A malha de satélites de telecomunicações orbitando em torno da Terra tende a se densificar consideravelmente a médio prazo, com o aumento previsto da participação européia nos lançamentos de vôos espaciais, tanto de carga quanto de navegação, exploração e pesquisa.
O lançamento de novos satélites empregando tecnologia de ponta contribuirá para melhorar a cobertura mundial de circuitos de voz e dados, mas um sério desafio está pela frente: o congestionamento da órbita terrestre, repleta de satélites ativos e detritos de missões antigas.
De 27 de maio a 1º de junho vai acontecer no aeroporto internacional de Schönefeld, em Brandenburgo, ao sul de Berlim, o evento ILA2008 – Internationale Luft- und Raumfahrtausstellung, no original em alemão (http://www.ila-berlin.com), uma exibição aeroespacial internacional com mais de 1.000 expositores vindos de 40 paises. No pavilhão espacial do evento, estarão presentes diversas empresas de pesquisa espacial, incluindo a ESA , agência espacial européia (http://www.esa.int), que apresentará os programas alemão e europeu de exploração astronáutica que, ao mesmo tempo que proporcionarão grandes e óbvios avanços tecnológicos, agravarão ainda mais a poluição orbitante.
Em 1964, o primeiro satélite de TV foi lançado numa órbita geoestacionária para transmitir os XVIII Jogos Olímpicos de Tóquio. Mais tarde, o número de lançamentos russos começou a cair, enquanto outros países estabeleceram seus programas espaciais. Com isso, o número de objetos em órbita terrestre vem aumentando sem parar, com uma média atual de 200 novos lançamentos por ano.
O lançamento do primeiro satélite artificial pela então União Soviética, em 1957, determinou o início da utilização do espaço pela ciência e por atividades comerciais. Durante a Guerra Fria, o espaço era território de contenda entre a URSS e os Estados Unidos, embate que atingiu seu clímax com a corrida espacial rumo à Lua, nos anos 60.
Cerca de 80% de todos os itens orbitantes catalogados ocupam a chamada órbita terrestre baixa (LEO = Low Earth Orbit), que se estende a 2.000 km acima da superfície do planeta e inclui cerca de 3.500 objetos maiores que 10 cm, alguns deles viajando a velocidades de até 28.000 km/h. Para poder observar a Terra, satélites artificiais precisam estar a tal “baixa” altitude. As outras órbitas, também classificadas segundo a altitude, são a órbita terrestre média (MEO = Medium Earth Orbit), entre 2.000 e 35.786 km de altitude, e a órbita terrestre alta (HEO = High Earth Orbit), mais elevada que a anterior.
O observatório da ESA no Monte Teide, na Ilha de Tenerife, arquipélago das Canárias, possui equipamentos especiais dedicados à busca, acompanhamento, identificação e catalogação desse aspecto menos glorioso da exploração espacial — o lixo cósmico. Estes aparatos podem detectar objetos tão pequenos quanto detritos de 10 cm e atuam em conjunto com poderosos radares, como o da instalação do FGAN (Forschungsgesellschaft für Angewandte Naturwissenschaften – http://www.fgan.de ), com sua antena de 34 m em Wachtberg, perto de Bonn, na Alemanha. Estima-se que mais de um milhão de itens artificiais maiores que 1 cm estejam à deriva em órbita terrestre.
Fonte: O Globo