Justiça Pela Metade 3Lino Tavares

 

Desde que a farsa do socialismo soviético foi escancarada aos olhos do mundo, com o desmoronamento  da Cortina de Ferro, simbolizado na queda do “Muro da Vergonha”, em Berlim, houve-se  falar numa tal  Anistia Internacional, que se auto-intitula defensora dos Direitos Humanos e  investigadora de atos de tortura praticados por regimes totalitários da segunda metade do século 20.

Em nome dessa ação, que é decantada como busca da verdade sufocada pela tirania de ditadores, essa ONG internacional tem voltado seu foco, como maior ênfase,  para as ditaduras latino-americanas, implantadas com o apoio das  forças armadas,  nos anos conturbados da Guerra Fria, como forma de conter o expansionismo do Império comunista liderado por Moscou, que agia subversivamente nos países subdesenvolvidos, com o emprego de grupos de traidores pátrios, treinados e armados  às expensas do Movimento Comunista Internacional.

No decorrer dessa propalada “busca da verdade”, nunca se teve notícia de que  a Anistia Internacional tenha colocado seu aparato investigativo à cata de  informações acerca da possível ocorrência desses atentados aos Direitos Humanos  nos países que viveram ou ainda vivem sob o tacão implacável do regime ditatorial comunista. Nenhuma só viva alma dessa entidade internacional “justicialista” se dignou, algum dia, em questionar as barbáries praticadas contra os adversários políticos de regimes fechados e absolutistas, como os da antiga União Soviética, da China, de Cuba, da Coreia do Norte e outros, como a Líbia, hoje tentando se livrar da tirania do desaparecido Muammar Kadhafi.

Diante  dessa  estranha forma de ação,  nitidamente unilateral, que  só consegue supor a existência de crimes contra a humanidade em regimes avessos a seus similares de extrema esquerda, cumpre indagar – pelo menos por parte de quem não se conforma em passar atestado de imbecil –  se as milhares de vidas que se perderam em defesa da verdadeira democracia, da soberania e da liberdade dos povos do ocidente – não são consideradas humanas e não merecem também ter seus algozes desnudados aos olhos do mundo, para que nunca mais se repitam coisas abomináveis como o Muro de Berlim, o Massacre da Paz Celestial da China, o extermínio de adversários nos campos de concentração da Sibéria e os fuzilamentos  e prisões com tortura, por motivos  meramente políticos, da “Ilha-presídio” da família Castro ?

 

Lino Tavares é jornalista  diplomado, colunista na mídia gaúcha e     catarinense, integrante da equipe  de comentaristas do Portal   Terceiro   Tempo da Rede Bandeirantes de  Televisão, além de poeta e   compositor

5 thoughts on “Justiça Pela Metade

  1. Lino Tavares says:

    Rose, numericamente, você tem toda a razão: As investidas das tropas de Bush mataram mais gente do que os assassinatos de Fidel
    Casto, apelidados de execução. A diferença é que as mortes causadas pelas operarações do Exército Americano serviram também para acabar com ditaduras implacáveis, como a do Saddan Hussei, no Iraque, e a do Afeganistão, enquanto a matança de cubanos feita por Fidel, além de ser um genocídio contra os próprios compatriotas, serviram para fixar o Ditador no Poder, que passou de irmã para irmão, mantendo Cuba como uma dinastia, Nos Estados Unidos, Busch já está fora do poder e foi dado um exemplo de dignidade racial, elegendo-se um negro para presidente da República. Os meios podem se confundir, mas os fins são diametralmente opostos.

  2. Rose says:

    É Lino, não sei qual dos dois é pior :
    Bush ou Fidel ?
    Estima-se que cerca de 30 mil soldados americanos morreram na primeira guerra ,Isso sem contar os iraquianos e afegães. Tem estimativa de 150 mil a 1 milhão de mortos civis (essa última levando em conta causas indiretamente relacionadas à guerra). Isso tudo em um lapso temporal de menos de 10 anos.

    Pegando um dado do Olavão (fonte totalmente tendenciosa de direita): em 50 anos, foram 100 mil mortos em razão do regime cubana (leva em conta mortes indiretas também).

    Portanto, Bush é muito pior que Fidel.

    Sei que é impossível ver um dos dois ou os dois na cadeia, mas o próprio destino se encarrega disso.
    Obrigada pelo retorno sempre bem eleaborado, grande abraço
    Rose *

  3. Lino Tavares says:

    Atendo com prazer sua solicitação, querida Rose, até porque sua observação vem a calhar com o tema do meu comentário. Realmente, a Anistia Internacional é “rápida no gatilho”, quando se trata de pedir puniçao para quem – sem discutir o mérito de suas ações – se apôs aos interesses comunistas, de alguma forma. Nada haveria de anormal nessa intenção de levar Bush a prestar conta dos crimes porventura cometidos, se idêntico tratamento fosse dado a assassinos históricos da humanida, como Fidel Castro, que já saiu de Cuba, várias vezes, a passear pelo mundo, e nunca houve um pedido de que o prendessem, em um dos países visitados, para prestar conta dos fuzilamentos e torturas de sua “dinastia cubana”, a maioria deles praticados por razões meramente políticas. Alias, nem a China, nem Kadhafi, nem ditador algum, alinhado com a doutrina marxista, jamais foi sequer questionado por essa Anistia unilatreral, que só olha o lado da moeda que lhe interessa por razões doutrinárias. O que eu questiono não é a puniçao aos torturadores ditos de direita, mas a não extensão dessa iniciativa aos seus pares da extrema esquerda. Já ouvi dizer que a presidente, que se diz presidenta, Dilma Roussfeff, teria ordem de prisão contra ela nos Estados Unidos, por ter pertencido a um grupo de extrema esquerda que assassinou um capitão do exército americano no Brasil, no tempo do Regime Militar. Será que a Anistia Internacional teria a mesma disposição para pedir a prisão da presidente do Brasil, em vista àquele país ?

  4. Tiago Marquesi says:

    “Desde que a farsa do socialismo soviético foi escancarada aos olhos do mundo, (…) ‘ouve-se’ falar numa tal Anistia Internacional…”
    ;-)

  5. Rose says:

    Lino, você com certeza leu na veja a seguinte matéria :
    A Anistia Internacional (AI) pediu nesta quarta-feira que as autoridades canadenses prendam e processem o ex-presidente americano George W. Bush durante sua visita ao Canadá, prevista para 20 de outubro, acusando-o de vários crimes, entre eles, a tortura. A solicitação consta em um memorando enviado pela organização humanitária internacional às autoridades canadenses em 21 de setembro, informou a AI em comunicado.
    “O Canadá é obrigado, por seus acordos internacionais, a prender e processar o ex-presidente Bush por sua responsabilidade nos crimes contra o direito internacional, entre eles a tortura”, declarou Susan Lee, diretora da organização para a América. “Como as autoridades dos Estados Unidos não citaram, até agora, Bush diante da Justiça, a comunidade internacional deve intervir. Se o Canadá se abstiver de atuar durante sua visita, isso continuará sendo uma violação da Convenção das Nações Unidas contra a tortura e será uma manifestação de desrespeito aos direitos humanos”, completou.
    Gostaria do seu comentário sobre o assunto, abraço
    Rose*

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