A influenciadora Jessi Alves fala como o conhecimento ancestral africano influenciou descobertas científicas na preservação de ecossistemas
Jessi Alves afirma que o Mês da Consciência Negra é uma oportunidade para refletir sobre as contribuições dos povos africanos e da diáspora para as ciências, particularmente a biologia e a preservação ambiental.
O continente africano, mundialmente reconhecido por sua diversidade biológica, é o lar de uma vasta gama de espécies e ecossistemas. Ao longo dos séculos, as comunidades africanas desenvolveram um profundo entendimento sobre o uso sustentável de sua biodiversidade, o que tem sido fundamental para muitas descobertas científicas.
O conhecimento tradicional africano, transmitido por gerações, tem influenciado áreas como a medicina natural, onde plantas e ervas nativas são utilizadas para tratar doenças, muitas vezes antes mesmo de serem reconhecidas pela ciência ocidental. Esse saber ancestral não apenas impulsionou novas curas e tratamentos, mas também serviu como um modelo de sustentabilidade e respeito aos recursos naturais.
Cientistas negros e afrodescendentes, apesar dos obstáculos impostos pelo racismo estrutural, têm dado contribuições valiosas à biologia e à ciência. Pesquisadores como George Washington Carver, que estudou o solo e a agricultura nos EUA, e Wangari Maathai, fundadora do Movimento Cinturão Verde no Quênia, são exemplos inspiradores de como o legado africano permanece vivo na ciência contemporânea.
“A África tem uma relação única com a natureza, e o conhecimento ancestral das comunidades africanas sobre a biodiversidade é inestimável. Durante muito tempo, esses saberes foram ignorados ou desvalorizados, mas hoje entendemos a importância de reconhecer o impacto que essa sabedoria teve no desenvolvimento da ciência, especialmente na medicina natural e na preservação dos ecossistemas”, conta.
Para enriquecer ainda mais esse cenário, os cientistas brasileiros negros contribuíram significativamente para a ciência, especialmente nas áreas de biologia e preservação ambiental.
Um deles é André Rebouças , um engenheiro e ambientalista do século XIX, que foi pioneiro em seus estudos sobre preservação ambiental e o uso consciente dos recursos naturais no Brasil.
Outro exemplo notável é Sônia Guimarães , a primeira mulher negra a se tornar física no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), que abriu portas para futuras gerações e luta pela equidade na ciência.
Além deles, Carlos Joly , professor e ecólogo, destaca-se em estudos sobre a biodiversidade brasileira, principalmente no bioma da Mata Atlântica, enquanto Élcio de Souza , especialista em conservação ambiental e políticas públicas, contribui com pesquisas fundamentais para o desenvolvimento sustentável e a inclusão social.
A valorização dessas tradições e das contribuições científicas afrodescendentes é crucial para a construção de uma ciência mais inclusiva e consciente da sua diversidade. Celebrar o Mês da Consciência Negra é também reconhecer o papel que a África e seus descendentes desempenharam no avanço científico global.