Lino Tavares
Que Gabeira é inteligente, disso ninguém duvida. Mas não tem como não perceber que é um sujeito contraditório. Ao mesmo tempo em que confessa que, no tempo do Regime Militar, seus compras estavam tramando para implantar o comunismo no Brasil (a mais cruel das ditaduras), afirma neste texto que os Militares tinham desprezo pela democracia, como o PT. Ora, se assim fosse, os militares não teriam tomado o poder em 1964, para combater nada menos do que essa ditadura do proletariado, pela qual ele – Fernando Gabeira – lutava junto com os companheiros da época.
Queixa-se de que foi alvo de torturas (algo que todos os antigos traidores pátrios que passaram pelo xilindró dizem) , mas não agradece o fato de ter se livrado de uma condenação pelo sequestro do embaixador americano, graças a anistia que os militares concederam. Ele queria o quê ? Praticar crimes e ser tratado no presídio a pão de ló e cervejinha gelada, com direito a frigobar na cela?
Não basta fazer oposição ao PT, para se redimir dos erros do passado como traidor pátrio. É preciso romper com esse passado, como tantos fazem e hoje, dizendo-se arrependidos de terem trilhado o caminho da esquerda ditatorial. Portanto, gente como Gabeira e a turma do PSol, para mim, não passam de dissidentes das mesmas ações nefastas da extrema esquerda, que, não tendo conseguido compartilhar das benesse do poder, hoje ocupado por antigos companheiros da guerrilha fracassada, contra eles se revoltam, porém cultivando os ranços esquerdistas do passado e dizendo-se injustiçados por terem sido combatidos na sua sanha delinquente a serviço dos interesses da Cortina de Ferro.