Gestão V ou B
Gestão V ou B

Davambe

Um Veado-Vermelho assumiu a liderança.  Ele era de certa forma, temido por todos e vivia a ruminar que seus liderados só executavam atividades na sua presença.

– Bando de preguiçosos – dizia sempre aos mais íntimos.

Achava que todos precisavam trabalhar, sem que ninguém os lembrasse de suas responsabilidades, afinal, todos eram adultos, se lamentava.  Volta e meia ameaçava demitir quem não cumprisse com sua obrigação.

– Experimente que vai ver só, demito-lho agora, – gritava para os outros ouvirem. Um cachorrinho colocava o rabo entre as pernas acuado a latir, sempre que ouvia o ralhar do Veado-Vermelho.

– Comigo é assim: Tem que trabalhar, nada de enrolação.

Coçava a orelha e levantava para berrar. Nunca havia sido visto a almoçar com quem quer que fosse, até que num dia, em uma festa conheceu um Veado-Bárbaro. Estranhamente se tornara amigos.

– Venha, que vou te apresentar aos meus amigos – disse o Veado-Bárbaro.

O Veado-Vermelho sem hesitar caminhava na companhia do novo conhecido para a lavoura dos amigos. Assim que chegou foi recebido com honrarias por todos.

O Veado-Bárbaro tratava seus liderados com carinho, achava que para uma boa produtividade eram absolutamente necessário carícias, uma forma de incentivar o grupo a se comprometer com suas atividades.

– Quero falar-lhe em particular – confidenciou o Veado-Vermelho.

– Pois não – os dois se afastaram.

– Você passa mão nesses gajos, é assim mesmo?

– Sim claro.

– Gajo, com esse tom de voz, quase ninguém escutava você.

– Oh, é necessário, a voz baixa acaricia a alma. O contrário disso espanta os bons fluídos e transtorna.

– Ah, ah, para com isso. Que história é essa de acariciar os gajos.

O Veado-Vermelho estava impressionado como aquele grupo era tão unido e que parecia não precisar de um “chefe” para pegar firme em suas atividades.

– Você hipnotizou esses gajos, diga lá, pá.

– De jeit…

– Olha estudei no norte, lá é assim, nada de carícia, o modelo de gestão é totalmente diferente, tem de gritar, mostrar que pode. Em um galinheiro só pode haver um galo.

– Ah, bom, isso lá antigamente era assim, quando não tínhamos identidade copiávamos modelos dos outros. Nós já temos nosso modelo.

O Veado-Bárbaro, explicou como idealizou o modelo carícia, que não teve muitas dificuldades para implementar, haja vista a natureza mansa de sua espécie.

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Davambe é consultor de TI, mais de 25 anos de experiência em TI, Professor, Escritor, Autor dos romances: O Segredo da Felismina, Tanto Lá Quanto Cá e a Sereia de Tupa.

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