio no ano seguinte, quando gravou “Manhã de Carnaval” e “Samba de Orfeu”.Em 1965, brilhou ao lado de Leny Andrade do Grupo Bassa 3, com o show “Gemini V”. Depois disso, despontou no plano Internacional, fazendo uma temporada no México, em 1966, e cantando nos Estados Unidos, ao lado de Sérgio Mendes. De volta ao Brasil, no início da década de 1970, diversificou seu repertório, cantando músicas de Raul Seixas, Gonzaguinha e João Bosco. Em 1980, voltou ã Bossa Nova, mas sem o ‘glamour’ de antes, já que começávamos a viver a “era da mediocridade celebrizada”, quanto se tornar artista neste país passava a depender muito mais da capacidade de pagar “jabá” do que do talento trazido do berço.
“Fez do limão uma limonada”, publicando em 2006 o livro “Minhas duas Estrelas: uma vida com meus pais”, escrito em parceria com Ana Duarte, narrando as agruras da difícil convivência entre seus genitores, que serviu de base para a produção da minissérie “Dalva e Herivelto: uma Canção de Amor”, de Maria Adelaide Amaral, veiculada na Rede Globo em 2010.
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Lino Tavares é jornalista diplomado, colunista na mídia gaúcha e catarinense, integrante da equipe de comentaristas do Portal Terceiro Tempo da Rede Bandeirantes de Televisão, além de poeta e compositor
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