Nelson Valente
Morreu, neste início de século e de milênio, a educadora Branca Alves de Lima, aos 90 anos, deixando órfãos aqueles que acreditam que a alfabetização com cartilhas não só funciona muito bem como é mais simples do que essa “moda” atual do construtivismo.
A vida de Branca Alves de Lima, autora da cartilha ‘Caminho Suave’, é a síntese de um dos principais males – se não do principal mal – da Educação brasileira: o enorme desrespeito dos gestores e das políticas públicas educacionais em relação aos professores e professoras, aos estudantes e suas famílias.
O sucesso da cartilha ‘Caminho Suave’. ‘Eles (o governo, o MEC e o Guia do Livro Didático, o Conselho Nacional de Educação, as secretarias de Educação etc.) estão projetando, quase decretando, que os alunos não usem mais cartilhas.
Veja hoje o caso dos ciclos. Professores e professoras que há décadas têm na reprovação seu principal recurso de disciplina foram, de uma hora para outra, proibidos de usá-la. Mesmo com a proibição e à margem do Currículo Escolar, avós, pais, parentes, amigos e professores, indicam a cartilha ‘Caminho Suave’, na alfabetização de seus entes queridos.
Branca Alves de Lima concebeu, em meados do século passado, a cartilha ‘Caminho Suave’, que vendeu cerca de 40 milhões de exemplares desde então. Mais de 48milhões dos brasileiros adultos de hoje foram alfabetizados por ela.
Finalizo aqui com um poema de sua autoria, denominado “Casa Pequenina” e extraído da cartilha “Caminho Suave”, método analítico, e a poesia de autoria de Vicente de Carvalho “A flor e a fonte” elaborada para crianças que hoje cursam a segunda série do ensino fundamental:
.
Uma casa na colina,
Pequenina Amarela,
Um quartinho, uma cozinha
E gerânios na janela.
.
Ciscando lá no terreiro
Um galo, um peru e um pato
E o céu azul espelhado
Na água mansa do regato.
.
Muito verde em toda a volta,
Trepadeiras na cancela,
Uma mãe e uma criança
Completando a aquarela.
(*) A Flor e a Fonte
“Deixa-me, fonte!” Dizia
A flor, tonta de terror.
E a fonte, sonora e fria,
Cantava, levando a flor.
“Deixa-me, deixa-me, fonte!”
Dizia a flor a chorar:
“Eu fui nascida no monte…
“Não me leves para o mar”.
E a fonte, rápida e fria,
Com um sussurro zombador,
Por sobre a areia corria,
Corria levando a flor.
“Ai, balanços do meu galho,
“Balanços do berço meu;
“Ai, claras gotas de orvalho
“Caídas do azul do céu!…
Chorava a flor, e gemia,
Branca, branca de terror,
E a fonte, sonora e fria
Rolava levando a flor.
“Adeus, sombra das ramadas,
“Cantigas do rouxinol;
“Ai, festa das madrugadas,
“Doçuras do pôr do sol;
“Carícia das brisas leves
“Que abrem rasgões de luar…
“Fonte, fonte, não me leves,
“Não me leves para o mar!…”
As correntezas da vida
E os restos do meu amor
Resvalam numa descida
Como a da fonte e da flor…
(*) autoria de Vicente de Carvalho – Cartilha “Caminho Suave” , de 1957.
Boa tarde a todos !
Sou o Valdir mencionado pela Helena no comentário acima (25.03.16) e realmente trabalhei na Editora “Caminho Suave”, de dona Branca, de 80 à 86. Ela merece todas as homenagens que fizerem a ela, tanto pela educadora quanto pela pessoa que foi. Guardo com saudades, nossas longas conversas de todas as tardes. Aprendi muito, com ela. Até ganhei um exemplar da Cartilha da 72° Edição no ano de 1972, pena que ela não fez uma dedicatória… Também não me lembrei de pedir, infelizmente.
Grande dona Branca !!!
Também estudei com essa Cartilha!
Gostaria que publicassem mais sobre a Vida dessa ilustre Professora. Não encontrei nada sobre a vida pessoal dela.
Queria muito saber sobre ela. Grande abraço!
Sônia, vou seguir sua sugestão e vou deixar agendado para escrever mais sobre ela.
Obrigado!
Quanto prazer eu sinto em pesquisar e encontrar pessoas como Nelson Valente (valente mesmo)que com maestria soube enobrecer e enaltecer nossa ilustríssima educadora Branca Alves de Lima. Abriliantando ainda mais o assunto, deixa-nos duas poesias que nos remetem ao tempo em que a simplicidade era algo sublime( e ainda o é para quem sabe o valor da existência).
Ai que saudade de uma época que tudo eram flores: a época de infância!A cartilha caminho suave,fez parte da minha infância.Eu fui imensamente feliz!
Fabiana, nós fomos imensamente felizes nesta época.
Meu Deus! Eu aprendi a ler com esta Cartilha. O poema eu decorei e recitei numa aula. Meu MUUUITO OBRIGADO A PROFESSORA BRANCA ALVES LIMA, como tá fazendo falta. Ah, vou procurar esta Cartilha e queira Deus vou alfabetizar minha neta por ela. Obrigado, mesmo!
Sou extremamente honrado e orgulhoso de aprendido a ler(ler de verdade) com a caminho suave.Professora Branca Alves de Lima,eterna saudade.Muitos dos atuais modernos educadores que me nego a repetir-lhes os nomes,tamanha a vergonha que sinto em saber,ainda vão morrer de inveja da senhora.muitas saudades e muito orgulho pelo seu exemplo.
tinha meu exemplar , se perdeu , livro espetacular
Essa Educadora com E maiúsculo, os hipócritas, e talvez invejosos deveriam reverenciar essa que ao meu ver foi uma das maiores, senão a maior educadora que esse país conheceu, eu tive a felicidade de aprender com a Caminho Suave.
Por tudo isso o mínimo que posso dizer in memoriam:
Profª Branca Alves Lima, meu muito obrigado
Olá Valdir, meu nome é Helena e estou com minha mãe Ade (do Butantã) que está procurando um amigo chamado Valdir que trabalhou na Ed. Caminho Suave (nos anos 80). Seria você esse Vadir ou se não conhece alguém por esse nome que trabalhou lá? Meu e-mail é missrosas@live.com espero que responda em breve. Obrigada.
Boa tarde a todos !
Sou o Valdir mencionado pela Helena no comentário acima (25.03.16) e realmente trabalhei na Editora “Caminho Suave”, de dona Branca, de 80 à 86. Ela merece todas as homenagens que fizerem a ela, tanto pela educadora quanto pela pessoa que foi. Guardo com saudades, nossas longas conversas de todas as tardes. Aprendi muito, com ela. Até ganhei um exemplar da Cartilha da 72° Edição no ano de 1972, pena que ela não fez uma dedicatória… Também não me lembrei de pedir, infelizmente.
Grande dona Branca !!!
Valdir, por favor, entre em contato comigo! Gostaria muito de saber mais sobre essa excelência Dona Branca .
marcela.serpeloni@gmail.com
Muito obrigada!
Me senti um herói ao voltar a um passado cercado de grandes desafios, mas hoje carrego comigo o orgulho de ser vitorioso naquilo que conquistei com muito esforço e ainda tenho a buscar, no entanto vejo crianças e jovens que buscam seus objetivos mas tambem há quem se perca no caminho, educar é preciso sempre ouvimos dizer isso, buscar novas alternativas também a vida continua e sempre na tentativa de melhorar tudo que se pode em todas as areas. Bem, o voltar ao passado me faz parar e dizer sempre: ” Como um mestre da Educação” ficou tão esquecida como a nossa heroína BRANCA ALVES DE LIMA, ao ler algumas coisas ao seu respeito porque é muito pouco o que sabemos dela lamentavelmente, posso dizer que jamais os mestres que hoje temos cheios de orgulho poderiam ter esquecido esse mito que nos deixou uma grande lição de vencer desafios e obstaculos quando os mais ilustres nao se acharam capaz, quero dizer que a nossa grande educadora BRANCA, não morreu mas esta viva nas grandes liçoes que deixou, e na memoria de mais de 40 milhoes de brasileiros que tiveram o previlégio de ter nas maos, de estudar, e de ler o grande dicionário que era e é ainda a CARTILHA CAMINHO SUAVE. Quero dizer que fui um menino muito pobre mas iniciei nas paginas desse grande livro e entendi que a educação seria o que mais todos deveriam buscar, fiquei muito feliz em saber que alguns doutores da educação se preocupam em trazer para nos algo onde a Obra ficou mais conhecida que o seu autor ou seja a educadora BRANCA E A CARTILHA CAMINHO SUAVE, as duas no horizonte da vida traçaram os destinos de grandes homens que tem muito a dizer ainda. Apesar de nao ter conhecido como a maioria a grande educadora, creio que fuiz feliz na minha colocação quando no inicio disse que voltei ao passado, ao me lembrar da CAMINHO SUAVE, a figura de duas crianças indo a escola, os textos como do Vovo, do Joaquim, do vestido novo da Didi, o M do macaco, o F da faca, o V da vaca enfim sao tanta coisa boa que em 35 anos o tempo nao apagou muito obrigado Branca saudades da Caminho Suave, mas como tudo passa elas se foram mas o tempo nunca apagara a nostalgia que temos em nós. Quero deixar um recado para os criticos que dizem que isso é coisa ultrapassada, ao invés de criticar faça melhor seja melhor naquilo que voce faz, nao tente apagar o que voce nao criou pois a inveja é a falta de capacidade, se voce critica porque voce nao faz mais do que o que foi feito, nao fique dando uma de raposa, pois a seu tempo pode perder o seu focinho, cuide de voce e se acha que isso é coisa que nao serve pra voce nao desvalorize pois quem assim faz nao merece nem falar nesse assunto isso é pra pessoas com índole de cidadão, nao pra quem nao tem capacidade de aporesentar uma soluçao, pois hoje temos uma situação muito vergonhosa em nossa educação, e isso é semente maléfica de quem critica como voce, cale sua boca e seja uma pessoa de bem. Ainda faço uma coisa com muito orgulho hoje, quando visito meus pais em CIDADE GAUCHA norte de Paraná, seu Miguel Lourenço e Dona Eva Mendes da Silva, tenho a alegria de visitar minha primeira professora Dona Nice, tenho saudades da prof. Carminha, prof Elia, prof Daecy, com seus uniformes rosa, também da dona Laura nossa zeladora da epoca dos amigos que mtos deles sao grandes profissionais hoje e como nao posso deixar de falar do segundo lar “GRUPO ESCOLAR DOM BOSCO”, onde nas maos desses mestres tive meu contato como grande Livro ” CARTILHA CAMINHO SUAVE” Parabéns mestres, Parabéns Branca Alves, a voces dessa coluna pela oportunidade de escrever, e aos criticos que falem menos e façam mais senão o trabalho de voces é um nada para a sociedade e lembrem deixem de criticar a Educação pede Socorro!!!
Ass “Devalcir…”
Ai que saudade me deu!!! Ainda me lembro desse poema de Vicente de Carvalho onde a gravura era um hibisco vermelho na corredeira da fonte! Acho que eu fazia 3ª ou 4ª série! Pena que os governantes pensam que serão eternos e que seus filhos e netos terão o método de qualidade de ensino que ele/nós tiveram/mos! Ledo engano. Pois também as escolas particulares aderiram ao construtivismo que, penso eu, dificulta o aprendizado.
Eu até pouco tempo tinha o meu exemplar, meu filho, aqui em casa, teve a sorte de conhecer esse método didático.